Fórmula 1 deve escolher motores mais barulhentos ou mais eficientes, diz Abiteboul

Cyril Abiteboul

Cyril Abiteboul da Renault acredita que a busca da Fórmula 1 por motores mais barulhentos será em detrimento da eficiência, o que anula a finalidade da unidade de potência híbrida V6.

À medida que a categoria continua a planejar suas futuras regras, os motores de som mais altos estão entre os requisitos do chefe esportivo, Ross Brawn, na tentativa de satisfazer os desejos dos fãs.

No entanto, as tentativas de impulsionar o som da atual unidade de potência impactariam sua eficiência, insiste Abiteboul, o que, por sua vez, questionaria toda a filosofia em torno da tecnologia híbrida e sua relevância no carro de rua.

“Fundamentalmente, deve ser aceito que não o faremos”, disse o chefe da Renault à emissora FM1033 de Montreal. “O som é energia. Se queremos motores poderosos com baixo consumo de combustível, devemos poder usar toda a energia disponível”.

“Se começarmos a converter essa energia em som, não conseguiremos um bom resultado em termos de eficiência energética. São dois objetivos contraditórios”.

Enquanto os fãs consideram os motores de som mais altos e penetrantes, como parte da emoção da F1, Abiteboul acredita que é apenas um capricho nostálgico ligado a uma era passada.

“É um problema de geração. Em breve, haverá várias gerações que não terão ouvido um motor V10 ou V8, para quem um motor silencioso será a norma”, expõe o francês.

“Eles estarão acostumados a outros tipos de sons: pneus rangendo, tração mecânica, aerodinâmica de um carro. O problema é que estamos no meio de uma lacuna de gerações e de tecnologias, e é um pouco complicado assimilar”.

Em suma, Abiteboul acredita que há muito barulho em torno da questão do som na F1.

“É uma questão de tempo”, diz ele. “Talvez a Fórmula 1 tenha se movido um pouco rápido demais, então, em certo sentido, está à frente do seu tempo hoje, e devemos aceitá-lo”.