MotoGP – A Honda RC213V de 2017

sexta-feira, 31 de março de 2017 às 17:53
Honda RC213V 2017

Honda RC213V 2017

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

A RC213V 2017 é uma evolução do modelo desenvolvido pela Honda Racing Corporation (HRC) para o mundial de MotoGP em 2012, quando uma mudança radical no regulamento da competição especificou exclusivamente motores quatro tempos, quatro cilindros, capacidade cúbica limitada em 1000 cc e o diâmetro de cada cilindro de, no máximo, 81 mm. O protótipo produzido pela Honda foi identificado como RC213V, RC é o prefixo adotado pela fábrica para modelos de competição, terceira versão do motor com cilindros em V (RC213V) produzida no século 21 (RC213V).

O projeto foi um sucesso desde o início, os pilotos oficiais da equipe, Casey Stoner e Dani Pedrosa, venceram 12 das 18 provas do ano, entretanto o título foi conquistado pela consistência de Jorge Lorenzo da Yamaha. A Honda voltou ao topo nos dois anos seguintes, o ápice do desempenho foi em 2014, quando a equipe (Márquez e Pedrosa) venceram 14 das dezoito provas disputadas.

Os organizadores da MotoGP identificaram que a enorme capacidade de investimentos das fábricas, em particular a Honda, eram um fator de desequilíbrio para as competições e adotaram diversas providências para baixar os custos, facilitar o acesso de mais equipamentos ao grid e tornar as provas mais disputadas. Uma destas medidas obrigou a utilização de um software padronizando desenvolvido pela Magneti-Marelli (Grupo Fiat, Itália), privando a Honda de seu mais eficiente recurso, o gerenciamento eletrônico que permitia controlar a brutal potência do motor.

A moto tem problemas de concepção para adequar-se ao atual regulamento, seu projeto original foi desenvolvido contando com a capacidade do software japonês para dosar de maneira adequada a potência gerada pelo V4 e com a resistência e aderência do pneu dianteiro produzido pela Bridgestone. Pela lógica dos projetistas, o equipamento teria condições de administrar a redução da velocidade em espaço menor antes de iniciar o contorno de uma curva e gerenciar melhor a retomada.

O modelo 2017 (ainda) não tem mudanças visuais de impacto na carenagem, que esconde os resultados do trabalho da fábrica japonesa na entressafra.

Assim como todos os outros fabricantes, a HRC lacrou antes do início da prova no Catar os motores, 35 ao todo, que devem ser utilizados pelos pilotos que participam da temporada com equipamentos Honda (Márquez, Pedrosa, Crutchlow, Miller e Rabat). Os V4 da temporada passada, com a sequência de disparo em intervalos regulares separados por 180° (característica dos motores “Screamer”), foram substituídos por unidades que aproximam os pontos de ignição (característica “Big Bang”). A Honda não divulgou como esta distribuição é realizada, informações vazadas indicam que dois pistões disparam juntos e o par restante em um momento ligeiramente diferente. Estas mudanças são direcionadas para aumentar o desempenho das motos em curvas e fornecer maior potência na retomada de aceleração.

O chassi de 2017 foi modificado para permitir a máxima estabilidade em curvas, montado em longarinas de alumínio (twin-spar) é extremamente leve e fornece a rigidez ideal e as características necessárias para conter e entregar a potência do motor para o pneu traseiro. O conjunto apresenta flexibilidade ideal, cuidadosamente projetada para melhorar a aderência do pneu.

A RC213V é equipada com uma atualização das suspensões Ohlins para ambas as rodas. A suspensão fornece a ligação essencial entre a roda e o chassi, sua função é manter o pneu em contato com o piso e produzir a aderência máxima compensando as rugosidades da pista. A calibragem da suspensão é vinculada às características de cada piloto e a Repsol Honda mantém um engenheiro da Ohlins dedicado a cada equipamento.

O sistema de escapamento da RC213V 2017 migrou para o SC-Project (Milão, Itália), abandonando a tecnologia Termignoni (Predosa, Itália) utilizada na temporada passada. O novo sistema tem visual semelhante ao anterior, mas é um pouco mais reto e mais angular, com um cano de escapamento bem mais longo. O novo arranjo foi desenvolvido considerando as características do motor “Big Bang”, como mais um detalhe para otimizar a potência.

Uma análise mais detalhada das características identificou em Losail que o sistema de freios é diferente para cada piloto da equipe oficial Honda. A RC213V #93 é equipada com um disco de freio traseiro ventilado, na #26 é sólido. Esta diferença já foi identificada em algumas provas na temporada passada, confirma que o estilo de condução de Márquez é diferente de Pedrosa e exige mais dos freios.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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