MotoGP – Asas?

quinta-feira, 3 de março de 2016 às 17:35

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Colaboração: Carlos Alberto Goldani

A Honda aparenta estar convencida a buscar na aerodinâmica um modo de melhorar o desempenho das RC213V, no primeiro dia de testes no Qatar o equipamento utilizado pelo piloto Hiroshi Aoyama apareceu em uma RC213V com um par de pequenas asas na carenagem. A localização é muito semelhante a utilizada pela Yamaha e Ducati, na parte inferior do nariz, porém as asas ou “winglets” da Honda são menores e muito mais anguladas. Os resultados ainda não puderam ser avaliados e, por enquanto, a novidade não foi utilizada pelos pilotos oficiais da fábrica.

A novidade da Honda coincidiu com um desenvolvimento semelhante apresentado na Mahindra MGP03 nos testes da Moto3 em Jerez. A Ducati, precursora desta novidade, alterou as asas da Desmosedici GP16, o conjunto inferior desapareceu das máquinas de fábrica no Qatar, apenas o conjunto superior foi mantido.

Os testes da Honda com os “winglets” podem indicar que a MotoGP abriu uma caixa de Pandora que eventualmente vai resultar em uma escalada de custos sem precedentes. A aerodinâmica é uma área onde o maior investimento pode resultar em melhores resultados. Mais dinheiro compra mais tempo de computador, mais programadores e melhores recursos de modelagem computacional da dinâmica de fluidos. O exemplo da F1 indica que este caminho resulta em uma corrida armamentista, basicamente uma briga de “cachorro grande” onde quem dispõem de mais recursos leva vantagem e, neste particular, ninguém consegue competir com a Honda.

A MotoGP é uma competição de protótipos e é natural que as fábricas invistam em pesquisa e desenvolvimento para criar inovações que possam ser portadas para as motos industrializadas, entretanto nos últimos anos a Dorna tem adotado uma política claramente orientada para a redução de custos. Especificação congelada de motores, pacote eletrônico unificado e outras restrições de regulamento foram realizadas com o fim específico de permitir que equipes com orçamentos limitados possam participar do grid de largada da MotoGP em condições de competir pela vitória.

A lógica de quem investe em tecnologia não é tão simplista, as fábricas vão continuar a buscar inovações para aplicar em seus produtos independentemente de regulamentos técnicos. Sempre que as regras são alterados para evitar gastos em uma área particular, todo o dinheiro que libera é apenas investido em outro problema. Uma equipe satélite pode estar no MotoGP apenas para competir, as fábricas estão para desenvolver tecnologia.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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