FIA quer motores V8 ou V10 na F1 e planeja retorno até 2029
segunda-feira, 7 de julho de 2025 às 16:29
FIA avança em projeto para trazer os motores V8 ou V10 de volta à Fórmula 1
O presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, voltou a defender com firmeza uma mudança radical nos rumos técnicos da Fórmula 1. Durante uma mesa redonda com a imprensa especializada, ele declarou que o retorno dos motores V8 é, em sua visão, “o caminho certo” para o futuro da categoria. Mais do que apenas nostalgia, essa proposta representa uma tentativa de cortar custos, simplificar o desenvolvimento e devolver à F1 uma das características mais icônicas da era moderna: o som poderoso e inconfundível dos motores naturalmente aspirados.
Segundo o mandatário, as discussões sobre esse novo rumo começaram com força ainda no início de 2024 e, desde então, vêm ganhando cada vez mais apoio dentro do paddock. A FIA agora trabalha com a perspectiva de implementar essa mudança até 2029 — uma data que parece realista, considerando o ciclo de vida esperado dos motores híbridos que entram em vigor em 2026.
Proposta da FIA ganha força, mesmo com resistência inicial
Ainda em fevereiro, Ben Sulayem usou suas redes sociais para expor sua frustração com a complexidade das atuais unidades de potência híbridas. Na ocasião, ele sugeriu que a Fórmula 1 deveria considerar seriamente uma guinada para motores aspirados — como os lendários V10 e, principalmente, os V8 — utilizando combustíveis sustentáveis como forma de manter o compromisso ambiental da categoria sem depender exclusivamente da eletrificação.
Esse posicionamento surpreendeu parte do paddock, especialmente porque o regulamento técnico de 2026 já estava fechado. No entanto, a proposta encontrou eco em diversas equipes e figuras influentes dentro da Fórmula 1, que reconhecem os altos custos de desenvolvimento e a dificuldade de manutenção dos motores híbridos atuais. Com isso, a FIA conseguiu abrir espaço para formar um grupo de trabalho, responsável por estudar a viabilidade de motores aspirados movidos a combustíveis alternativos.
Apesar disso, como era de se esperar, os fabricantes de unidades de potência reagiram com cautela. Afinal, empresas como Mercedes, Ferrari, Red Bull Powertrains e Audi já investiram pesadamente nos projetos híbridos da próxima geração. Interromper ou substituir esse desenvolvimento exigiria uma renegociação ampla e, acima de tudo, tempo.
Por que a FIA acredita que o V8 é o caminho ideal?
Segundo Mohammed Ben Sulayem, os argumentos a favor do retorno dos motores V8 ou V10 vão muito além da nostalgia. De acordo com ele, a Fórmula 1 precisa urgentemente tornar suas tecnologias mais acessíveis e menos onerosas — tanto para as equipes quanto para os fabricantes independentes. E, nesse contexto, o V8 ou V10 naturalmente aspirado apresenta uma solução técnica e econômica bastante atrativa.
O dirigente explicou que os atuais motores híbridos exigem cifras astronômicas para desenvolvimento e produção. Só em pesquisa e desenvolvimento, os custos chegam a US$ 200 milhões por fabricante. Já uma unidade híbrida completa custa entre US$ 1,8 milhão e US$ 2,1 milhões por motor. Por outro lado, motores V8 simples, como os usados até 2013, são mais leves, fáceis de manter e muito mais baratos de produzir.
Além disso, o ganho de desempenho vai além do custo. Um carro equipado com V8 pode ser até 100 kg mais leve, o que melhora diretamente a dirigibilidade e reduz a massa total do carro — algo que, segundo os pilotos, prejudica o comportamento atual dos monopostos. Esse alívio no peso, combinado com um chassi mais compacto, resultaria em um carro mais ágil e responsivo. E, claro, o retorno do clássico ronco dos motores V8 traria de volta uma conexão emocional com o público.
“Esse é o motor que muitos OEMs já produzem em seus carros comerciais”, afirmou Ben Sulayem.
“Com isso, você reduz os custos, o peso e ainda recupera o espetáculo perdido. Não se trata apenas de nostalgia, mas de lógica técnica e financeira.”
Sustentabilidade permanece no foco da proposta
Mesmo com a intenção de abandonar parte da eletrificação, a FIA garante que continua comprometida com os objetivos ambientais da Fórmula 1. Para isso, o plano prevê o uso exclusivo de combustíveis sustentáveis, sintéticos ou de baixa emissão, o que garantiria o alinhamento com as metas de carbono neutro da categoria.
De acordo com Ben Sulayem, a eletrificação não é um fim em si mesma, mas apenas um dos caminhos possíveis. Se for possível atingir os mesmos objetivos ambientais com combustíveis limpos e motores menos complexos, então não há razão para não explorar essa alternativa.
“O nosso foco não é se o motor é híbrido, V8, V10 ou V12. O importante é atingir os números de sustentabilidade”, explicou.
“Se conseguirmos isso com combustível sintético e motores aspirados, melhor ainda. O híbrido não é obrigatório.”
Calendário da FIA mira 2029 para nova revolução técnica
Apesar do novo regulamento técnico já aprovado para 2026, a FIA vê 2029 como o momento ideal para implementar uma virada rumo aos motores aspirados. Como os motores híbridos previstos têm vida útil mínima de três temporadas, uma mudança completa antes disso seria inviável. Portanto, os próximos dois anos serão decisivos para formalizar esse plano.
“Se quisermos uma nova fórmula de motor, temos que decidir agora”, alertou Ben Sulayem.
“Só o desenvolvimento leva três anos. Então, 2029 é um alvo realista.”
O presidente da FIA também destacou que, diferentemente do que muitos pensam, a Fórmula 1 não é feita apenas de grandes fabricantes com recursos ilimitados. Muitas equipes enfrentam dificuldades para acompanhar o nível de investimento exigido, o que torna a proposta ainda mais urgente do ponto de vista esportivo e financeiro.
“Essa será a maior conquista da minha gestão”, diz Sulayem
Ao ser questionado se a troca para motores V8 seria o grande legado de sua presidência, Ben Sulayem não hesitou:
“Sem dúvida, essa será a maior realização da minha gestão. É a decisão certa para manter a Fórmula 1 viável, competitiva e emocionante.”
Além disso, ele ressaltou que a FIA já aplica conceitos semelhantes em outras categorias, como o rali, onde a entidade eliminou a eletrificação e adotou o uso de combustíveis sustentáveis de forma mais acessível. A ideia, portanto, seria replicar esse modelo técnico na F1, adaptando-o ao mais alto nível do automobilismo mundial.
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