GP da Hungria de F1 teve a menor audiência da história no Brasil

segunda-feira, 24 de julho de 2023 às 14:01

Largada GP Hungria 2023

De acordo com dados preliminares, o GP da Hungria anotou míseros 2,3 pontos de média de audiência na pesquisa em São Paulo, contra 3 da Record, 3,5 do SBT e 7 da Globo.

Apesar da audiência da Fórmula 1 ser considerada qualificada, e, portanto, seus anúncios valarem mais do que na maioria de outros programas televisivos, esse seria o menor índice de uma corrida da categoria em 51 anos de transmissão direta para o Brasil.

O início

A primeira transmissão para o Brasil aconteceu em 18 de julho de 1970 na TV Record de São Paulo e a TV Rio do Rio de Janeiro, que mostraram a estreia de Emerson Fittipaldi no GP da Inglaterra em Brands Hatch. Apesar de um início promissor com a narração de Wilson Fittipaldi, a rede não transmitiu as etapas seguintes, nem mesmo a primeira vitória de um brasileiro, do próprio Emerson, em 4 de outubro de 1970 no GP dos Estados Unidos, em Watkins Glen.

Aquela vitória de Fittipaldi deu o primeiro e único título post mortem na história da F1 a seu companheiro de equipe da Lotus, Jochen Rindt.

Em 1971 não houve transmissão direta de alguma corrida de Fórmula 1 para o Brasil, mas em 1972 a Rede Globo mostrou vários GPs ao vivo, inclusive o primeiro GP do Brasil extraoficial, realizado no dia 30 de março em Interlagos, já em cores.

Mas foi a “Rede de Emissoras Independentes” quem mostrou o GP da Itália de 1972, corrida onde Emerson Fittipaldi conquistou a vitória e seu primeiro título mundial com a sua Lotus preta e dourada. Foi a antepenúltima corrida daquela temporada, já que ainda haviam o GP do Canadá e dos EUA a serem disputados.

Em 1973 a Globo mostrou mais 8 corridas do calendário, mas parou quando as chances de Emerson se tornar bicampeão naquele ano ficaram difíceis nas últimas corridas. A Rede Tupi exibiu com exclusividade o GP da Itália, enquanto as corridas do Canadá e dos Estados Unidos ficaram por conta do Sistema Globo de Rádio.

A Globo adquiriu os direitos de transmissão, mas não era obrigada a transmitir todos os GPs do calendário, então ela transmitia cerca de metade dos GPs das temporadas de F1 até 1979.

Em 1980 a Bandeirantes a adquiriu os direitos e pela primeira vez a temporada da Fórmula 1 – naquele ano com 14 corridas – foi transmitida ao vivo na íntegra.

Nelson Piquet foi vice-campeão de 80 e isso acendeu a luz na Globo para comprar novamente os direitos da F1 por uma quantia muito maior do que já havia sido acertada entre a Bandeirantes e Bernie Ecclestone, que rescindiu o contrato com a Bandeirantes e fez outro com a Globo, que passou a transmitir praticamente todos os GPs de F1 ao vivo a partir de 1981 até 2020.

Anos dourados

A década de 80 foram os anos dourados da Fórmula 1 no mundo e especialmente no Brasil, com Nelson Piquet e Ayrton Senna disputando e vencendo 6 títulos entre eles até 1991. Em muitas ocasiões durantes esses anos a audiência chegou a estratosféricos 40 pontos e se manteve muito alta até a morte de Ayrton Senna em Imola na temporada de 1994.

Mesmo assim a Globo continuou transmitindo ao vivo quase todos os GPs – com exceção de alguns na parte da tarde quando coincidiam com jogos de futebol -, mas mesmo assim seu canal fechado SporTV os transmitia ao vivo.

Em 2020 com a audiência em torno de 10 pontos, a Globo não quis renovar seu contrato com a F1 pelos valores pedidos e então a Band voltou a transmitir todas as corridas ao vivo a partir de 2021. A Liberty resolveu investir no Brasil cobrando muito menos pelos direitos televisivos e taxa de corrida em Interlagos, já que o GP do Brasil – na maioria dos anos – é o GP com maior audiência televisiva na Europa em horário nobre. São Paulo paga a menor taxa de corrida de todo o calendário, USD 20 milhões.

Em 2021 a Fórmula 1 teve um de seus melhores campeonatos em décadas com os rivais ferrenhos Lewis Hamilton e Max Verstappen disputando o título até a última volta da última corrida em Abu Dhabi. A Formula 1 já havia sido vendida alguns anos antes para uma empresa norte-americana, a Liberty Media, que fez inúmeras modificações no negócio Fórmula 1 e a tornou rentável como nunca antes.

O ano de 2021 se tornou um marco na Fórmula 1 em termos de audiência mundial e lucro, já que uma coisa está diretamente ligada a outra. O negócio se tornou tão rentável que as equipes passaram a valer centenas de milhões de dólares e hoje se fala em equipes valendo mais de USD 1 bilhão, algo jamais sequer imaginado desde a fundação da categoria em 1950. Para se ter uma ideia, a equipe Alpine, uma equipe de meio de pelotão, vendeu 20% de suas ações recentemente para um grupo de Hollywood por USD 230 milhões, o que definiu o valor real e não estimado das equipes de Fórmula 1.

A queda

Mas para isso se manter a audiência não pode cair, no entanto está caindo. Com o advento do novo regulamento técnico dos carros com efeito solo em 2022, a Fórmula 1 tinha como objetivo juntar mais o grid, melhorar as disputas, facilitar as ultrapassagens e com isso atrair ainda mais audiência.

E isso de fato aconteceu. O grid está muito próximo, mais próximo do que nunca, mas uma equipe e um piloto conseguiram se destacar de forma impressionante vencendo todas as corridas desta temporada até agora, que foram 12 contando a corrida curta do Azerbaijão. Sergio Perez venceu 3 (contando a corrida curta) e Max Verstappen venceu as outras 8 corridas, sendo as últimas 7 seguidas.

Quando alguma outra equipe vai conseguir disputar as vitórias? Não se sabe, mas a Red Bull tem enormes chances de vencer todos os 22 GPs deste ano, dada a sua superioridade esmagadora sobre todas as outras. E sem disputas pela vitória a audiência vem caindo em todo o mundo. No Brasil, como dito no começo do texto, a audiência despencou como nunca antes. Em alguns outros países também.

Até nos EUA, disparado o maior mercado do mundo que a F1 tinha finalmente parecido conquistar nos últimos anos, e agora hospeda 3 GPs do calendário, apresentou uma queda muito preocupante na primeira corrida deste ano disputada nos EUA, com Miami tendo uma audiência 24% menor que em 2022.

Obviamente a Liberty Media diz que não se preocupa muito com isso, pois o objetivo no momento é maximizar os lucros. Mas com audiência televisiva baixa e com o Streaming da categoria, o F1TV vendendo abaixo da expectativa no Brasil e na maior parte do mundo, a audiência não se sustenta e muito menos os futuros lucros.

AS - www.autoracing.com.br

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