Mercedes explica o que é e o que não é um “conceito” de carro de Fórmula 1

segunda-feira, 24 de abril de 2023 às 16:45

Efeito solo na Fórmula 1

Muita gente acha que o grande problema de “conceito” da Mercedes é a ausência de sidepods no W13 e este ano no W14. Mas não é. A ausência dos sidepodsd é apenas parte de um conceito geral do carro que não funcionou como os Prateados esperavam.

Mas início deste ano, o chefe de engenharia da Mercedes, Andrew Shovlin, admitiu que a equipe era culpada de vincular demais a palavra ‘conceito’ aos sidepods.

“Talvez tenhamos adotado a palavra conceito como significado de sidepod”, explicou.

“Este carro é uma evolução do carro que tínhamos no ano passado, e muito disso está ligado onde temos a estrutura de impacto lateral. Então agora estamos partindo para mudanças mais profundas porque é evidente que isso nos deu o desempenho que gostaríamos.”

“Dito isso, há outras áreas do carro que sabemos que precisamos melhorar muito. É completamente equivocado pensar que, se colocarmos um sidepod no carro, toda essa lacuna desaparecerá.”

“A realidade é que a grande maioria dessa lacuna terá que vir de outras áreas de atuação.”

A Mercedes agora esclareceu exatamente o que é uma mudança de conceito e o que não é – ficando claro que as coisas vão muito além da aparência visual de sidepods.

Onde as linhas talvez tenham sido borradas é que os zeropods da Mercedes não são o aspecto crítico do conceito do carro. Em vez disso, eles são apenas um elemento de uma abordagem filosófica geral sobre de onde e como o downforce do carro seria entregue.

Jonanthan Noble do Autosport, disse que uma equipe rival também avaliou a ideia do zeropod porque podia ver o tremendo potencial nos níveis máximos de downforce que poderiam ser produzidos com uma área de assoalho maior exposta – especialmente se o carro pudesse andar extremamente perto do solo.

No entanto, esta equipe recuou da ideia, pois acreditava que seria difícil atingir tais níveis de downforce no mundo real por causa da flexão do piso, superfícies irregulares da pista e o risco de quiques descontrolados – algo que a Mercedes descobriu claramente em 2022.

É como e onde um carro de F1 produz seu downforce que parece ser central para os pensamentos de ‘conceito’, em vez da forma do sidepod que todos podemos ver.

Em 2022 a Mercedes pagou o preço por perseguir o pico de downforce, rodando o carro o mais baixo possível – algo que não funcionou tanto pelos quiques aerodinâmicos quanto os mecânicos.

Este ano, a equipe foi totalmente para o outro lado, perseguindo downforce com o carro o mais alto possível. Mas eles rapidamente descobriram que atingiram um teto limitado de desempenho aerodinâmico – que é o que está levando à mudança de ‘conceito’.

Como a Mercedes já explicou: “Quando falamos de aerodinâmica, não estamos falando apenas do formato do carro e da carroceria.”

“É também sobre como usamos o carro, como controlamos o carro, como evoluímos o equilíbrio e a configuração para trabalhar com o pacote aerodinâmico. Porque esses fatores também afetam o desempenho aerodinâmico na pista”.

E embora algum desempenho aerodinâmico venha de elementos visuais como as asas dianteiras e traseiras, sidepods e etc, os maiores ganhos são encontrados em como o fluxo de ar é gerenciado embaixo do carro e através do difusor.

É por isso que as mudanças nessa área – como os desenhos dos túneis venturi, a altura do carro em relação ao solo, sua inclinação e seu formato de assoalho – são muito mais importantes do que mudar o formato da tampa do motor ou do sidepod.

A Mercedes disse: “Quando a carroceria ou atualizações aerodinâmicas são trazidas para um carro, a equipe está trazendo um novo ‘conceito’?

“Então, a resposta é não. E isso porque um carro de F1 está em constante mudança e evolução. É muito mais do que você vê.”

“Podemos começar com teorias sobre a melhor direção possível. Cada departamento tem uma ideia do que é necessário e nós reunimos esses diferentes aspectos. O objetivo: conseguir um carro do qual a equipe toda possa extrair o máximo desempenho.”

“A partir desse ponto de partida, porém, é uma imagem em constante desenvolvimento. A cada etapa do processo de desenho, teste e fabricação, estamos aprendendo. Cada volta completada na pista nos permite construir nosso entendimento e nosso desenvolvimento.”

“O resultado desse processo é um carro que combina centenas, senão milhares de ideias desde o lançamento inicial até a linha de chegada em Abu Dhabi.”

E embora tenha havido muita conversa sobre o grid da F1 cair em três grupos de conceitos – a solução de downwash no estilo Red Bull, a solução de inwash da Ferrari e o zeropod da Mercedes – as coisas não são simples assim.

De fato, as verdadeiras diferenças entre as equipes têm muito mais a ver com a direção que elas tomam na busca da configuração perfeita e da plataforma aerodinâmica.

Como disse a Mercedes: “’Conceito de carro’, portanto, é menos sobre o que você vê fisicamente na pista. É a teoria e a compreensão de quais são todos os elementos para produzir o carro mais rápido possível. E este é sempre um alvo em movimento.”

“Não começamos simplesmente com um conceito e pronto. O jogo é aprender o máximo possível, mais rápido e com mais profundidade do que nossos rivais.”

Assim, quando a Mercedes entrar na pista com novos sidepods, isso marcará não a resposta final para sua mudança de conceito, mas mais o primeiro passo em direção ao que ela espera que seja um carro vencedor de corridas.

Veja na imagem que ilustra esse artigo que o primeiro carro com efeito solo da Fórmula 1 em 1978 era a Lotus, que também não tinha sidepods.

AS - www.autoracing.com.br

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