Homem Aranha Nasceu em Detroit

quinta-feira, 31 de maio de 2012 às 16:07
Helio Castroneves - o Spider Man
Helio Castroneves – o Spider Man

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E tem até a data de nascimento dele, dia 18 de junho de 2000. Para os padrões humanos é pouco, para um super herói tempo suficiente. E para o aniversário de uma vitória que ajudou a fazer o público americano identificar um dos mais famosos pilotos da Indy é quase tempo pra se escrever uma coluna a respeito. Então…

No ano de 2000, Hélio Castroneves estava em sua primeira temporada da Indy, então administrada pela CART, e além de ser companheiro de equipe de Gil de Ferran, mais experiente e famoso, tinha ainda seu sobre nome grafado como no Brasil, Castro Neves.  Fácil pra mim e pra você, mas nos EUA isso era um problema. Afinal, qual seria o último nome? Castro tem o ditador Cubano, e Neves…como se fala mesmo em inglês? Que som teria? Bem isso deixava a todos confusos até que Hélio decidiu seguir o conselho de um narrador de TV americano, Paul Page, que se via em dificuldades pra falar o nome todo, e juntou tudo…pois é o que é natural pra nós aqui, juntar os nomes quando se fala pra eles foi efeito conseguido só quando os dois estavam assim: Castroneves…

E assim foi até a corrida de Detroit, quando Hélio largou em terceiro, pulou pra segundo na largada e passou a comboiar o líder Juan Pablo Montoya, pensando no consumo de combustível.  Quando faltavam vinte voltas para o final Montoya teve um problema no carro e Hélio assumiu a ponta. Vitória! A primeira de suas vinte e seis.

Assim que cruzou a linha de chegada Hélio estava estourando de felicidade e tão louco pra sair comemorando que não conseguia se lembrar do que havia sido combinado no briefing de pilotos, ante das prova. Pra quem não sabe o Briefing é uma reunião dos pilotos com a direção de prova e com os organizadores onde são passadas as informações sobre os procedimentos da corrida e também sobre as cerimônias e protocolos a serem seguidos. Numa pista na rua ou num parque, como é o caso de Detroit, não se tem um pódio, ou Victory Lane como é chamado, para as cerimônias habituais que incluem entrevista ao vivo pra TV americana, fotos ao lado do carro etc…pódio naquela época na Indy variava de prova para prova, dependendo do organizador da etapa.

Pois bem, imaginem o Hélio super feliz, querendo extravasar e sem saber pra onde ir ou o que fazer…ao se ver sem certeza de pra onde seguir e com o rádio sem comunicação, porque estava do outro lado de tudo, Hélio viu um grupo de torcedores na frente do alambrado da pista felizes e acenando e não teve dúvida “é aqui mesmo!” , bateu no cinto, saiu do carro e foi pra galera. Como um jogador de futebol depois do gol que decide o jogo, ele escalou o alambrado diante daquela arquibancada e comemorou com os torcedores. Uma explosão de alegria, captada pelas câmeras à distância.

Depois de resgatado daquela distância, feitas as entrevistas Hélio percebeu que toda a transmissão de TV atrasou em seu final e que muitos dos mais apegados ao protocolo e ao script estavam meio zangados. Na premiação ele foi direto a Bobby Rahal, então presidente da CART, e pediu desculpas. Bobby, que apesar da cara de certinho ou de professor de matemática como dizia Luciano do Valle, já havia percebido a reação dos fãs e ao ouvir Hélio retrucou “ foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. È disso que os fãs precisam.”

No dia seguinte, Hélio estava na capa dos jornais e um repórter da ESPN na época, John Kernan, o chamou de Spider Man durante a entrevista e ao finalizar a matéria. No ar no programa noticioso Sport Center, famoso nos EUA, a mensagem colou imediatamente e na corrida seguinte um garoto apareceu na tarde de autógrafos fantasiado de Homem Aranha pra tirar foto com ele…

2008
Pouco depois de comemorar oito anos desse episódio na temporada de 2008, Hélio, o já consagrado Homem Aranha, ainda tinha chances de chegar ao título, precisava vencer todas as três corridas finais. Na prova de Detroit ele mais uma vez liderava, mas era perseguido de perto por Justin Wilson, então piloto da lendária (e hoje fechada por falta de patrocínio) equipe Newman/Haas.  Era a fase final da corrida e Wilson tentou dar o bote numa saída de curva quando Hélio desviou a trajetória pra defender a posição. Imediatamente o então diretor de prova, Brian Barnhart, deu bandeira preta para Hélio que foi obrigado a devolver a posição. Hélio não conseguiu mais alcançar Justin Wilson nas 13 voltas que restavam e terminando em segundo lugar perdeu a chance de lutar pelo campeonato. Não vou aqui discutir a decisão do então diretor de prova, mas acho pertinente lembrar que este ano ele não atua mais na função por conta dos erros cometidos, principalmente no ano passado.

Aqueles também eram dias duros para Helinho, já que cada vez mais pessoas sabiam de seus problemas com a justiça americana e era dado como certo que ele iria ao tribunal pra ser julgado evasão fiscal. Por outro lado Justin Wilson deu naquele dia a última alegria da equipe que algumas semanas depois viu um de seus donos, Paul Newman, sucumbir na luta contra o câncer. Hélio foi mesmo a julgamento no início de 2009 e depois de 40 dias no tribunal Federal de Miami saiu livre de todas as acusações, provando sua inocência e partindo pra escalar o alambrado de Indianápolis pela terceira vez.

DOMINGO
Motores Chevy/Ilmor mais fortes em circuitos mistos, Will Power ainda na liderança do campeonato e Hélio ainda em segundo. Tudo muito bom para a Penske que agora só pensa em vencer o título, já que Indianápolis ficou com a Ganassi. Como na Indy não há uma clara determinação de jogo de equipe, Hélio bem que tem a chance de vencer de novo no parque de Belle Isle. O problema é que o mesmo Justin Wilson andou muito bem nas provas de rua em São Paulo e Long Beach e pode aparecer de novo nos espelhos do brasileiro. Ainda bem que agora o diretor de prova é Beaux Barfield…

Celso Miranda

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