Frágil Mercedes ainda domina a F1

quarta-feira, 9 de julho de 2014 às 21:06
Equipe Mercedes em Silverstone 2014

Equipe Mercedes em Silverstone 2014

Mercedes domina, apesar de mais problemas de confiabilidade.

Outra corrida, outra vitória da Mercedes. A corrida de Silverstone será lembrada mais pela batida de Kimi Raikkonen e a luta entre Alonso e Vettel do que pela vitória de Hamilton – uma vez que a supremacia do Mercedes W05 era esperada. De fato, sem uma avaria na embreagem de Rosberg poderíamos ter tido três carros movidos pelo motor Mercedes nas três primeiras posições – possivelmente até mesmo quatro, se Button tivesse mais duas voltas para ultrapassar Ricciardo.

Os desempenhos de Bottas e Button foram ótimas notícias para Williams e McLaren, já que num circuito muito exigente em termos aerodinâmicos, seus carros produziram performances muito positivas. Este último fim de semana também indicou a nós que, com os elementos da unidade de potência sujeitos a quotas, a confiabilidade vai agora desempenhar um papel mais importante para a continuação da temporada. Portanto, de agora em diante um número crescente de falhas irá impactar fortemente a performance das equipes.

A rivalidade entre Hamilton e Rosberg mina a confiabilidade do W05

Se já falamos muitas vezes sobre a supremacia da Mercedes, vale destacar como a rivalidade entre Rosberg e Hamilton está minando a confiabilidade do W05. Não é a primeira vez que vimos o W05 abandonando uma corrida, e todos nós ainda nos lembramos do duplo fracasso deles no Canadá. E, de acordo com alguns insiders, é tudo devido a uma tentativa de sempre tentar encontrar o limite – ou um pouco mais – do que o projeto pode entregar. Para provar essa teoria, poderíamos olhar para o ritmo de corrida de Hamilton, que diminuiu consideravelmente depois do abandono de Rosberg.

Gráfico de tempo de voltas de Hamilton x Rosberg

Como podemos ver a partir do gráfico acima, quando os dois Mercedes ainda estavam lutando pelo primeiro lugar, a vantagem média de tempo de volta sobre seus oponentes variou entre 1,5 a 2 segundos, com Hamilton marcando a volta mais rápida de 1:37.176 na 26ª passagem. Ele nunca mais baixou disso durante a corrida, mesmo com menos combustível e pneus novos. Tanto o campeonato de construtores quanto o de pilotos não está em risco para a Mercedes, mas paradoxalmente, o seu maior inimigo é a liberdade com que ela deixa seus pilotos lutarem na pista.

A Williams substitui a Red Bull no papel de primeiro desafiante?

A equipe de Frank Williams certamente tem sido a que mais melhorou durante as últimas corridas. Após as ótimas sessões de testes de pré-temporada, a equipe parecia perdida e incapaz de reagir às melhorias feitas pelos adversários, mas agora o FW36 parece ser o carro mais apto no grid – junto com a Red Bull – a desafiar a Mercedes.

O FW36 compartilha uma filosofia de desenho com a Mercedes – a colocação do intercooler: dentro do chassi ao contrário de outras equipes que o colocaram dentro de um dos tanques laterais. Esta solução ajudou, entre outras coisas, a manter o desenho cônico dos tanques laterais, uma característica fundamental para o FW36, cujo trunfo é seu baixo arrasto.

Veja onde está o intercooler e outros elementos do PU106 no carro da Williams

Ressurreição da McLaren?

A McLaren é sem dúvida, junto com a Ferrari, a equipe que tem mais desapontado todas as expectativas. Após o pódio marcado por Magnussen, na Austrália, a equipe de Woking vem lutando para encontrar soluções para tirar o máximo proveito do carro – questões que podem estar ligadas a uma má integração entre o chassi do MP4/29 e a unidade de potência da Mercedes. Finalmente, em Silverstone, vimos as coisas mudando com o MP4/29 fazendo uma corrida convincente. Em parte, isso se deve também às novas atualizações introduzidas no carro durante toda a temporada.

Em Silverstone, vimos um novo projeto de ranhuras cortando o assoalho, a fim de ajudar a reduzir as turbulências geradas pelo pneu traseiro.

Isso foi combinado com as últimas atualizações que tinham sido introduzidas na Áustria, como as novas palhetas sob o chassi.

E com as últimas modificações na suspensão traseira, agora com apenas um braço tipo “cogumelo”, com o objetivo de diminuir o arrasto e dar um melhor equilíbrio ao carro.

Suspensão traseira MP4/29

Estas modificações ajudaram Magnussen e Button a recuperar parte da competitividade perdida. O ritmo mostrado por Button no domingo foi muito encorajador para a continuação da temporada, tanto que o pódio não é mais um sonho distante.

O velho estilo Red Bull

Tem sido dito muitas vezes que com uma unidade de potência mais poderosa, a Red Bull poderia facilmente igualar o desempenho do Mercedes W05. O RB10, sem dúvida tem excelentes qualidades aerodinâmicas e parece ter mantido a filosofia de desenho tão incisiva de Newey. Eles construíram um carro que é significativamente inclinado para frente e com uma velocidade máxima inferior para favorecer a tração.

Inclinação do Red Bull RB10

Enquanto no ano passado esta era uma filosofia vencedora, este ano não parece estar funcionando. O mais provável é que isso esteja acontecendo devido ao fraco desempenho da unidade de potência Renault, mas o novo regulamento pode tê-los forçado a sacrificar seu precioso downforce em prol de menos arrasto, uma vez que está parecendo cada vez mais difícil encontrar mais carga aerodinâmica sobre o carro.

Após a derrocada austríaca, em Silverstone a Red Bull mostrou sinais de recuperação, embora ainda esteja a alguma distância da Mercedes (e agora até da Williams), enquanto o foco de Newey – em trazer novas peças a cada corrida – continua inabalável (como é a tradição na Red Bull). Desta vez, vimos uma nova asa traseira com um novo slot na placa da extremidade lateral e um novo suporte central estilo pescoço de cisne.

Houve também uma asa dianteira revisada, com uma aba em “L” por trás da seção cascata e novos slots na placa final.

A Red Bull é com certeza o carro não movido pelo motor Mercedes mais competitivo do grid, mas se há um mês parecia ser a única equipe capaz de arrebatar a vitória da dupla da Mercedes, agora Vettel e Ricciardo tiveram que se render ao domínio dos carros com unidade de potência Mercedes.

Ferrari de volta com os pés no chão

Na Áustria muitas pessoas destacaram o fato de Alonso terminar a corrida há “apenas” 18,5 segundos do Mercedes vencedor sem levar em conta as características da pista. Em Silverstone finalmente tivemos a ‘prova dos 9’. O F14-T, que largou em P16 terminou em P6 quase 60 segundos atrás de Hamilton e 40s atrás da Williams. Muito já foi dito sobre as fraquezas do 059/3 (turbina muito pequena, desenho sacrificado da unidade de potência para privilegiar aerodinâmica, etc.) Em última análise, vai ser muito difícil eles conseguirem repetir o pódio conquistado na China.

Estratégia de corrida: A luta com Alonso custou a Vettel uma chance de lutar pelo pódio?

*Clique na imagem para ampliá-la.

*Legenda dos pneus: H – Duro. M – Médio. (U) – Usado. (N) – Novo

Ao contrário do ano passado, a maioria das equipes optou por fazer apenas uma parada devido aos compostos mais duros de 2014, uma estratégia que ajudou Bottas e, acima de tudo, Ricciardo a manter suas posições. Só Ricciardo pareceu ser capaz de gerir os pneus, já que ele conseguiu fazer seu composto médio durar 36 voltas! Apesar de ter sido uma estratégia muito pobre da Red Bull, que pareceu incapaz de reagir à largada dupla, como a Ferrari fez descartando o composto mais duro. A se destacar mais uma vez, o grande desempenho de Bottas, que largou em P14 e foi capaz de escalar o grid terminando apenas atrás da imbatível Mercedes.

Apesar da linda luta orquestrada com Alonso, é possível que Vettel tenha perdido a chance de lutar pelo pódio. De fato, após suas últimas paradas, ambos foram mais rápidos do que Button e Ricciardo, mas uma vez que começaram a lutar – felizmente para nós, espectadores -, ambos perderam tempo significativo e o fosso construído ficou grande demais para ser superado em apenas algumas voltas.

Hockenheim

O GP da Alemanha no fim de semana de 18 a 20 de julho será disputado em Hockenheim, uma pista onde o downforce é menos importante do que em Silverstone. Os carros movidos pela Mercedes devem levar vantagem nas longas retas e poucas curvas de alta do circuito. A Williams tem tudo para confirmar ser a principal desafiante da equipe Mercedes.

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