Menos mimimi; Mais atitude.

Verstappen vs Vettel vs Ricciardo – México 2016

Colaboração: Victor Manoel de Oliveira Nunes

Cada etapa no campeonato mundial da Fórmula 1 constrói-se nova história. E inserida nela, estarão pilotos, dirigentes e/ou torcedores. A depender do contexto e semelhança ao passado, poderão desencadear novos, fervorosos e porque não dramáticos capítulos.

E nós, amantes do automobilismo, devemos estar atentos aos fatos, circunstâncias e notícias com precisão. Um passo em falso, ou demora em atualizar-se, poderá ser fatal no entendimento da situação.

Engraçado que ao escrever o presente artigo, o objeto deste consistiria no embate ocorrido no GP dos EUA entre o Alonso e Massa. Todavia, tendo em vista a grande e recente polêmica envolvendo Max, Daniel e Sebastian na Cidade do México, resolvi modificar a sua direção.

“Honestly”, o esporte a motor necessita da agressividade do Verstappen e dos rádios bizarros do Tetracampeão mundial. Sem hipocrisia, desde que o 33 ingressou na Red Bull, nossos domingos tornaram-se muito mais divertidos e polêmicos. Faz parte do show e queremos mais humanidade neste espetáculo.

Isso não significa que coadune com toda e qualquer defesa de posição; tão pouco as comunicações infantis e desequilibradas do alemão. “It’s ridiculous”. “Blue flag” aos quem não entenderem.

Infelizmente quem comanda o evento e cria os regulamentos, não colabora para boas decisões. Gera instabilidade, arranha a imagem perante o público e opinião especializada; bem como produz gafes históricas, quando vimos piloto retirado da sala (anterior ao pódio) e colocado outro; que ao final, também estaria punido. Descrevendo já é confuso, imagina então para os novos admiradores da F1?

Aguardo curiosamente e com confiança que a entrada dos Americanos significará profundas modificações neste modelo de gestão antiquada. Mais simplicidade, por favor. Regras confusas suscitam problemas. Tratando-se de normas, fundamental mencionar que a FIA, através do artigo 27.5 e 27.8, sem precisar ajustar a redação, esclareceu de forma a não ocasionar ambiguidade de interpretação que os pilotos não poderão mais mudar de traçado durante a frenagem.

Logo, prezando pela segurança e medida Anti-Verstappen, depois de inúmeras queixas e o incidente ocorrido entre Hamilton e Max no GP do Japão. Esta nova e decisiva explicação começou a valer em Austin, Texas. Destarte, não é pesos e medidas diferentes a sanção imposta a Vettel no Grand Prix do México. Interessante que ele e Kimi são os maiores reclamantes do holandês na temporada 2016, e na hora da defesa faz o que faz… Isso se chama hipocrisia.

Adentrando na condição do “Red Five”, é notório o quão está frustrado com os rumos tomados pela alta cúpula de Maranello. Pode negar via imprensa, porém não é de hoje que está tentando cavar lugar na Mercedes ou Red Bull em 2018. Apesar dos contratos feitos para serem rasgados, velha máxima na categoria, Horner afirmou recentemente que os touros possuem contrato até o final de 2018 com a dupla 3 e 33 e consequentemente não há vagas na “pousada” Austríaca.

Definitivamente existem 02 (dois) Vettel; o do carro imbatível e mediano. O tempo está mostrando que ele possui nível de excelência inferior ao apresentado por Hamilton e Alonso. Escrever que não faz jus aos quatro títulos conquistados seria leviano da minha parte. E esta não é a intenção; Entretanto, pilotos com menos conquistas demonstraram maior garra, determinação e facilidade nas ultrapassagens. Em outros termos, tirar coelho da cartola.

O retrato de Sebastian e reclamações via rádio contra colegas de profissão, insultando-os de idiotas ou perdendo a total compostura com o diretor de provas, proferindo palavras de baixo calão, ratifica o quão elevada é a pressão em conduzir La Rossa. Ainda mais quando não correspondem os resultados nos circuitos. Talvez fosse apropriado construir pista alternativa exclusiva. Porque retardatários não existiriam; tão pouco, ultrapassagens; esta, essencial ao esporte a motor.

Recorda o Fernando Alonso? Pois é, uma hora a resignação chega ao limite. E o Vettel tem característica imediatista. Nesse estágio, 2017 será o último ano na Ferrari; quiçá, aposenta-se. A diferença que o espanhol era mais equilibrado e respeitoso com os companheiros. A FIA, de modo exemplar, deve puni-lo por má conduta. Seja na perda de posições no grid de largada e/ou pontos na superlicença; do qual já possui 06 (seis). Tetracampeão que é tetracampeão não age desta maneira!

Costumo afirmar cotidianamente que você pode até estar certo; não é o caso de Sebastian. Contudo, partiu para xingamentos, perdeu totalmente a razão. Por desequilíbrios como este que acontecem fatalidades ao redor do planeta.

Por sua vez, impressiona o nível de maturidade e frieza da “laranja mecânica” nas corridas. É muito fácil criticá-lo, mas necessitamos recordar a idade deste holandês. 18 (dezoito) anos. É um adolescente. A vida e a experiência irão deixá-lo no ímpeto adequado. Apenas o tempo para encontrar o perfeito equilíbrio. Quando estávamos nesta fase, o que fazíamos? Não cometíamos erros? Nossos pais e amigos não tinham a paciência em ensinar o caminho que deveríamos seguir? A vida não nos proporcionou lições? Então…

Para alguns o garoto é marrento, mas daqui 10 (dez) anos, sentiremos saudades desses momentos. A personalidade não robotizada, o arrojo, calma (não demonstrada por veteranos campeões) via rádio é a atitude que almejamos presenciar.

Imperioso dizer: o que escrevo não deve ser considerado verdade absoluta. O intuito aqui é propiciar debates, de modo a aprendermos todos juntos. Conseguindo o objetivo, estarei realizado. Isto posto, na manobra de Verstappen, não percebi ganho efetivo, uma vez que as rodas ao travarem, o mesmo foi direto a grama. Por consequência, poderia rodar ou causar colisão no muro. Felizmente não aconteceu. Ademais, coloquem caixa de brita naquela área; assim os pilotos iriam frear com bastante antecedência. Quando se pilota sob pressão, erros acontecem. Tentam brecar um pouco mais além. Por tratar-se do holandês, os torcedores analisam por diversos prismas, quando a luz das regras (anteriormente), não transgredia. Os berros do #5 foram determinantes, podem ter certeza. Duvido não, se Ricciardo assumisse o mesmo tom, teria ido ao pódio junto aos fãs. Seria o máximo ver Montoya provar o “Shoey”.

Nesta oportunidade, a Red Bull acertou na contra ordem ao 33, em não ceder a posição. Ora, já sob a análise dos comissários, somada a possibilidade de ajudar companheiro de equipe a subir ao pódio, por que abrir passagem? Convenhamos, a Ferrari faria diferente?

Concernente a Hamilton, segundo a FIA, a telemetria apontou ausência de vantagem, por ter o inglês tirado o pé do acelerador. Essa situação relembra Nico Rosberg no início do Grande Prêmio da Rússia 2014; ao danificar os pneus dianteiros na freada da curva 2, precisou parar nos boxes ao término da primeira volta. A diferença era a posição e a área de escape. Não tenho acesso aos dados técnicos, somente informações oriundas dos jornalistas, então quem sou eu para contestar decisão proferida a favor do 44?

Incrível que desde a chegada de Max, a controvérsia está ao seu lado. Quando o cara é bom, os adversários (geralmente) só lamentam e fazem-se de vítimas. Esse incômodo e abalo corrobora que a carreira dele está trilhando o sucesso. E percebam: em vez de usar o eu versus eles, retrair-se, o mundo todo contra eu, o que notamos?

É de se perceber, portanto que quanto mais reclamamos, mais a nossa vida torna-se enfadonha. Observar e criticar apenas os outros, sem concentrarmos nas nossas próprias dificuldades; deixando de aperfeiçoar e corrigir os pequenos desvios, farão com que não otimizemos tempo. E quando cairmos na real, a tal atitude relevante e impulsionadora para distanciar-se da mediocridade poderá ser ineficaz diante do caos instaurado.

Victor Manoel de Oliveira Nunes
Natal – RN

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