Indycar. Entre o céu e o inferno

quinta-feira, 21 de maio de 2015 às 2:30
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Helio Castroneves voa sobre a pista na classificação da Indy 500

Colaboração: Helio Hassmann Jr

A 500 milhas de Indianapolis chega a sua 99ª edição nesse final de semana. Aliado a grandiosidade do evento está a importância das mudanças técnicas que a Indycar adotou nesse ano. São evoluções drásticas num momento delicado para todo e qualquer campeonato automobilístico ao redor do planeta e mais ainda para a categoria que chegou a ameaçar a Formula 1 nos anos 90 e tenta recuperar a atenção do publico e mídia que tinha até o final daquela década.

A organização da Indycar sabe o quanto isso vai influenciar no futuro do campeonato, aumento de interesse, audiência, patrocinadores , qualidade dos pilotos e tudo mais que um novo kit aerodinâmico pode trazer de beneficio ou malefício.

Desde que Ray Harroun venceu a 1ª edição das 500 milhas em 1911 a bordo de seu moderno (para a época) Marmon Wasp, mudanças significativas sempre aconteceram nos carros que correm em Indianapolis, trazendo sempre maior velocidade e muitas vezes tornando esses avanços já obsoletos diante dos avanços no ano seguinte. Com certeza a época mais significativa e de rápida evolução dos bólidos aconteceu nas décadas de 80 e 90. Isso até a disputa de bastidores entre a CART e a nova IRL que surgia para ser a única a correr as 500 milhas no oval mais famoso do mundo.

Durante essa época se viu a necessidade de começar a manter as velocidades dentro de um patamar aceitável, leia-se seguro, para se correr entre os muros traiçoeiros do Indianapolis Motor Speedway. Duas décadas depois e 7 anos após a “unificação” CART – IRL, a atual Indycar surge com um revolucionário projeto visando um upgrade no chassi Dallara e ,por que não, aliar à isso a busca por certo apelo entre os fãs como acontece na Nascar. A Indycar tenta aqui criar também um diferencial no visual dos carros para que facilmente o torcedor identifique a diferença entre as montadoras envolvidas. Vários apêndices, aletas e mini asas surgem de todos os lados distinguindo visualmente qual Frankenstein, digo Dallara, é empurrado por um Chevrolet e qual por um Honda.

Durante os testes de pré temporada, no inicio do ano, tudo correu conforme o esperado: significativo aumento de downforce, inclusive causando dores no pescoço dos pilotos devido ao maior esforço exigido pela força G nos contornos de curva em maior velocidade e desacelerações. Até aqui tudo ótimo e tudo lindo (há quem gostou do visual dos carros).

Chegamos no mês de maio com a apresentação dos novos kits aerodinâmicos para superspeedways e a maior duvida era: quantos segundos por volta os carros irão baixar, já que esse kit não foi sequer testado anteriormente em pista.

Um pequeno detalhe que se tornou a maior preocupação após as primeiras decolagens nos acidentes assustadores nos treinos. Indycar, pilotos, fãs e imprensa ficam com grande receio para a corrida no domingo, preocupação tamanha nunca vista antes na historia da Indycar, logo no momento da maior evolução em termos técnicos e mercadológicos da categoria (apenas comparável a mudança revolucionaria de motores dianteiros para motores traseiros).

Mas o pior ainda pode estar por vir. Visto a quantidade de decolagens nos treinos e o grave ferimento de James Hinchcliffe, com certeza teremos decolagens na corrida. E com certeza, um monoposto desgovernado de cabeça para baixo com o capacete do piloto vulneravel rente ao asfalto, tornando-se alvo fácil no caminho de carros velozes tentando desviar não vai ser bom para a imagem da Verizon Indycar Series. Outra duvida: Como se comportarão os carros andando em grupo e enfrentando frequentemente o trafego de retardatários durante as 200 voltas da prova? Não é necessário ser engenheiro para ter certeza que esses carros perderão pressão aerodinâmica no contorno de curvas causando novos acidentes, decolagens e, espero estar errado, tendo vitimas dentro ou fora das pistas.

A 99ª edição da Indy 500 tem de tudo para se tornar a mais marcante da historia. Tomara que não seja por uma tragédia previsível até por quem não é engenheiro.

Helio Hassmann Jr
Brusque – Santa Catarina

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