Hora de tirar os coelhos da cartola

segunda-feira, 10 de maio de 2021 às 17:14

Lewis Hamilton e Valtteri Bottas – Espanha 2021

Por: Bruno Aleixo: No início do ano, após os testes coletivos no Barhain, eu, Adauto e Fábio Campos comemoramos o fato de que a RedBull parecia estar ligeiramente à frente da Mercedes, o que parecia apontar para um campeonato emocionante. Tudo muito bom, tudo muito bem, e agora, depois de quatro etapas realizadas temos a exata conta de uma vitória para a equipe dos energéticos contra 3 dos alemães.

Erramos, então? Hoje, no momento em que escrevo esta coluna, não consigo chegar a essa reposta. É fato que houve uma aproximação técnica entre Mercedes e RedBull, o que tem proporcionado a Max Verstappen se colocar entre os dois carros pretos nas corridas, coisa que raramente acontecia no passado. Só que, no lado alemão, há um peso extremamente relevante na balança, que faz toda a diferença: Lewis Hamilton.

Não é exatamente raro na história da F1 esse encontro entre o melhor carro, a melhor equipe e o melhor piloto. Lembrem-se que qualidade chama qualidade. E, quando essa reunião acontece, a vida de quem tenta desafiar a lógica do esporte se torna um inferno. Neste final de semana, a RedBull experimentou o gosto amargo de ter que lidar com o conjunto mais espetacular da história do automobilismo.

Verstappen fez sua parte na primeira curva, ao se jogar por dentro e assumir a prova. Todo o resto da corrida se resumiu a um verdadeiro show de eficiência da Mercedes e de seu piloto principal, aliado à velocidade absurda do modelo W12 que, se não é o melhor de todos os que os alemães produziram, segue sendo um equipamento de primeira linha.

A RedBull falhou no primeiro pit, mas conseguiu manter a ponta. Ao ver que não conseguiria ultrapassar em condições de igualdade, Hamilton e sua equipe armaram o bote, fizeram uma parada a mais, voltaram à pista com melhores pneus e jantaram os adversários com arroz e fritas. Na hora, eu e muitas pessoas no meu Twitter pensamos a mesma coisa: a RedBull deveria ter parado Verstappen imediatamente para, pelo menos, mantê-lo em igualdade de condições.

A equipe respondeu depois da prova que não tinha pneus médios à disposição e que Verstappen voltaria atrás de Bottas e perderia muito tempo, blá blá blá. Tudo isso pode ser verdade, mas o fato é que, mais uma vez, ficou provado que a Mercedes é uma equipe mais capaz. Seja porque escolhe e trabalha melhor seus jogos de pneus durante TODO O FIM DE SEMANA, seja porque consegue jogar com seu piloto número dois, seja porque tem um heptacampeão mundial sentado no carro número um. São muitos fatores que precisam ser superados.

A lição é: não se ganha de um conjunto como Mercedes + Hamilton apenas tendo um piloto espetacular como Verstappen, pilotando um ótimo carro. Como não se ganhava do conjunto Schumacher + Ferrari, ou Senna + Prost + McLaren ou Stewart + Tyrrell. Aqueles que conseguiram, tiraram coelhos da cartola, que a RedBull precisará começar a tirar imediatamente.

Caso contrário, para a tristeza de todos nós que nos enchemos de esperança no início do ano, continuaremos a não ter um campeonato.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP
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