Indy Experience – Guiando um Formula Indy

terça-feira, 4 de outubro de 2011 às 16:37


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Entrada do túnel de acesso ao interior do tri-oval

É tudo muito rápido, muito prático, tal qual como é o estilo de vida dos americanos.

Ou o melhor termo seria: É tudo tão rápido quanto um F-Indy no final da reta de um oval!

É assim o processo de ir ao tri-oval localizado no complexo Disney e dirigir um F-Indy. Você mal estaciona seu carro e quando vê já encontra-se acelerando na saída do pit lane.

Mas também é uma experiência que você guardará para a vida inteira!

Ao chegar no local tudo parece muito calmo, dando a impressão que nada está funcionando. Na entrada do túnel de acesso ao interior do oval um funcionário nos recebe.

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Cancela com o funcionário que recebe a todos para entrar no oval

Preenchemos um formulário com apenas o nome e a assinatura nossa entrada é liberada – “preenchemos” porque levei um amigo para ajudar a tirar as fotos.

Escolhemos qualquer vaga mais perto do escritório sem dificuldade devido ao estacionamento estar praticamente vazio e entramos no escritório.

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Estacionamento vazio e o escritório do autódromo à esquerda

Uma garota nos recepciona com um simpático “Hello guys, how are you doing today? Are you here for the Indy Experience?”. Respondo logo que sim. E mais: quero guiar e não apenas andar de carona no carro de dois lugares.

Pensando que ainda faltava muito tempo para andar no carro, encontro-me relaxado mas ao mesmo tempo ansioso, ávido pelas informações, briefing, dicas de como guiar o carro, acelerar, frear, enfim todas as informações que normalmente você espera antes de entrar numa pista desconhecida com um carro também desconhecido.

A garota da recepção pediu que a acompanhasse e nos levou aos fundos do escritório onde havia uma pequena sala, muito parecida com aquelas “driver’s room”, com cadeiras, um telão, o mapa do circuito, etc…

Sou apresentado a um senhor com aquele sotaque de midwestern americano que foi logo perguntando: “Qual o tamanho de sapato que você usa?”. Respondida a pergunta, tive que preencher e assinar uma pilha de formulários os quais deveria ter lido com atenção, mas somente passava os olhos para saber do que se tratava e assinava no rodapé da página. Não queria saber de burocracia a esta altura do campeonato, só queria ir logo para o carro e acelerar!

Terminado o “paperwork” e levaram-me para a área dos boxes já fora do escritório. Neste momento que pude ver as máquinas estacionadas, esperando por mim!

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Máquina ao fundo onde vai o piloto profissional e em destaque o F-Indy que guiei

O senhor Midwestern conduz-me até um quadro onde há fotos da chave de ignição, dos pedais, da direção e em menos de 1m30s explica o básico: como entrar no carro, ligar, trocar marchas, manter distância do F-Indy que vai a frente com um piloto profissional guiando para controlar a velocidade, etc…

Até que ele perguntou: “Está acostumado a dirigir carros com embreagem?” – “Claro que sim! Sou brasileiro! A maioria dos carros no meu país são manuais – você não sabe que nós temos muitos bons pilotos em várias categorias mundiais de automobilismo? blá blá blá, blá blá blá…”

Mentira! Não falei nada disso, apenas pensei. A minha resposta foi apenas um “yes” bem comportado.

“Got it all?” – respondi apenas balançando a cabeça, concordando que tinha entendido a mais rápida explicação de todos os tempos de como funciona um F-Indy!

Voltamos para dentro do escritório para vestir o macacão e as botas. Rapidamente me troquei e voltei para pista.

Agora é que aparece a praticidade dos americanos: cheguei no local e em menos de 8 minutos já estava de macacão, bota e balaclava, com uma assistente ajudando a colocar as luvas e o capacete.

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Mr. Midwestern ajudando a colocar o cinto e sua assistente que ajuda a colocar as luvas

Quando disseram para mim “pode entrar no carro que vamos apertar o cinto e você já liga o motor”, confesso que fiquei meio atônito. “Hã? Mas já? Sem nenhuma outra dica ou explicação? Sem pedir o telefone antes, sem dar um beijinho? Assim na seca?” – Estas perguntas podem resumir meu pensamento na hora.

Posso dizer que meus sentimentos passaram da ansiedade em que se encontrava à curiosidade, pulando para a palpitação nervosa e desespero – nem tive tempo de pensar direito sobre o que estava fazendo.

Entro no carro.

Apertado.

Sinto o capacete me sufocar.

Ofegante eu começo a respirar com maior dificuldade.

O sol de 32 graus da Flórida torra o macacão preto que visto.

O espaço entre os 3 pedais é mínimo, cerca de meio centímetro apenas. Há um pedal de descanso para o pé esquerdo para ele não ficar sobre a embreagem durante a corrida em um oval. Este pedal extra tem apenas 1 cm e é somente para dar uma apoiada com o pé mesmo.

Mr. Midwestern começa a afivelar meu cinto de trocentas pontas e levanto a viseira do capacete para tentar respirar melhor – sinto-me sufocado.

Tento achar uma posição confortável para que eu consiga visualizar a pista e ao mesmo tempo os pedais – impossível. Tento então uma “técnica”: olhar fixamente para os pedais, fecho os olhos e começo a senti-los com os pés – “Não posso errar isto, não posso pisar na embreagem a acertar o freio de raspão sem querer!”.

Agora o cinto já está afivelado e começam a parafusar a proteção externa do cockpit na carenagem do carro.

De repente um desespero toma conta de mim!

Sinto-me sufocado pela balaclava, pelo capacete, pelo cockpit apertado… sinto vontade de cancelar tudo.

Quero cancelar tudo!!!

Quando de repente ouço a ordem: “Start your engine!”

… “Oi? O que disse? Ligar o motor?”

“Yes, go ahead”

Aciono a chave para ligar a parte elétrica e aperto o botão de “Start”

”Rrrrrrrrrrrr”

Ouço o ronco de 250 cavalos atrás de mim, fazendo o carro tremer.

Instantaneamente eu volto ao normal! Retomo o controle e a respiração volta ao normal. Sinto os pedais como se já tivesse dirigido o carro centenas de vezes.

O descontrole se foi ao sentir o motor funcionando.

No carro ao lado está o piloto profissional. Ele arranca com o carro e anda uns 30 metros e sou orientado a manter esta distância dele na pista. Tal como um safety car.

“Put it in first gear and go!”

Ao ouvir esta frase dou pequeno sorriso dentro do capacete e pensei: “Chegou a hora!!!!”

Pisei na embreagem, coloquei o carro em primeira marcha (câmbio sequencial) e arranquei. Pipocando um pouco, mas sem deixar apagar o motor.

Já em movimento com o carro em primeira marcha ainda dentro da do pit lane, tento achar um posição confortável para guiar. Rapidamente sinto-me como se estivesse no sofá de casa: confortável e à vontade.

Vou colocar a segunda marcha mas antes dou uma esticada em primeira e… a segunda marcha não entra. Novamente dou uma esticada em primeira e… “A marcha não quer subir!” Tento reduzir o giro do motor para subir a marcha e nada. Foi quando eu lembrei: “Oh imbecil, a primeira marcha é pra frente, mas a segunda e o resto das outras é pra trás, igual a câmbio de moto!”.

Enfim engato a segunda marcha e saio dos boxes feliz da vida.

Ao entrar no oval começo a subir as marchas e engato a quinta marcha (sim, este carro tem somente 5 marchas).

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Já confortável, acelerando na reta

Para tornar a experiência factível para um não-piloto a Indy criou um carro sob medida com apenas 1/3 da potência do original, cinco marchas, ajustes na suspensão, freios e cambagem diferentes do que seria um carro preparado para a corrida.

Na pista é possível ver marcas pintadas no asfalto nas entradas e saídas das curvas onde deve-se colocar os pneus para fazer melhor a curva. É tão fácil dirigir que pode-se fazer o oval inteiro nas pontas dos dedos de uma só mão!

Oito voltas completas no circuito e pude fazer todo tipo de experiência: reduções de marchas, acelerar forte, frear forte, simular um aquecimento de pneus jogando o carro rapidamente para ambos os lados (o chamado “balé da F-1”), enfim, foi algo que irei guardar para sempre na memória e em fotos e vídeos.

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Piloto profissional à frente do meu carro

Qual foi a velocidade máxima que atingi?

Bom, Mr. Midwestern disse que eram cerca de 130 mph mas eu diria que foram apenas 130 km/h. Não pode-se correr muito porque sua velocidade fica delimitada pelo carro que vai a frente.

Mesmo assim, quando você olha no espelho retrovisor e vê o resto do carro e da pista, além de seu rosto dentro da viseira é demais! Você nem liga muito para velocidade pois aproveita cada segundo dentro do carro para guiar tal como seus ídolos do automobilismo.

Mentira, liga para velocidade sim e deseja enfiar o pé no da direita e rascar as retas!

Mas isto é para poucos, infelizmente. Contento-me (por enquanto) em apenas sentar e guiar o carro.

Recomendo a experiência a todos.

Se eu repetiria a experiência?

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COM CERTEZA!

E da segunda vez tentaria até dar uma colada no piloto da frente na última volta, só pra dar mais emoção.

Vitor Villafranca

AS – www.autoracing.com.br

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