Ídolos do colunista #3 (vídeo)

Bobby Rahal – Indy 500 1992

Por: Bruno Aleixo

Quando descobri a Indy, no começo da década de 90, uma das coisas que mais me chamavam a atenção na categoria era a quantidade de veteranos que passaram pela Formula 1 e que competiam em alto nível na América do Norte. Emerson Fittipaldi, Mario Andretti, Nigel Mansell, entre outros. Mas os nativos da categoria também não faziam feio e encaravam a turma de frente, produzindo um espetáculo que marcou uma página importante da história do automobilismo. Entre eles, um senhor careca e usando um enorme par de óculos se destacava: Bobby Rahal, um cara que tinha tudo, menos visual de piloto. Mas que acelerava. E como acelerava!

Rahal não era um piloto dado a manobras espalhafatosas, ultrapassagens espetaculares ou voltas de classificação penduradas. Seu estilo era mais discreto, mas rápido e eficiente. Encontrar uma corrida na qual Bobby Rahal tenha cometido um único erro é algo raríssimo. E olha que os carros da Indy, na década de 90, eram bem difíceis de pilotar, com muita potência, pouca pressão aerodinâmica e praticamente tudo na mão (inclusive as trocas de marcha que, na F1, já eram por câmbio semi-automático).

O norte-americano foi tricampeão da Indy desse jeito: chegando de mansinho, conseguindo resultados aqui e ali e beliscando suas vitórias ocasionalmente. Não era muito de ultrapassar, mas incomodava os adversários o tempo todo, frequentemente levando-os a erros quando viam o carro preto (patrocinado pela cervejaria Miller) de Rahal atrás. Me lembro que, certa vez, nos áureos tempos da Indy no SBT, fizeram uma reportagem perguntando aos pilotos qual era o adversário mais chato, e Bobby Rahal foi eleito o pior de todos por unanimidade.

Infelizmente, depois de ter sido campeão em 1992, a idade começou a pesar e o velho Bobby foi virando um coadjuvante de luxo. Em 1993 não conseguiu se classificar para as 500 Milhas de Indianápolis. No ano seguinte, isso quase aconteceu de novo. Por meio de sua equipe, a Honda chegou à Formula Indy, mas o resultado foi uma sucessão de quebras e decepções, aliada à falta de potência crônica dos propulsores japoneses. Ao perceber que não conseguiria a vaga na prova mais tradicional do automobilismo americano (talvez mundial), Bobby então foi atrás de Roger Penske e alugou um de seus carros para conseguir a vaga. Deu certo e Rahal acabou terminando a prova em terceiro. Ao final daquele ano, a equipe Rahal-Hogan trocou os motores da Honda pelos da Mercedes e viu os japoneses crescerem absurdamente a partir de 1996 (alô McLaren, alguma semelhança?).

Seu último brilho aconteceu em Jacarepaguá, em 1997, quando liderou 120 voltas do GP do Brasil. No final da prova, os freios começaram a ir para o espaço e Bobby demonstrou toda a sua habilidade e categoria ao contornar as curvas do circuito utilizando somente o freio motor, mantendo-se na frente o quanto foi possível. Infelizmente, ficou sem combustível a metros da bandeirada. Na temporada seguinte, despediu-se das pistas quando sofreu um grave acidente em Motegi, no Japão, embora tenha saído sem qualquer ferimento.

Depois que parou de correr, Rahal enveredou pela carreira de dirigente, chegando à Formula 1 para cuidar da Jaguar. Embora a equipe tivesse muito dinheiro, Bobby Rahal jamais conseguiu colocá-la no rumo da vitória. A bem da verdade, em uma entrevista recente, Luciano Burti, que era piloto da equipe, contou que Rahal mais atrapalhou do que ajudou, tirando da equipe todas as qualidades que esta havia herdado dos tempos de Stewart.

Bom, se não deu certo na F1, na Indy ele mantém sua equipe até hoje, agora tendo como piloto o próprio filho, Graham Rahal (que não tem metade do talento do pai, sejamos sinceros). Bobby Rahal foi um grande gênio das pistas, importantíssimo no processo de popularização e profissionalização da Indy, nos anos 90. Merece todo o nosso respeito.

Emerson x Bobby Rahal pelo liderança em Detroit 1991
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Bruno Aleixo
São Paulo – SP

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