Formula 1 está “atirando no próprio pé”, de acordo com Boullier

sexta-feira, 8 de agosto de 2014 às 9:03

Fórmula 1

A Fórmula 1 está “atirando no próprio pé” ao se concentrar nos aspectos negativos e não promover suas virtudes a fim de ganhar novos fãs, de acordo com Eric Boullier, diretor de corrida da McLaren.

“Estamos atirando em nossos próprios pés no momento, com todos criticando, mas temos ótimas corridas em quase todos os finais de semana”, declarou Boullier ao site Autosport.

“Temos mais países interessados em sediar GPs, e deveríamos estar apoiando essas mudanças, porque é ótimo ver a Fórmula 1 indo para novos países. A categoria deveria estar se engajando mais com os fãs e as novas tecnologias”.

A Fórmula 1 está bastante preocupada com o que considera uma crise de popularidade. Temores em relação à queda da audiência televisiva e do número de espectadores nos circuitos levaram Bernie Ecclestone a estabelecer um grupo de trabalho de popularidade.

Niki Lauda, presidente não executivo da Mercedes, acredita que a culpa pela diminuição do número de espectadores nas corridas é dos promotores.

“Os promotores precisam dar uma olhada em Spielberg”, declarou ele. “A Red Bull é uma organização profissional e vendeu 80 mil ingressos (para o GP da Áustria) em três dias fazendo propaganda no rádio e na internet”.

“Há novas maneiras de vender ingressos, e os promotores precisam pensar no que podem oferecer aos fãs durante o fim de semana. Por que Silverstone foi um sucesso? Houve desfiles de lendas, mais corridas, o fim de semana inteiro foi diferente. Isso também tem de ocorrer em alguns lugares onde a promoção não é boa o suficiente”.

Ecclestone provocou furor anteriormente neste ano quando descartou a necessidade de a Fórmula 1 se engajar com as novas mídias a fim de aumentar sua audiência.

Toto Wolff, chefe comercial da Mercedes, discutiu diretamente com ele sobre o assunto, e avalia que a categoria precisa descobrir como tornar as novas mídias bem sucedidas em termos comerciais ao invés de simplesmente continuar fazendo as coisas do mesmo modo.

“Você pode ver uma certa estagnação da audiência televisiva, mas podemos ver aumentos enormes no mundo digital”, explicou Wolff. “Compreendo o problema de que não se pode prejudicar os clientes principais (emissoras de TV) e sonhar com grandes audiências nas mídias sociais se não for possível monetizá-las”.

“Esse é claramente um nó que precisamos desfazer. Na minha opinião, o mercado será completamente diferente daqui a dez anos”.

Monisha Kaltenborn, chefe da Sauber, avalia que a Fórmula 1 perdeu contato com sua base de fãs e precisa fazer mais a fim de estabelecer uma conexão emocional com o público.

“Estamos nos isolando tanto em nosso próprio mundo que não conseguimos mais criar emoção no fã”, disse ela ao Autosport. “Estamos indo em uma direção tão estéril que não podemos mais alcançá-los. O fã está perdendo o interesse em entender por que alguém abandonou (uma corrida) porque pressionou o botão errado, ou uma parte da unidade não funcionou”.

“As pessoas não conseguem mais se identificar. Não é empolgante. Se você simplificar as coisas, pode criar essa emoção. Não estamos nos conectando. Isso tem de ser alcançado tornando as regras muito mais simples”.

 

LS - www.autoracing.com.br

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