MotoGP – 2016 fora das pistas

terça-feira, 22 de março de 2016 às 16:45
Lorenzo provoca no pódio em Losail

Lorenzo provoca no pódio em Losail

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

O Regulamento Geral das Competições da MotoGP para 2016 incluiu uma série de controles para evitar, nesta temporada, os fatos ocorridos no final de 2015. Existem regras rígidas condicionando o comportamento de equipes e pilotos, penalizações por declarações à imprensa, ausência em encontros promovidos pelos organizadores e/ou patrocinadores e outros procedimentos que que possam prejudicar o campeonato.

A abertura da temporada foi no último domingo e os resultados na pista não foram muito diferentes do ano anterior, a corrida foi empolgante, três equipes com equipamentos diferentes no pódio prenunciam um campeonato muito disputado.

Entretanto, o comportamento dos envolvidos na programação que antecedeu o início da prova evidenciou que os acontecimentos do final do ano passado ainda não foram digeridos, o mal estar entre os pilotos é evidente, embora comentários mais incisivos tenham sido evitados.

As notícias tornadas públicas durante a semana também não colaboraram. A Tech 3, satélite da Yamaha, comunicou aos seus dois pilotos, Bradley Smith e Pol Spargaro, que o contrato não seria renovado no final do ano. Segundo o gestor, o principal objetivo da equipe é descobrir e lapidar jovens talentos para a Yamaha e ambos já não se enquadram neste perfil. Houve quem interpretasse neste fato a busca pela fábrica japonesa para reposição dos atuais pilotos em 2019. Em tempo, Bradley Smith já garantiu um lugar para o biênio 2017/2018 a bordo de uma KTM, a tradicional fabricante austríaca que já participa das categorias de acesso está desenvolvendo um projeto para a MotoGP.

Durante os treinos do GP de abertura da temporada foi divulgada a notícia de que Valentino Rossi havia renovado contrato para 2017/2018. O fato em si não é revestido de muito simbolismo, até porque 19 dos 21 pilotos inscritos nesta temporada têm seus contratos encerrados no final do ano. Lin Jarvis, manager da Yamaha, informou que Rossi e Lorenzo receberam ofertas ao mesmo tempo, Rossi aceitou imediatamente e Lorenzo ainda não se decidiu. Jarvis diz que ofereceu a Lorenzo o melhor contrato da sua vida e visualiza as digitais da Ducati nesta indecisão. A evolução da Desmosedici atual é um argumento atrativo e Lorenzo já havia sido sondado pela equipe italiana em outras oportunidades. Os pilotos da Ducati são competitivos, porém inadequados para as aspirações da empresa, agora controlada pelo Grupo Audi, como mostrou a inexplicável queda de Andrea Ianone no Qatar.

Aspectos comerciais à parte, a renovação de Valentino Rossi com a Yamaha proporcionou mais combustível para a fogueira de vaidades entre os dois colegas de equipe. Valentino afirmou em entrevista à imprensa que tem certeza que Lorenzo fica na Yamaha porque, segundo suas palavras, “Precisa ter colhões para trocar de equipe”. A resposta veio no mesmo tom, “Para ele foi fácil decidir, não tem nenhuma outra opção” referindo-se ao fato do multicampeão não ser atualmente bem-vindo na Honda e Ducati.

Mesmo depois da vitória, o comportamento de Lorenzo foi alvo de críticas. Em duas oportunidades durante as comemorações, quando trouxe sua moto para o parque fechado e quando foi chamado ao pódio, o atual campeão apontou para algumas pessoas não capturadas pela transmissão de TV da Dorna e fez o sinal característico de “Calem a boca”, com um gesto de fechar o zíper sobre os lábios. Pode ter sido apenas uma manifestação de desabafo, muitos interpretaram como pura provocação.

Depois de quase quatro meses, o fascínio pela velocidade está de volta. O clima dos bastidores, entretanto, não arrefeceu. Valentino Rossi está convencido que o título do ano passado de Jorge Lorenzo foi injusto e continua acusando Marc Márquez de participar de um conluio espanhol, na entrevista conjunta antes da prova no Qatar o desconforto entre ambos ficou evidente. Nos testes e tomadas de tempo antes da prova no circuito de Losail, qualquer observador em trânsito pelos boxes da Yamaha percebeu que Rossi e Lorenzo já não falam a mesma língua. O companheirismo que existia na equipe Yamaha cedeu lugar para uma convivência forçada. Neste clima, pesado nos bastidores e sob o olhar atendo dos organizadores, começou a temporada 2016 do MotoGP.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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