Fórmula 171: Lutar contra o sistema é foda, Lewis Hamilton!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022 às 11:50

Lewis Hamilton

Colaboração: Victor Manoel de Oliveira Nunes

Lute por uma causa, desde que legítima; custe o que custar. Não importa se é minoria; se poucos irão apoiar de verdade; se o sistema é forte e farão das aparências para diminuir o alcance e eficácia; ou se você será retaliado sutilmente até o ponto de as tramoias ficarem evidenciadas para o público em geral. O mecanismo é foda e a única forma de combater é resistir.

No final, mesmo que tentem abafar, o estrago estará feito. E a reputação e história construída ao longo dos anos, jamais será a mesma. Quanto mais o tempo passa e a sujeira resiste a ir ao encontro do esconderijo embaixo do tapete, mais por força alheia que vontade dos jurássicos travestidos de terno e gravata, maior será a dimensão, auto irresponsabilidade e culpa por decisões flagrantemente irregulares, ilegais e obscuras.

Isso vale para todas as esferas em nossa vida. Quem não deve, não teme. Seguir as regras é a base para que o pacto social firmado seja efetivo. Recordemos o filósofo Locke, ao qual cada um de nós, devemos renunciar a nosso direito natural e transferi-la para a comunidade que só assim o Estado civil passará a existir de fato. Já imaginou se agíssemos sempre tal qual o pensamento exposto por Maquiavel: “Aos amigos os favores, aos inimigos a lei”? É perigosa que a travestida democracia de pensamento como esse último deva ganhar adeptos, justamente no esporte, em que geralmente o mais competente e preparado (psicologicamente, espiritualmente e porque não fisicamente) é o vencedor.

Esporte deve ser vida, ter agito, confronto, rivalidade, diversão e até mesmo ser entretenimento. Mas até que ponto vale a pena transformá-lo em um verdadeiro show business? Quebrando regras e manipulando o espetáculo somente para gerar falsa emoção, principalmente visando angariar um público que não acompanha corridas assiduamente?

Já não basta a vida real, cercada de infinitas falcatruas pelos parasitas que governam a nossa República Federativa, ao qual o povo não exerce a verdadeira soberania; os benefícios desta estão destinadas a pequena parcela da sociedade; por que defender passionalmente um ato ilegítimo que prejudicou decisivamente um oponente?

Em disputas intensas, comumente haverá um vencedor e derrotado. Todavia, a decisão final em Abu Dhabi inverteu a lógica padrão. Se houve alguém que saiu maior com a manipulada derrota, esse alguém foi Sir Lewis Carl Davidson Hamilton. Ele pode ter detratores pelas opiniões, modo de vida distinto, ser militante em legítimas causas, mas se você leitor tiver o mínimo de racionalidade e senso crítico possível, perceberá que ele foi verdadeiramente roubado na corrida decisiva do campeonato.

O octacampeão mundial de rali WRC, o francês Sebastien Ogier em lúcida e corajosa declaração afirmou que roubaram o título de Lewis Hamilton na última corrida e que não deveriam ter medo em dizer isso. Revelou ainda que embora tenha respeito pelo holandês Max Verstappen e que qualquer um deles merecesse ser campeão; pelo que aconteceu naquele final de semana, com o famoso carro de segurança, foi roubado.

Hamilton pai e filho

Percebam, ou melhor, era praticamente unânime que estávamos acompanhando o melhor dos melhores campeonatos na história da Fórmula 1 em anos; quiçá em décadas ou até mesmo “o campeonato”; e o órgão retrógrado, conduzido por figuras arcaicas e outras completamente despreparadas, simplesmente tiveram a proeza em destruí-lo, sem o menor constrangimento; imaginando que por fabricar um novo campeão, os telespectadores iriam anuir e esquecer rapidamente a assustadora manipulação.

Não era nascido em 1989; tão pouco tenho lembranças ou qualquer discernimento sobre a decisão do campeonato mundial de 1994; contudo, atitudes estapafúrdias a canetadas pela Federação Internacional de Automobilismo – FIA fazem parte de sua contestada história. Os fatos falam por si. Uma simples pesquisa básica na internet, atestará minhas afirmações. Não fosse isso, veríamos Ayrton Senna tetra campeão mundial e Schumacher hexa campeão.

Infelizmente, Hamilton foi roubado descaradamente por ser competente demais. Depois do esforço hercúleo, a começar pelo GP Brasil onde efetivou mais de 25 (vinte e cinco) ultrapassagens entre corrida classificatória e principal; passando pela vitória no GP do Catar e no GP da Arábia Saudita, esse completamente extenuante; justamente por infinitas imprecisões de regras e aplicação ou não da mesma, pelo incompetente e mau caráter diretor de provas; o campeonato que parecia perdido, chegou a corrida derradeira em igualdade de pontos e quem estivesse a frente no agito da bandeira quadriculada, seria o real e autêntico vencedor. Eram 03 (três) vitórias seguidas e verdadeiramente meritórias, incontestáveis. A de Interlagos, considerada por muitos, a melhor de sua vitoriosa carreira.

Vale registrar que na etapa da Arábia, o holandês foi punido 05 (cinco) vezes durante a prova, incluindo um brake-test; que se fosse executado literalmente as normas, teria sido sumariamente excluído do grande prêmio.

Portanto, para derrotar Hamilton (o único piloto negro vencedor em esporte dominado por brancos) somente o acaso; isto é: erro próprio, carro quebrar ou manipular regras e designar vencedor diferente. O final, todos já sabemos. Não aplicaram bandeira vermelha; não deixaram todos os carros retardatários ultrapassarem o líder para recuperar a volta sob a égide da bandeira amarela e conversas intensas no box entre as equipes, fizeram o mau caráter agir de forma sorrateira.

Óbvio que a Mercedes não iria parar o Hamilton nos boxes, sabendo que as regras estavam lá para serem cumpridas e faltando pouquíssimas voltas, não daria tempo para a relargada. A Federação Internacional de Automobilismo – FIA prejudicou clamorosamente Lewis e o mínimo que deveria fazer, além da demissão sumária do Michael Masi (sem nenhum vínculo, deveria mostrar o contracheque rs), seria conceder e dividir o título da temporada 2021 para Hamilton e Verstappen. Já esculhambaram mesmo a disputa. Menos do que isso é absolutamente nada! Infelizmente é utopia e a entidade não teria postura de nível ético para agir assim, reparando um erro danosamente e dolosamente crasso que perdurará na história.

Silêncio diz mais que infinitas palavras. Impressiona que mesmo o Patrão quieto na sua, resguardado, incomoda polvorosa quantidade de detratores. Vocês (haters) querem que ele convoque uma coletiva para dizer tudo aquilo que já sabemos e depois irem afirmar emotivamente aos quatro cantos que o inglês está de mimimi, se fazendo de vítima? O melhor nesse momento, é recompor-se internamente; longe dos holofotes, redes e mídias sociais completamente insanas e doentia. O baque dele ter lutado como um leão, em campeonato verdadeiramente intenso física e psicologicamente e sido roubado da pior maneira possível, na última volta, faz com que compreendamos e tenhamos empatia para que o maior de todos os tempos, em números praticamente absolutos, decida o que for melhor para sua saúde mental, bem-estar e principalmente, lutar por algo em que acreditar.

Não sejamos egoístas a ponto de defender irrestritamente a permanência de Lewis Hamilton no esporte em que as cartas estão marcadas; que “We Race As One” é apenas obra de um marqueteiro publicitário para melhorar a imagem perante o público, no esporte que em sua história, a igualdade nunca foi prevalente, sendo que a execução não está muito bem em consonância a teoria proposta.

Definitivamente a Fórmula 1 perdeu e dificilmente recuperará credibilidade com aqueles que possuem princípios, valores e repudiam todo e qualquer tipo de conduta antidesportiva, violadoras de normas e que não anuem para a velha máxima que vale tudo pela vitória. Fair Play sempre! Esses atos em sequência contribuem para que possa afirmar sem medo, de que a F1 não merece um piloto da integridade do Hamilton; tão pouco verdadeiros torcedores ávidos pelo esporte que consomem dezenas de milhares de reais todos os anos com produtos oficiais, assinaturas, ingressos, viagens e deixam de estar com a sua família ou realizar outras importantes atividades para ficar quase 02 (duas) horas à frente da televisão e presenciar manipulação, falcatrua, completo mau-caratismo e complacência dos envolvidos.

A Fórmula manipulada, com a anuência do órgão, insiste em não admitir o erro que levou a temporada do ano 2021, mais conhecida como 171, a ser maculada eternamente e sempre identificada pelo asterisco *. O próprio Ross Brawn sequer publicou no site oficial da Fórmula 1 a sua coluna pós corrida, justamente aquela mais aguardada por todos. Ora, se estivesse tudo ok, correto, direito, por que adotou tal medida? Em pequenos gestos, notamos e ratificamos o caos gerado.

Repito: esse Michael Masi deveria ter sido demitido sumariamente; imaginaram que fabricando novo campeão, tudo ficaria paz e amor; mas as redes sociais são infalíveis e a pressão sobre esse órgão que deveria resguardar a história e reputação do esporte só tende a aumentar, na medida que o tempo passa e nada é feito.

Saber perder faz parte do jogo. Desde que o mesmo tenha regras preestabelecidas e sejam cumpridas por todos, literalmente e indistintamente. Nada além. O verdadeiro e único “Patrão”, de carreira tão exitosa e meritória, das categorias de base, até ao suprassumo do automobilismo que não dependeu de qualquer sobrenome para construir equipe júnior e posteriormente ingressar na Fórmula 1; pelo contrário, a sua história de vida fala por si; a sua conduta dentro e fora das pistas, pautada na ética, lealdade, integridade e respeito; verdadeiro exemplo para futuras gerações, não merecia significante desprezo, desdém e desrespeito por parte da Federação Internacional de Automobilismo – FIA. Por que será tamanha falta de isonomia e compostura do órgão para com o britânico?

Oito* vezes campeão mundial. Único piloto negro a quebrar recordes sobre recordes; Maior em termos de números praticamente absolutos e na minha modesta opinião, o melhor de todos os tempos, mas essa discussão fica para um próximo capítulo; por que incomodar-se tanto pelo sucesso de um ser gente como a gente; que não tem medo em expor as diferenças, dificuldades e é modelo para uma legião de fãs e cidadãos espalhados pelo mundo; usando a força de sua imagem positiva para ações propositivas que ajudem incessantemente a busca por um planeta mais empático, saudável e menos desigual?

Realmente a pandemia (verdadeira provação ao qual estamos vivenciando) deixou o homem ainda mais perverso e egoísta. Lamentavelmente, atitudes reais e ausentes de legitimidade e legalidade, cada vez mais ganham adeptos (em todas as searas, sejam elas esportivas, jurídicas, políticas e até mesmo culturais) e lutar massivamente contra elas deveria ser um dever e não opção individual.

O inesquecível Charlie Whiting, desculpem o termo, deve ter se revirado no túmulo ao ver a absurda decisão adotada pelo pupilo australiano e mau-caráter Michael Masi. E não foi por falta de aviso. Decisões completamente contraditórias e irresponsáveis eram corriqueiras. Citando algumas (procedimentos no GP da Bélgica 2021 que culminaram em corrida fake de míseras 01, 02 ou 03 voltas? Negociações ultrajantes de punições no GP da Arábia Saudita 2021 com determinada equipe; inconsistências nas investigações (caso Kimi x Alonso – GP dos EUA 2021 e Hamilton x Max – GP do Brasil 2021); GP de Eifel 2020 x GP Abu Dhabi 2021.

Percebe-se, portanto, histórico completamente inconsistente, insensato e inseguro. O desfecho não poderia fugir disso: completamente trágico; para pesadelo de quem acompanha o esporte há anos e sempre primou por disputas ferrenhas, mas saudáveis e livres de interferências externas dentro das pistas.

Resta agora aguardar quais serão as morosas decisões enganosas e os próximos passos da FIA e a sua Fórmula 1 de aparências; mas torcedor inteligente e amante do automobilismo de verdade, estará sempre vigilante; porque não vale tudo pelo entretenimento, esquecendo as suas reais origens. Particularmente, não espero nada dessas entidades, da Liberty Media… A única certeza do Masigate, infelizmente, é a de que Lewis será eternamente prejudicado, uma vez que seu oitavo título em 2021 foi roubado descaradamente e sem qualquer cerimônia. Inclusive, foi até ameaçado ser penalizado pelo Presidente da Federação, em dezembro passado, por não comparecer ao circo armado, intitulado de Fake FIA Prize Giving 2021. Simplesmente esdrúxulo! Pífio! Patético! Típico de sistemas ditatoriais. Enfim, sobram adjetivos para esses seres desprezíveis, asquerosos…

Ademais, para aqueles que acreditam em carma, só remanesce esperar os resultados das próximas temporadas e verificar se o Max Verstappen, agraciado e maior beneficiado pelo título recebido de presente pela FIA, terá o mesmo destino de Fernando Alonso, ao vencer o armado GP de Singapura em 2008; dois pilotos de talentos incontestáveis e acima da média que tem/tinham tudo para quebrar recordes sobre recordes.

Victor Manoel de Oliveira Nunes
Natal – RN

Quer ver todos os textos de colaboradores? Clique AQUI

Os artigos publicados de colaboradores não traduzem a opinião do Autoracing. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate sobre automobilismo e abrir um espaço para os fãs de esportes a motor compartilharem seus textos com milhares de outros fãs.

AS - www.autoracing.com.br

Tags
, , , ,

ATENÇÃO: Comentários com textos ininteligíveis ou que faltem com respeito ao usuário não serão aprovados pelo moderador.