Moto GP – A vida não tem preço

quinta-feira, 7 de maio de 2020 às 14:03

Andrea Dovizioso, Jorge Lorenzo e Marc Marquez

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

Moto Grand Prix, também conhecido como MotoGP, é o mais antigo campeonato do mundo de esportes motorizados, o primeiro ano da competição foi 1949. Atualmente uma etapa do evento inclui provas de três categorias, Moto3 (desde 2012 substitui a 125cc), Moto 2 (desde 2010 substituiu a classe intermediária 250cc) e a MotoGP, criada em 2002 para substituir a categoria de 500cc. Até 2006 as motos eram equipadas com motores 4 tempos e limitadas a 990cc, a partir de 2007 foram restritas a 800cc e desde 2012 o máximo de capacidade cúbica admitida é 1000cc.

O primeiro campeonato foi organizado pela Fédération Internationale de Motocyclisme e chamado de FIM Road Racing World Championship Grand Prix. A organização atual inclui a Dorna Sports que administra os direitos comerciais, a International Road Racing Teams Association (IRTA) que representa equipes, fornecedores e patrocinadores e a Motorcycle Sport Manufacturers Association (MSMA) integrada pelos fabricantes. Os regulamentos são decididos pelas quatro entidades citadas (inclui a FIM) e a Dorna detém o voto de minerva, as modificações técnicas são decididas pela MSMA. A história do campeonato incluiu classes que foram suprimidas por falta de interesse comercial, como SideCar, 50cc, 80cc, 250cc, etc.

No mundo da motovelocidade não há tecnologia ou nível de investimento que façam o esporte ser 100% seguro. Simplesmente não há como prever todo tipo de incidente e todas as ocorrências que podem acontecer durante uma corrida e, embora ninguém admita abertamente, os “lamentáveis” acontecimentos são parte do espetáculo.

A segurança tem sido endereçada pelos organizadores desde os prolegômenos da competição, entretanto a necessidade de compatibilizar espetáculo e competitividade contribuem para aproximar cada vez mais os competidores na pista. Recompensas financeiras em contratos com equipes e bônus de patrocinadores por resultados contribuem para estimular pilotos a correr riscos.

Acidentes e quedas são inerentes ao motociclismo. Nas 71 edições do mundial já aconteceram 41 acidentes com óbitos, 28 durante os GPs e 13 durante as seções de testes nos fins de semana dos eventos. Algumas pistas foram retiradas do calendário de provas da competição por não oferecerem condições de segurança, a Ilha de Man registrou um óbito em 1953 na 500cc tem o agravante da extensão (mais de 60km), que não permite rapidez no socorro, o circuito de Opatija na antiga Iugoslávia, atual Croácia, contribuiu com 3 acidentes fatais, um na classe 50cc (1977) 2 na 250cc (1974 e 1977), e o circuito de Spa-Francorchamps é o recordista com 4 fatalidades (1950 na 250cc, 1957 na 350cc e em 1971 & 1984 na 500cc). As três pistas tinham em comum o fato que nos dias normais eram estradas abertas ao tráfego de veículos comuns, eram fechadas para os GPs, ou seja, o traçado contempla retas longas e curvas adequadas o trâsito de carros, sem contornos acentuados ou necessidade de frenagens fortes. Por esta razão o antigo circuito de Spa ainda registra a ocorrência do GP mais rápido de todos os tempos, aconteceu em 1977 e foi vencido por Barry Scheene com um recorde de velocidade assustador, o melhor tempo por volta estabeleceu uma velocidade média de 220,721km/h. O piloto britânico utilizou uma dois tempos com 120HPs. Foi a última prova antes da pista de pouco mais de 14 km ser substituída por um traçado mais curto e seguro.

O último acidente fatal em eventos da MotoGP ocorreu no circuito espanhol de Barcelona em 2016 (Luis Salom durante os treinos da Moto2), a última ocorrência durante o GP foi em Sepang, Malásia, em 2011 (Marco Simoncelli). Embora os protótipos tenham (forçados pelos regulamentos) desempenho muito semelhante e o grande número de quedas (971 na temporada passada), os índices de segurança são excelentes, apenas 4 fatalidades nos últimos 23 anos em etapas oficiais.

Infelizmente estes números não são reproduzidos no Brasil. Com uma diferença de poucos meses, o Autódromo Internacional de Goiânia registrou dois acidentes que resultaram no óbito de pilotos na mesma curva do circuito. A chamada curva zero é uma das mais rápidas do autódromo e fica na entrada da reta principal. Depois do acidente que, na abertura do campeonato goiano de SuperBike, vitimou Indy Muñhos (março de 2020), a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer de Goiás (Seel) afirmou existir um projeto em curso para a implantação de caixas de brita em pontos específicos do circuito, sobretudo nesse trecho. A previsão de instalação é ainda em 2020. Esta estatística sinistra é acrescida de 4 fatalidades nos últimos três anos no autódromo de Interlagos, comprovando que o país não tem pistas adequadas para a motovelocidade.

A paixão pelo esporte faz que pilotos arrisquem a sua integridade física em circuitos precários ou com falta de manutenção. O caso mais característico aconteceu em 2013, Vanessa Daya sofreu um acidente em uma prova no Autódromo Internacional de Brasília. Ela perdeu o controle de seu equipamento ao passar por um trecho com terra após uma tentativa de ultrapassagem na chamada Curva da Piscina e caiu em uma espécie de valão. A ocorrência de este tipo de escoamento próximo da pista é inaceitável. A piloto foi imediatamente socorrida e faleceu três dias depois no Hospital de Base do distrito federal.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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