Massa sim ou Massa não?

terça-feira, 12 de abril de 2011 às 18:49

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Felipe Massa em Sepang

 

Conteúdo patrocinado por: allianz_auto

Dessa vez, não dá para censurar a galera que caíu de pau em cima da Ferrari depois do Grande Prêmio da Malásia.

A corrida foi boa, cheia de alternativas, mas para quem torce e se contorce para ver um bom resultado do Felipe Massa, o dia, que começou muito bem, terminou com um gosto pra lá de amargo. ..

Para quem torce pelo Rubinho, então, não deu nem para começar. O Williams se mostrou uma decepção horrível em Sepang. Do primeiro treino ao fim da corrida. Não andou nada em momento algum. Melhor nem comentar.

Para o Massa, o problema foi a complicada e lenta troca da roda dianteira esquerda. Seis segundos e nove décimos foi o tempo total da sua primeira troca de pneus. Ele, que tinha feito uma largada brilhante, foi mandado de volta ao sétimo lugar, o mesmo que ocupava no grid.

Bastou isso para o pau comer solto no lombo da Ferrari. Para muitos, aquilo foi mais um capítulo no jogo intencional da Scuderia para prejudicar o brasileiro. Por quê? Ora, porque o banco Santander, principal patrocinador da Rossa,  é espanhol e quer ver o Alonso na frente a qualquer preço. Será? Até onde se sabe, o Santander teve mais lucro no Brasil do que na Espanha em 2010, e capital não tem pátria. Por essa lógica, era o pão do espanhol Alonso que deveria cair com a manteiga para baixo, não o do brasileiro Massa. Seguindo o mesmo raciocínio, ou falta dele, a Vodafone prefere a população branca da Inglaterra à negra, já que o mulatinho Lewis Hamilton perdeu oito segundos em um de seus pit stops, perdendo assim a posição para  o branquela Jenson Button.

Não, não acho que a Ferrari esteja prejudicando o Massa intencionalmente; nem a McLaren fazendo o mesmo com o Hamilton. Por que estaria? Qual é o sentido de contratar um piloto, pagar-lhe mais de 10 milhões de euros por ano e prendê-lo nos boxes quando ele pode somar pontos valiosos para a equipe ganhar o cobiçado Campeonato Mundial de Construtores? Logo agora que o Luca di Montezemolo sonha ser o sucessor do não tão digno Berlusconi um título cairia bem. Os dois melhor ainda, mas o de Pilotos já parece difícil. Em nove vezes, o piloto que ganhou as duas primeiras corridas do ano ganhou também o campeonato. 

Mas sou obrigado a concordar que, intencional ou não, quem paga o pato é o Felipe;  quem se beneficia é o espanholito. E ele ainda teve a sorte do KERS do Webber ser tão pouco confiável quanto o Adriano para um time de futebol. Por falar nisso, alguém aí acreditou que o Imperador está só seis quilos acima do peso? Aquela barrigona pesa mais do que o KERS desligado do Webber. Não, não estou dizendo que a contratação do Adriano é tão inútil quanto o KERS do Webber. Ainda não…

Então, em vez de ficar criticando o gordo Adriano ou maldizendo a Ferrari, vou dar uma notícia boa para afastar esse mau humor corintiano/ferrarista. Rolaram a boca pequena comentários que o Todt anda conversando com a Red Bull. Ora, claro que é o Nicolas, o primeiro filho, e o assunto é a transferência do Felipe. O Nicolas que é o empresário do Massa; o Jean, pai dele, é o presidente da FIA. O Jean Todt não vai se expor a atuar como o empresário que ele, se já não é, um dia foi. Principalmente agora que a guerra entre ele e o Bernie Ecclestone está deflagrada. É, o Todt quer rever aquele contrato que dá às empresas do Bernie o direito de explorar a F1 comercialmente por 100 anos; logicamente o anão reagiu com paus e pedras. Qual anão? O Bernie. Sim, certo, os dois são “verticalmente prejudicados”. Não, não me rendi ao “politicamente correto”, é apenas ironia. Melhor não me meter. Briga de anão é uma das coisas mais baixas que existem.

O fato é que a conversa entre o Nicolas e a RBR tem fundamento. O Webber vai parar no fim do ano – se durar até lá. A nova fornada de pilotos da Red Bull Academy (ou seja lá o nome que for) ainda não está pronta. Se é que Bueni e Alguersuari vão estar prontos algum dia. Nessa semana o Franz Tost, chefe da Toro Rosso, disse em alto e bom tom que os dois têm de se mostrar à altura da Red Bull. E fechou o discurso dizendo que a função da Toro Rosso é formar pilotos para a nave mãe, e até agora eles não convenceram. O Alguersuari chegou a levar um pau do Daniel Ricciardo no primeiro treino livre, aquele em que algumas equipes colocam os pilotos reservas para andar no meio do bolo. Aliás, o Hulkenberg também deu um pau no Sutil, mas a Force India não admite ser celeiro da McLaren – pelo menos em tão larga escala.

É aí que o Massa entra em cena. Faz sentido. Acho até que é por isso que ele estava tão animadinho na Malásia. A largada e as voltas iniciais, até aquela parada desastrada, foi coisa do Massa de 2008. Agressivo, preciso, tirando tudo que o carro tinha para dar. Ele está vivo. E seria mais um golpe na Ferrari ver um piloto criado em casa migrar para a casa dos touros vermelhos. A principal, claro. Desde o ano passado, quando o dono da Red Bull disse que na equipe dele vence quem chega na frente e não quem o chefe da equipe escolhe que o clima entre RBR e Ferrari não é de simpatia e amizade. Claro que eu estou torcendo para ser verdade e dar certo. Como não adianta nada? Vai continuar sendo segundo, só que atrás do Vettel? É, pode ser, mas em uma disputa leal.

Há quem sonhe com o Hamilton lá na RBR? É, podia ser interessante, mas estou meio desapontado com ele. Estragou a corrida já no qualifying. Ovalizou um jogo de pneus macios no Q2, abusou muito de outro jogo de macios para largar em segundo, quando é claro que largar em terceiro é melhor. Acabou pagando caro por isso. Passou a primeira parte da corrida atrás do Heidfeld, desgastando ainda mais os pneus porque perdia pressão aerodinâmica, e ainda teve de conviver com as paradas estrategicamente erradas da McLaren. A primeira foi tarde para uma estratégia de quatro trocas e cedo para três. Tão cedo que acabou tendo de fazer quatro. Terminou atrás do Button, que fez uma corridinha sem graça mas inteligente. Não adianta ficar com saudade do ano passado, quando se guiava o tempo todo como em prova de classificação. Agora, ou o piloto é delicado com os pneus ou os pneus punem os pilotos…

Por falar em pneus duráveis, a Sauber mostra como valeu contratar o Nick Heidfeld. Não, não fiquei maluco, sei que o Quick Nick está na Renault. Estou falando do ano passado, quando ele ainda tinha fresquinhas na cabeça as características dos pneus que a Pirelli fabricou para este ano. Lembram? Ele estreou no GP de Singapura, no dia 26 de setembro. Exatamente na época em que o carro deste ano estava sendo projetado. E mais uma vez, um Sauber, dessa vez o do Kobayashi, foi o carro que menos trocou pneus; apenas duas vezes. E acabou a corrida de novo em oitavo, pulando para sétimo com a punição do Hamilton. Por falar em punição, que coisa mais esquisita, não? Só foi publicada duas horas depois da bandeirada. A reclamação foi da Ferrari, que acabou tendo o Alonso punido com os mesmos 20 segundos de acréscimo. A diferença é que o espanhol continuou em sexto e o Hamilton caiu para oitavo.

Seja como for, esse desempenho da Sauber vai valorizar muito o passe do Lucas di Grassi, caso ele seja confirmado como piloto de testes da Pirelli. Ele vai se tornar um valiosíssimo banco de dados, conhecedor profundo de todas características e particularidades dos pneus que os carros da F1 vão usar em 2012. Quem dá mais?

Talvez a Ferrari, se de fato perder o Massa. A Scuderia está em palpos de aranha e já não é de hoje. Mal acabado o GP da Malásia, Pat Fry e Aldo Costa voaram para a Itália para ver o que há de errado com a Rossa. Segundo comentários internos, os valores de pressão aerodinâmica revelados pelo túnel de vento não se repetem na pista. Por isso o Alonso gastou todo o primeiro treino livre, na sexta-feira, andando em velocidade constante, coisa de 200 km/hora. Estava colhendo dados aerodinâmicos. A Ferrari diz que vai esperar o GP da China para entender melhor o que acontece. A verdade é que está de mãos amarradas. Inovações? Só no GP da Turquia, onde deve aparecer não apenas uma evolução, mas um novo e completo pacote aerodinâmico. Bem no estilo Red Bull. Até mesmo com asa dianteira flexível. Sim, a Ferrari também está se aprofundando neste novo caminho. Pelo visto, andam faltando boas idéias em Maranello. Até lá, suas esperanças de ganhar posições parecem se limitar a reclamar junto à direção de prova de que os pilotos que vão à frente do Alonso fizeram zigzague na reta…

Lito Cavalcanti

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