Gênios – Michael Schumacher

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010 às 14:40
Michael Schumacher

Nacionalidade: Alemã (Hürth-Hermülheim)
Nascido em: 03 de Janeiro de 1969

os números:

162 GPs disputados 4 títulos mundiais (94, 95, 00 e 01) 801 pontos
53 vitórias
43 pole-positions
97 pódiuns
44 melhores voltas
72 primeiras filas

Percorreu 8642 voltas
Percorreu 40932
* Dados estatísticos até Novembro de 2001

[.:O INÍCIO:.]

Qual é a importância de Bertrand Gachot para o automobilismo mundial? A resposta não é simples, mas categórica: este piloto belga, praticamente desconhecido do grande público, contribuiu decisivamente para a estréia do tetracampeão Michael Schumacher na Fórmula 1.

Na temporada de 1991, Gachot pilotava para a estreante equipe Jordan, naquele que vinha sendo seu melhor ano na categoria. No entanto, às vésperas de correr em casa, o piloto foi condenado na Inglaterra por uma briga de trânsito em que havia se envolvido um ano antes. O resultado foi decepcionante para a torcida em Spa-Francochamps; seu piloto acabou na cadeia, abrindo uma cobiçada vaga na equipe irlandesa.

A procura pelo cockpit foi intensa, mas uma proposta parecia melhor que as outras. O empresário alemão Willi Webber apresentou um piloto de esporte-protótipo protegido pela Mercedes-Benz, que teria sua estréia bancada pela multinacional alemã. O rapaz, um virtual desconhecido nos paddocks, atendia pelo nome de Michael Schumacher.

Eddie Jordan é famoso por não perder um bom negócio quando tem a oportunidade. De qualquer forma, colocar um carro de F-1 nas mãos de um piloto cuja experiência em monopostos restringia-se à F-3 alemã, parecia uma atitude um pouco arriscada demais. Perguntou, então, à Willi Webber se o promissor alemão conhecia o difícil traçado de Spa-Francochamps.

“Sim, claro”; – respondeu o empresário – ele já correu muitas vezes neste circuito.
Na verdade, a experiência de Schumacher restringia-se à algumas poucas voltas, de bicicleta…

Estréia com a Jordan…

Apesar de ter apenas 22 anos e desconhecer o circuito, Schumacher chamou a atenção do circo da Fórmula 1 ao alinhar seu Jordan verde na 7º colocação do grid de largada. A corrida não durou nem uma volta, por conta de uma falha mecânica, mas o impacto daquela surpreendente performance não seria abalado. Na corrida seguinte, o alemão pilotaria uma Benetton, ocupando o lugar de Roberto Moreno, sumariamente despedido pelo “capo” Flávio Briatore.

De cara, Michael constantemente superou seu mais experiente companheiro de equipe, ninguém menos que Nelson Piquet. O tri-campeão brasileiro “deu tudo de si” para não ser passado para traz pelo novato, mas esta desgastante concorrência contribuiu para precipitar sua aposentadoria.

Em 1992, Schumy confirmou as expectativas da imprensa, com performances consistentes durante toda a temporada. Disputando de igual para igual com mitos do automobilismo, como Alain Prost, Nigel Mansell e Ayrton Senna, acabou por vencer seu primeiro GP exatamente um ano após sua estréia, no mesmo circuito de Spa-Francochamps. Terminando o ano em 3º lugar na pontuação final, Schumacher ganhou o status de campeão em potencial para o futuro próximo.

A Benetton estava em franca ascensão no início da década de 1990. Com a chegada de Michael, o progresso foi ainda mais significativo, tornando-se a cada ano mais competitiva. De mera coadjuvante, a equipe passou a ser uma pedra no sapato das grandes Ferrari, Williams e McLaren. Novas conquistas teriam lugar em 1993, anunciando que o melhor ainda estava por vir.

[.:TÍTULO E POLÊMICA:.]

Hill vai a caça de Schumacher

O campeonato de 1994 tinha todos os ingredientes para ser inesquecível. O tri-campeão Ayrton Senna, maior piloto da história, substituiria seu arqui-rival Alain Prost nas então imbatíveis Williams-Renault. Seu (único) adversário seria a jovem promessa Michael Schumacher, a bordo de sua surpreendente Benetton. A FIA, Federação Internacional de Automobilismo, entidade responsável pela categoria, apresentara um regulamento banindo severamente avanços tecnológicos que diminuíram, nos anos anteriores, a importância dos pilotos para a performance de seus bólidos. Todos os ingredientes para uma disputa acirrada entre o mito consagrado e nova estrela do esporte estavam garantidos.

O duelo começou com ampla vantagem para o alemão. Nas duas primeiras corridas, em Interlagos e Aida, só deu Schumacher, embora Senna tivesse largado sempre na pole-position. Suas importantes vitórias contrastavam com a má-sorte do brasileiro, que não conseguira completar nenhuma destas provas. A disputa prometia, mas o destino acabou nos privando de conferir este confronto até o fim; jamais saberemos quem levaria a melhor.

Com a morte de Ayrton Senna, no fatídico GP de Ímola, a Fórmula 1 ficou órfã de seu maior ídolo; e Schumacher, de seu grande adversário. Nas corridas seguintes, o que se viu foram performances fantásticas do alemão, e muita polêmica. A Benetton foi acusada de burlar as regras do jogo, desrespeitando o regulamento, bem como Michael foi repreendido por conduta antidesportiva. Tirando pontos preciosos do alemão e suspendendo-o por duas corridas, a FIA garantiu que o campeonato somente fosse decidido na última corrida, na Austrália.

Nas ruas de Adelaide, tudo que Schumacher precisava fazer para ser, enfim, campeão era chegar à frente do inglês Damon Hill, da Williams. O “esforço de guerra” da equipe inglesa para derrotar o veloz alemão incluía ainda a volta de Nigel Mansell de sua aposentadoria. O leão, que ocasionalmente pilotou um destes bólidos entre as provas do campeonato de Fórmula Indy, estava escalado para ser o escudeiro de Hill naquela prova decisiva.

A batida com Damon Hill

Largando em segundo no grid – com Mansell na pole e Hill em terceiro, Schumy assumiu a ponta e abriu uma vantagem confortável, mas justamente quando tudo parecia decidido, uma bobeada quase pôs tudo a perder. O alemão perdeu o controle de sua Benetton, batendo fortemente contra o muro de proteção, comprometendo sua continuidade na corrida. Mesmo com a suspensão criticamente avariada, voltou desesperadamente para a pista, somente para se chocar com o desavisado Damon Hill. Fim da corrida para ambos, e título para Schumacher.

[.:BICAMPEÃO SEM CONCORRÊNCIA:.]

Schumacher com a Benetton-Renault

Para 1995, a Benetton garantiu os imbatíveis motores Renault, os mesmos que equipavam a Williams. A estrutura era sólida, havendo grande integração entre suas figuras chaves: Flávio Briatore, Tom Walkinshaw, Ross Brawn e Michael Schumacher. Com um time coeso e entrosado, a Benetton fez barba, cabelo e bigode, conduzindo o alemão ao seu segundo título mundial, e garantindo o único título de construtores de sua história.

Schumy deu show pelas pistas do mundo, derrotando o desafortunado Hill. Sem resistência, as nove vitórias conquistadas vieram naturalmente, num campeonato que mais pareceu à continuação do anterior.

O caso de amor de Schumacher com a pista de Spa-Francoshamps teve nova página nesta temporada. Para muitos, o piloto teve sua mais bonita vitória naquele GP da Bélgica, após ter largado apenas em décimo sétimo lugar. Numa corrida de recuperação fantástica, superou um a um seus concorrentes, até ultrapassar de forma incontestável Damon Hill, numa pista molhada e perigosa.

Vibrando com o “BI”

Se o título de 1994 foi conturbado, o de 1995 não poderia ser questionado de forma alguma, tamanha a vantagem de Schumacher sobre o resto do grid.

 

 


[.:EM BUSCA DE DESAFIOS:.]

O primeiro contato com a Ferrari

Bicampeão mundial aos 26 anos (só perdeu em juventude para Emerson Fittipaldi, por alguns meses), Schumacher tinha todos os caminhos abertos para a temporada de 1996. A alternativa mais lógica seria continuar na Benetton, pilotando para um time forte que ele ajudou a criar. Poderia passar para a McLaren, que correria desde então com os motores de seu antigo messias, Mercedes-Benz. Até mesmo a Williams teria feito uma proposta pelos seus serviços. No entanto, Schumacher queria mesmo era desafios – e um belo salário.

Aceitou o convite da Ferrari com a missão de tirar o time da fila, mediante um super-contrato que lhe garantia um salário fabuloso e a total atenção da equipe, com carta branca para escolher com quem queria e como gostaria de trabalhar. Uma tarefa bastante penosa, contemporizada por um acordo para lá de interessante. Rapidamente, a Ferrari foi ficando com a cara de Schumacher. Em poucos meses, conseguiu expulsar o projetista John Barnard da equipe, contratado a peso de ouro, sob a justificativa de que “não era hora para ousadias”. Trouxe antigos companheiros de Benetton, Ross Brawn e Rory Byrne, para compor um time com vocação para vencer, sob o controle sempre competente de Jean Todt, que já estava na equipe desde 1993.

O primeiro ano na escuderia italiana, em 1996, serviu para arquitetar as bases para futuros títulos. Não houve como oferecer resistência às Williams, que fizeram dobradinha no mundial de pilotos: Hill foi campeão, e Jacques Villeneuve, recém-chegado da Indy, vice. No entanto, três importantes vitórias de Schumy serviram de impulso para a temporada seguinte.

Ferrari 1996

1997 tinha tudo para ser o ano do tri de Schumacher. Foi uma temporada fantástica, marcada pela alta competitividade e pela acirrada disputa entre o alemão e Villeneuve. Ambos fizeram por merecer o título, levando a definição para a última prova, em Jerez de la Frontera. Schumacher liderava o campeonato por um ponto; logo, um enrosco entre os dois lhe daria o título. Após um treino de qualificação inacreditável, onde três pilotos fizeram exatamente os mesmos tempos (Villeneuve, Schumacher e Frentzen), o piloto da Ferrari largou na liderança. O que ninguém espera (tampouco Michael) era que o canadense tentasse uma ultrapassagem tão arriscada, na metade da corrida.

Relembrando seu falecido pai Gilles, o piloto da Williams foi para o tudo ou nada, mergulhando por dentro numa curva de baixa. Schumacher, nitidamente surpreso com aquele movimento, não hesitou ao notar o canadense ao seu lado: fechou-lhe a porta descaradamente, arremessando sua Ferrari num último ímpeto destrutivo. Afinal, se ambos abandonassem, o título seria seu. Para sorte do esporte, Villeneuve conseguiu continuar, enquanto seu adversário ficava atolado na caixa de brita. Ville iria até o fim e conseguiria o título, mas, após a corrida, o que todos queriam saber era qual seria a punição para tamanho ato de deslealdade.

Schumacher vai bater em Villeneuve…

Schumacher descia ao inferno pela segunda vez, depois das punições de 1994. Sua fama de “Dick Vigarista” foi espalhada pelo mundo e quase colocou um fim em sua carreira. Acabou desclassificado do campeonato, mantendo ainda suas cinco vitórias; para muitos, foi pouco.

Determinado a mudar sua imagem, o alemão veio com tudo em 1998. A óbvia evolução das Ferraris sobre as Williams parecia apresentar um cenário favorável, mas ninguém contava com o fantástico avanço das McLarens-Mercedes.

As “flechas de prata” botaram poeira na concorrência, colocando seus pilotos constantemente no topo dos pódios. As vitórias de Schumacher foram conquistadas na base da garra e do talento, contando com os equívocos dos adversários mais velozes. A Ferrari evoluiria durante o campeonato, levando a disputa para a última etapa, em Suzuka, mas o título acabou com o finlandês Mika Hakkinen. Parecia injustiça: depois de tanto esforço para bater a Williams, chegava a McLaren com um carro do outro mundo para atrapalhar o sonho ferrarista. A pressão por resultados batia à porta de Schumy, ficando evidente no episódio envolvendo David Coulthard, segundo piloto da McLaren, no GP da Bélgica. Chovia muito, e o alemão novamente dava um show pelas curvas de seu circuito favorito. No entanto, ao tentar passar pelo retardatário escocês, seus carros se chocaram de forma perigosa, tirando de Michael uma vitória fácil e importante. No final, quando chegaram aos boxes com seus bólidos semi-destruídos, quase que o assunto foi resolvido no tapa.

Determinado…

Schumy estava cansado de tanto bater na trave. Em 1999, a Ferrari tinha um bom carro, capaz de competir de igual para igual com as McLarens. O sonho acabou na primeira volta do GP da Inglaterra, quando perdeu o controle de seu carro e atingiu a barreira de pneus violentamente. Com as fraturas em sua perna, o alemão somente voltou às pistas para as duas últimas etapas da temporada, com a inglória missão de ajudar seu companheiro de equipe Eddie Irvine conquistar o título que deveria ser seu. Na Malásia, a ajuda veio, mas na corrida decisiva, em Suzuka, Schumacher não se esforçou tanto. Mika conquistou o bi-campeonato.

 

[.:ENFIM HERÓI:.]

Michael Schumacher (2000)

Com a ajuda de seu novo companheiro de equipe, o brasileiro Rubens Barrichello, Schumacher sabia que 2000 tinha que ser seu ano. Não existia mais a desvantagem da Ferrari perante a McLaren, tampouco seqüelas do acidente do ano anterior. Começou a temporada de forma avassaladora, conquistando importantes vitórias sem deixar margem para a concorrência. Mas como num roteiro de filme, o título que parecia assegurado começou a escapar de suas mãos no decorrer da temporada, quando uma série de maus esultados somaram-se à reação de Mika Hakkinen. Justamente quando o cenário parecia indicar para o terceiro título mundial do finlandês, Michael decidiu acabar com a brincadeira de uma vez por todas. Venceu os GPs dos EUA e de Suzuka, garantindo finalmente o título que tanto desejava, tirando a Ferrari de uma fila de 21 anos: a última conquista de pilotos ferraristas ocorrera em 1979, com o sul-africano Jody Scheckter.

Deve-se dar a devida dimensão deste feito. Por mais de duas décadas, grandes pilotos tinham pegado o volante dos carrinhos vermelhos com a missão de conquistar títulos, sem sucesso. Nomes como Gilles Villeneuve, Nigel Mansell, Jean Alesi e Alain Prost falharam nos seus intentos, submergindo no ambiente passional que envolve a escuderia italiana. A pressão dos tifosi, os fanáticos torcedores italianos, nem sempre é um fator positivo, trazendo instabilidade para os pilotos e funcionários. A equipe mais famosa da F-1, a única que esteve em todos os campeonatos mundiais desde 1950, não podia ficar relegada ao segundo plano por tanto tempo.

A contratação de Michael Schumacher, em 1996, foi o movimento mais importante da estratégia traçada por Luca di Montezemolo para levar a Ferrari de volta à ribalta. Só que nem o presidente do time pensou que seria tão difícil, apesar do corpo técnico de primeira linha e rios de dinheiro para gastar. Em 2000, Schumacher entrou para a história ao levar o time mais carismático à liderança da categoria, lugar de onde jamais deveria ter saído.

Michael Schumacher (2000)

Sem pressão e no ápice de sua técnica, alemão partiu em 2001 para quebrar recordes. Foi uma temporada de gala, sem deixar espaço para os adversários. Os resultados dizem tudo: 11 poles postion, 9 vitórias e 5 segundos lugares permitiram que Schumacher somasse mais pontos ao final da temporada que o segundo e terceiro colocados juntos (David Coulthard e Rubens Barrichello). De fato, o título jamais esteve em perigo, apenas existindo ocasionais reações da McLaren e da renascida Williams, em cujo volante estava ninguém menos que o irmão do tetracampeão, Ralf Schumacher. A superioridade foi tamanha que pareceu até covardia. Pelas pistas do mundo, a única coisa que separava Michael da vitória era ele mesmo. Se estava com a cabeça boa, se tinha achado o acertocorreto, o primeiro lugar do pódio já tinha dono. Pudemos presenciar um verdadeiro “Showmacher”, onde o resto do grid fazia o papel de atores coadjuvantes.

Recordes? Poucos faltam para ser conquistados. Schumacher terminou 2001 com o maior número de vitórias e de pontos da história, sobrando apenas dois grandes desafios para os anos seguintes: os cinco títulos mundiais de Juan Manuel Fangio e as 65 poles de Ayrton Senna. Parece difícil que o alemão deixe a F-1 sem tê-los alcançado.

[.:O HOMEM POR TRÁS DO MITO:.]

O menino de 4 anos

Nascido em 3 de janeiro de 1969, na pequena cidade de Kerpen, Michael Schumacher desde cedo teve contato com o automobilismo. Seu pai, pedreiro, tornou-se zelador de uma pequena pista de kart, permitindo que seus filhos dessem algumas voltas de vez em quando. Sua mãe, até pouco antes de se tornar campeão do mundo pela primeira vez, comandava a lanchonete do circuito, vendendo cervejas e chucrutes para os visitantes. Como se pode ver, a origem de Michael é bastante humilde, quando comparada com a de outros pilotos.

Para despontar no automobilismo, foi necessária a intervenção de terceiros que apostassem em seu talento. Sua performance logo atraiu donos de equipes de kart, permitindo que o alemão competisse nas categorias nacionais. Seus vários títulos chamaram a atenção de um astuto empresário, Willi Webber, dono de um time de F-3 alemã. Em troca de garantir uma vaga à Schumacher em sua equipe, Webber ofereceu um contrato de gerenciamento de carreira, que lhe garantiria dali em diante uma gorda fatia de tudo que o alemãozinho conquistasse.

O início com o Kart

Os resultados vieram logo. Schumacher ganhou o campeonato de F-3 regional e também a prestigiosa corrida extra-campeonato de Macau, onde competiu contra os mais importantes pilotos de F-3 do mundo. Naquela prova, disputada em duas baterias, teve como grande adversário ninguém menos que Mika Hakkinen, então campeão de Fórmula 3 Inglesa. A Mercedes-Benz se interessou por Schumacher, oferecendo-lhe uma vaga em sua equipe junior no mundial de Esporte Protótipos. O time era comandado pelo atual dono de equipe de F-1 Peter Sauber, e contava com pilotos experientes, como Jochen Mass, e jovens promessas germânicas, como Karl Wendlinger e Heinz-Harald Frentzen. Este último era um antigo amigo de Michael. Ambos se conheciam desde os tempos de kart, e tinham o costume de saírem sempre juntos pelos bares da vida. No entanto, esta amizade não durou para sempre: Schumacher roubou a noiva de Frentzen, Corina, com quem posteriormente se casaria. A traição jamais foi engolida por H-H, e desde então os dois não se bicam.

O início nos monopostos…

No Esporte Protótipos, Schumacher recebeu os importantes ensinamentos de Jochen Mass, ex-piloto de F-1, sobre como gerenciar sua carreira e como acertar um carro de corridas. Aprendeu que manter a boa forma física era essencial, ainda mais para as provas de longa duração da categoria, em cockpits fechados onde a temperatura era extremamente alta. Estes ensinamentos teriam fundamental importância para os anos seguintes.

Em 1991, quando Schumacher chegou à F-1, ele não era verde como muitos pensavam. Estava pronto para dar conta do recado, acelerando fundo em qualquer pista que aparecesse pela frente. Sua extrema confiança em si mesmo lhe trouxe a fama de arrogante; uma injustiça: Michael apenas sabia que era bom mesmo, quer os outros aceitassem isso ou não.

O veloz Sauber-Mercedes

Seu ponto fraco, porém, é o temperamento explosivo. Se fora das pistas ele é um sujeito até certo ponto pacato, quando veste o macacão vira uma fera. Seus enroscos desleais são famosos, tirando ou tentando tirar da pista sem cerimônias qualquer adversário que se coloque a sua frente. Que o diga Damon Hill, após o desfecho do mundial de 1994; ou Jacques Villeneuve, em 1997. Seu inimigo Frentzen também levou alguns “chega-pra-lás” bastante desleais, como também Ralf, seu irmão. Schumy não está nem aí, continua correndo para vencer, sem se importar com os outros. David Coulthard, em 2000, acabou perdendo a esportiva em Magny Cours, fazendo sinais obscenos para o alemão após uma série de fechadas …

A verdade é que Michael Schumacher é um homem de família. Orgulhoso pai de duas crianças, vive confortavelmente em uma mansão nos Alpes suíços. Tem até uma cachorra vira-lata, que encontrou no GP do Brasil de 1994, que é seu xodó. Adora esportes radicais, sendo um exímio esquiador, e um entusiasta do pára-quedismo. No entanto, sua paixão, fora o automobilismo, é mesmo o futebol. Schumacher financia um pequeno time das divisões de base do futebol suíço, mediante a garantia de poder participar de alguns jogos, de vez em quando. Não é nenhum Bierhof (craque da seleção alemã), mas arrisca alguns passes invocados em campo. Gosta tanto do esporte bretão que não hesitou em participar, antes da corrida do Brasil de 2001, de uma partida amistosa envolvendo ninguém mais, ninguém menos que craques como Ronaldinho e Zico. Até marcou gol de pênalti, escutando toda a galera do Maracanã gritar seu nome.

O pai de família…

Com o tempo, a consciência de sua importância para o mundo do esporte trouxe-lhe uma mais engajada participação política. Schumacher é embaixador da UNICEF e presidente há muitos anos da GPDA (Associação dos Pilotos de Grandes Prêmios), entidade que define a posição dos pilotos da F-1 sobre a segurança na categoria. Sempre que ocorre um acidente grave nas pistas, vemos uma mudança evidente em seu semblante, principalmente nos pódios, contrastando com os característicos socos no ar que desfere antes da festa da champanhe. Após os atentados terroristas às torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, partiu do alemão a iniciativa da Ferrari correr sem patrocínios no GP da Itália. Na etapa seguinte, em Indianápolis, o ainda abalado Michael pintou em seu capacete a bandeira norte-americana como homenagem às vítimas.

Mas a imagem que fica de Michael Schumacher é sempre a de um vencedor. Piloto arrojado e campeão nato, dá shows inesquecíveis em qualquer tipo de pista, seja qual for o clima ou o carro. Utiliza um traçado diferente dos outros pilotos, aproveitando ao máximo o grip dos pneus e o potencial do equipamento. Tem uma tocada forte e constante, sendo capaz de girar volta mais rápida seguida de volta mais rápida pouco antes de entrar para fazer pitstops, o que permite utilizar ao máximo as fantásticas estratégias de seu engenheiro e amigo Ross Brawn. Não se intimida com recordes imbatíveis ou pilotos consagrados, acreditando sempre que irá superar os adversários. Enfim, Schumacher é uma máquina de vencer, e a cada corrida assegura ainda mais uma posição de destaque entre os grandes heróis do automobilismo.

Ele promete mais… Será?

 

 

Texto de Olavo de O. Bittencourt Neto

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