Moto GP – Casey Stoner e suas perspectivas para 2012

Casey Stoner (Honda), campeão da Moto GP em 2011, reservou algum do seu tempo de férias e, em entrevista ao site motogp.com, falou sobre seus rivais, a mudança para as motos de 1000cc e como vai defender o seu título em 2012.

P: Como se sente em relação à nova temporada e correr com o número 1?
R: “Estou ansioso para correr com o número 1, muitas pessoas pensam que dá azar, mas quando se é campeão do mundo deve-se estar com o número 1. É mais um desafio para mim e gosto disso. Esta temporada deve, mais uma vez, ser muito dura; estamos começando uma nova categoria, então temos muito que testar com a moto para a colocarmos num patamar que nos satisfaça. Terminamos o último teste contentes, mas não totalmente satisfeitos, ainda temos muitos preparativos a fazer com a moto. Estes próximos passos serão importantes e esperamos recolher muitos dados.”

P: Tendo por base as suas impressões no último teste em Valencia, que alterações vão haver na moto?
R: “Vamos ter pequenas alterações no chassis. Com os novos pneus sentimos um aumento das vibrações, então temos que ajustar o chassis em função das borrachas, o que pode ser frustrante. O último passo que demos em Valencia foi um progresso, mas ainda temos que dar um grande passo em frente. Também temos que melhorar a frenagem do motor. A aceleração do motor é boa, o bloco de 1000cc dá muita resposta, e torná-lo mais macio nas entradas de curva deverá representar uma vantagem.”

P: A mudança para as 1000cc este ano não será como na era das 990cc, como acha que vai ser a passagem para as 1000cc este ano?
R: “Para ser franco, não vejo que mude muito em comparação com as 800cc. Com a eletrônica que todos têm, não haverá muitas patinadas, estarão lá, mas a eletrônica vai resolver para alguns pilotos. Estamos com pneus diferentes de quanto tínhamos as 990cc, nessa altura havia luta de pneus, mas agora não. Não creio que será muito diferente das 800cc, mas veremos. Gosto mais das 1000cc, têm mais garra e potência, são mais traiçoeiras em pistas mais curtas, especialmente com as velocidades mais baixas, e estamos tendo problemas com os cavalinhos, a cada velocidade que engrenamos a roda da frente quer levantar, então será um desafio reduzir isso, mas de forma geral é bom estar de volta a uma 1000cc.”

P: Essa não é a única alteração este ano, temos as motos das Claiming Rules Team (CRT) e 21 máquinas no grid. O que pensa das CRTs para esta temporada?
R: “Vamos esperar e ver. Olhando para os tempos por volta não é impressionante. Estou certo de que algumas equipes vão conseguir lidar com o tema e que vão ter os pilotos certos e que deverão ser competitivas, mas há outras que penso que não serão nada competitivas. Creio que só estão lá para fazer número, o que, para ser franco, me deixa contente, mas quando não estão com motos competitivas e pilotos que nunca provaram nada é difícil dizer o quão competitivos todos serão, mas o tempo o dirá.”

P: Quem vê como seus rivais nesta temporada?
R: “O meu principal rival será o Jorge (Lorenzo), ele foi primeiro em 2010 e segundo em 2011, estará sempre na luta. Todos os pilotos de fábrica, bem como o Andrea (Dovizioso) com a Tech 3 Yamaha, que está com a mesma equipe do ano passado, vão dar o máximo na frente. Infelizmente, vamos sentir falta do Marco (Simoncelli), que estou certo de que estaria na frente. As coisas mudam todos os anos, então veremos quem consegue melhor sorte durante todo o ano.”

P: Como acha que a Ducati vai estar este ano?
R: “Eles dizem que renovaram a moto em 90%, mas já fizeram isso no meio do ano passado; alteraram a moto de trás para a frente, de cima para baixo, e não mudou muito. Espero, para o bem da Ducati, que consigam apresentar uma moto competitiva este ano porque o campeonato precisa disso. Independentemente daquilo que o piloto quer, todos precisam do maior número de construtores possível andando na frente. A Yamaha e a Honda querem competição; infelizmente a Kawasaki e a Suzuki já não estão no campeonato, então precisamos de todas as motos na frente.”

P: Quem pensa serem os próximos talentos surgindo no paddock e quem acha que será competitivo no futuro?
R: “Ninguém pode olhar muito além do Marc Márquez, ele teve duas temporadas mesmo impressionantes e revelou-se um merecedor campeão. Será interessante ver como regressa depois da operação nos olhos, foi um contratempo assustador. Vai ser duro dizer onde está o nível, há alguns pilotos que estiveram nas 125cc durante muito, muito tempo e foram esses os homens da frente. Penso que o Viñales tem feito um grande trabalho. Mas é complicado dizer quem vai ser competitivo até chegarem na Moto GP e vermos até onde chegarão.”

P: Há rumores que dizem que o Márquez será o seu futuro companheiro de equipe. O que pensa disso?
R: “Gosto muito do Marc; é um personagem. Cometeu alguns erros no passado, mas teve a atitude certa para com as corridas, aprende depressa e caminha em frente em vez de ficar estagnado, e isso, nele, impressiona. Não importa quem é o meu companheiro de equipe, ainda estamos correndo com o mesmo grupo, independentemente de ser, ou não, nosso companheiro de equipe, no final temos sempre de superá-lo. Espero que um dia o Marc seja um deles.”

P: Muitas pessoas já dizem que 2012 será o seu ano. Como se sente em relação a este ano em comparação com o último?
R: “De certa forma vejo este ano como sendo um pouco mais difícil, se conseguirmos acertar bem a moto no início da temporada poderá ser um ano muito bom para nós. Mas, como vimos na segunda corrida do ano passado, ficamos logo para trás e fomos nós que tivemos que lutar arduamente para recuperar. Tivemos que apresentar uma temporada perfeita, sem muitos erros. Com a forma como o campeonato decorre hoje em dia, é quem consegue resolver tudo no início – e não comete erros – que triunfa; quem comete um erro hoje em dia tem muitas dificuldades em recuperar. Estamos confiantes em relação a esta temporada, mas teremos de ver como estão as coisas no meio do ano e quanto a mais vamos ter que puxar.”

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