Hamilton arriscou quando não “precisava”: ele está errado?

segunda-feira, 7 de junho de 2021 às 12:39

Toto Wolff e Lewis Hamilton

Por: Bruno Aleixo – Tão logo Lewis Hamilton passou direto pela curva um, na insana relargada do GP do Azerbaijão, a três voltas do fim, o tribunal da Internet se dividiu em duas turmas: os que entenderam que o inglês foi imprudente ao tentar uma manobra “maluca”, sendo que o segundo lugar lhe garantiria a liderança do campeonato; e aqueles que entenderam que piloto tem que tentar mesmo e que se dane. E Hamilton estaria certo em tentar.

Bom, antes de mais nada, parece que houve uma explicação técnica para a questão. Hamilton teria se esquecido de desligar um sistema que a Mercedes tem para aquecer melhor os freios, sistema esse que joga 100% da carga de frenagem nas rodas dianteiras. Ao frear forte na disputa com Perez, as rodas travaram e ele foi embora. Verdade ou não, isso em nada muda o fato de que houve, sim, um erro do piloto. Não apertar um botão que deveria ter sido apertado é atribuição dele.

Sobre o julgamento dos twitteros, não apenas fico com a segunda opção, como não entendo quem defenda a primeira. E digo isso, inclusive, para alguns colegas da imprensa, que deitaram falação em cima de Hamilton, acusando-o de ser imprudente. Até posso entender que Toto Wolf, depois da prova, no cantinho escuro do chiquérrimo motorhome da equipe, tenha chegado em seu multicampeão e dito algo como “pô cara, pega leve né. 18 pontos contra 0 de Verstappen, depois de um fim de semana desse? Aí vc me ferra!”. A equipe está de olho no campeonato, lógico, e pra eles fazia sentido que Hamilton se comportasse melhor na primeira curva.

Aliás, arrisco dizer que Hamilton alinhou para o grid com esse “briefing” da equipe já feito. E ele ficaria em segundo, sem correr grandes riscos. Mas o que aconteceu foi que ele pulou muito melhor que Pérez na largada, estava na frente quando se aproximaram da largada e não poderia recuar ali. Ou seja, em menos de cinco segundos, toda a situação planejada mudou, em razão da largada melhor, e aí, meu amigo, entrou o feeling do piloto que, na hora do vamos ver, não quer afinar para o adversário.

Novamente, repito: não entendo quem é torcedor, ou jornalista, que critique o movimento. Nós, que cobrimos e torcemos para este esporte, não vamos ganhar nada com o título de quem quer que seja. Nada. Para nós, o que importa é corrida boa. E corrida boa é feita disputas, como foram disputadas as 3 últimas voltas desse maluco GP do Azerbaijão.

E que, sim, pode ter colocado um fogo definitivo no campeonato. Porque, a partir de agora, o mundial terá uma sequência de pistas nas quais a Mercedes parece ser favorita. Porém, a equipe perdeu as duas últimas de forma dolorosa e vive uma situação inédita em sua história na era híbrida: tem um adversário forte, com dois pilotos rápidos, enquanto Hamilton encontra-se cada vez mais solitário na disputa. Recuperar a confiança do heptacampeão e, principalmente, ajudar Bottas a encontrar o rumo de casa nas próximas provas, devem ser as diretrizes do time daqui pra frente. Isso tudo em um mundial que parece determinado a quebrar previsões. Ou alguém apostaria que Charles Leclerc faria uma pole em uma pista com quase 2 quilômetros de reta, acelerando seu motor de Marea?

Se a Mercedes não conseguir se impor nas próximas duas corridas, acho que a coisa ficará feia por lá. E nós veremos a equipe metida em uma situação na qual nenhum de nós estávamos habituados a ver. Sem torcida e preferência mas, o que mais poderíamos desejar?

O fato é que, como dissemos no Loucos por Automobilismo, parece que temos mesmo um campeonato, que vai ser decidido nos detalhes. Então, aproveitem, e parem de desejar pilotos bobinhos e conservadores. A gente quer essa turma com sangue nos olhos.

Bruno Aleixo
São Paulo – SP
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