Luca de Meo: Não podemos parecer palhaços e ainda perder dinheiro

sexta-feira, 4 de outubro de 2024 às 13:02

Luca de Meo

O CEO da Renault, Luca de Meo, disse que a equipe Alpine de Fórmula 1 não está à venda depois que a empresa confirmou que sua produção de motores terminará em 2015 por razões financeiras.

Em uma entrevista ao jornal L’Equipe, o italiano defendeu a estratégia para a Alpine a partir de 2026 com uma unidade de potência fornecida por outro fabricante, muito provavelmente a Mercedes.

A mudança, anunciada esta semana, acabará com quase meio século de motores Renault na F1, com os franceses tendo equipado Williams, Benetton, sua própria equipe e a Red Bull e conquistado 12 títulos de construtores ao longo do caminho.

De Meo disse que a Renault estava gastando € 200-250 milhões por ano na produção de motores nas instalações de Viry-Châtillon, nos arredores de Paris, enquanto comprar motores de outro fabricante custaria cerca de € 20 milhões.

Duas fábricas em países separados

Ele acrescentou que a Renault estava em desvantagem em relação a outras equipes por ter fábricas de chassis e motores em países separados, com a equipe de chassi sediada em Enstone no centro da Inglaterra.

“Em Enstone eles são muito independentes, acostumados a trabalhar sob cores diferentes. Eu deveria ter reagrupado tudo, mas teria sido na Inglaterra. Difícil, não?”, disse De Meo.

De Meo disse que o ex-chefe da equipe Renault, Flavio Briatore, foi trazido para revitalizar o projeto da F1, não para supervisionar algum tipo de venda.

“Li que ele foi encarregado de empacotar o projeto para eventualmente vender a equipe. Isso é completamente falso”, disse ele.

“A cada quinzena recebo ligações de financiadores excêntricos que querem entrar na F1. Eles sabem que depois de 2026 será muito mais caro.”

“Não vou vender, não sou idiota. Estar na F1 é essencial para a marca Alpine. Estamos em um clube fechado. Isso traz credibilidade para a marca entre os fãs de automobilismo. Não precisamos desse dinheiro.”

Público da Fórmula 1 mudou

“Fãs – exceto os verdadeiros entusiastas, eu concordo – e patrocinadores vêm para uma equipe, não para um motor”, disse De Meo. “Parceiros assinam com a McLaren, e não porque eles tem uma UP Mercedes sob o capô.”

A Alpine, cujos investidores incluem o ator de Hollywood Ryan Reynolds e as estrelas da NFL Patrick Mahomes e Travis Kelce, se tornou “invisível” — nona de 10 equipes, com benefícios de marketing desaparecendo, disse De Meo.

“Mais dois anos como esse e o projeto teria esvaziado completamente”, disse De Meo.

“O público da F1 mudou. Ele se expandiu para incluir jovens e mulheres. Essa nova clientela tem uma interpretação diferente do esporte.”

“Apoiamos um piloto, uma cor, uma marca. Não um motor. A Alpine, dada a nossa classificação em P9 nos construtores, está perdendo bônus. Patrocinadores são raros. Meus acionistas sabem como contar. A Alpine tem que ganhar dinheiro, isso é um sport business.”

“Agora, em P16, P17, parecemos palhaços. Não estamos em lugar nenhum. Precisamos melhorar muito”

“Os famosos ‘retornos de marketing’ desapareceram. Mesmo que não sejam quantificáveis em dinheiro.”

AS - www.autoracing.com.br

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