Ferrari 458 Italia vs Lamborghini Aventador vs Porsche Turbo S. Por Adauto Silva

segunda-feira, 11 de março de 2013 às 18:06
lamborghini aventador x ferrari 458 italia x porsche turbo s

Acelerando supercarros!

Em fevereiro passado fui de novo para Las Vegas pelo terceiro ano seguido. Tenho alguns amigos que não são como eu e você. Eles não conhecem nossa paixão por carros e muito menos sabem que velocidade é vida! Por isso, veja só, me acusam de falta de imaginação! Onde mais você encontra Porsches, Ferrraris, Lamborghinis, McLarens e outros para acelerar numa pista real de corrida? Por enquanto, que eu saiba, só em Vegas. Você pode guiar os carros no limite? Não, mas pode chegar perto, se o instrutor confiar na sua tocada.

Desta vez escolhi três carros para andar; Porsche Turbo S twin-turbo de 530hp, Lamborghini Aventador de 700hp e Ferrari 458 Italia de 570hp. Foram 5 voltas no Porsche, 7 na Lambo e 7 na Ferrari. Qual é a melhor? Difícil dizer, muito difícil…

Então vamos analisar como foram as voltas com esses carros dos sonhos…

Primeiro é necessário dizer que a pista mudou. Pelo terceiro ano seguinte a pista era diferente. Melhorou, esta foi a melhor pista de todas, mas por isso não pude aproveitar o conhecimento que já tinha das pistas anteriores. Os instrutores também melhoraram bastante. O da Porsche é conhecido lá como “Bear” e é um cara muito legal que incentiva você a acelerar. O da Lambo fala pouco, o que menos te enche o saco, porém fez com que eu trocasse as marchas da Aventador muito antes do redline, o que prejudicou muito o tempo de volta, mesmo que eu tenha conseguido descontar parte desta perda nas curvas.

O instrutor da Ferrari era bom, mas eu estava muito ansioso e guiei mal a 458 Italia, que é um carro fantástico, muito rápido, mas que sofre intervenção muito cedo do controle de tração.

Comecei pelo Porsche Turbo de 530 hp. Eram apenas 5 voltas, o que definitivamente é muito pouco. Entrei na pista uns 5 a 6 segundos atrás de uma Lambo Aventador. O Porsche impressiona muito na aceleração, seus dois turbos sequenciais fazem com que sua saída de curva seja a melhor entre todos os carros e portanto você aproveita melhor as retas. O Porsche pede uma tocada suave e apresenta um ligeiro subesterço no meio da curva, quando você quer carregar velocidade na entrada e no apex. Mas a saída de curva dele é impressionante, você gruda no banco como se fosse arrebentar o encosto. O controle de tração é o menos invasivo dos carros que guiei até hoje, o que só faz com que seu controle e diversão aumentem muito. Em 4 voltas cheguei na Lambo Aventador e foi uma sensação muito gostosa ter conseguido ultrapassá-la, afinal não é todo dia que você ultrapassa um monstro de 700hp. O Bear também vibrou soltando um “Caramba, você espancou a Aventador!”

Dos três carros que guiei o Porsche é aquele que eu teria aqui no Brasil, lógico, se tivesse grana para isso. O Porsche é um pouco mais alto que os outros e por isso mais capaz de literalmente enfrentar nossas vergonhosas ruas cheias de buracos, valetas e lombadas. Ele é também o mais amigável. Você pode levar sua avó para passear, pode ir jantar fora com sua gata, pode pegar uma estradona com muitas retas e depois outra cheia de curvas. E pode levá-lo num track day e tranquilamente dar pau em todo mundo. É uma obra-prima da engenharia, provavelmente o carro que melhor alia adrenalina e conforto.

Em seguida entrei na Aventador. Expectativa lá em cima, pois nunca imaginei um dia guiar um carro de 700hp numa pista. Eu sou um cara alto, 1,88m e com o capacete (obrigatório) minha cabeça ficou prensada contra o teto. O jeito foi escorregar a bunda para frente e ficar numa posição um tanto escrota e desconfortável. Mas vamos lá, o que vale sempre é a adrenalina. O instrutor era um cara mais marrudão, assim como o carro. Deu as explicações iniciais e deixou bem claro que eu devia trocar as marchas ao seu comando. Saímos para a pista e logo na reta não senti aquela força do Porsche, o que foi um pouco decepcionante. Mas logo na primeira curva vi que a Lambo aceitava uma freada mais dentro e pedia uma tocada mais agressiva, na verdade, bem mais agressiva.

Na segunda volta – apesar da posição desconfortável -, eu já estava gostando demais da Aventador e sentindo muita confiança nela. Reparei que o instrutor mandava trocar as marchas muito antes do redline, tipo 2 mil rpm antes. Mas não deixei que aquilo me frustrasse e pensei em fazer as curvas o mais rápido possível para compensar. Lógico que isto levou minhas emoções as alturas, pois parecia que eu estava fazendo voltas de classificação. Comecei a estranhar que não aparecia nenhum carro na minha frente, afinal eu achava que estava muito rápido. Quando acabaram as voltas o instrutor disso que estávamos sozinhos na pista, por isso não apareceu ninguém.

Adorei aquela Lambo, que tem um ronco poderoso, grosso, um chassi com muita rigidez contorcional, e um controle de tração que, apesar de não ser tão bom quanto o do Porsche, não atrapalha tanto. Mas acima de tudo gostei da tocada agressiva que ela pede. Ela escorrega um pouco no apex da curva, mas não é difícil controlá-la, às vezes sai nas quatro, mas volta para a linha com ligeiras bombadas no acelerador. A Aventador é um verdadeiro supercarro.

O dia tinha acabado para mim, mas não para um grande amigo que foi junto e que guiou quatro carros naquela terça-feira. Eu estava extremamente satisfeito, radiante mesmo. Tinha guiado dois supercarros numa pista muito legal e com instrutores que não foram pentelhos. O que mais eu podia querer?

E então fomos para o hotel olhar as voltas gravadas onboard. E aí minha surpresa, já que eu achei que tinha sido bem mais rápido com a Lambo do que com o Porsche. Na verdade andei igual, inclusive no mesmo décimo de segundo! Mas como, se a sensação na Lambo era de mais velocidade? O jeito era olhar direito os vídeos e ver exatamente o que tinha acontecido. E foi fácil perceber… o Porsche era muito mais rápido nas retas. Além dos dois turbos empurrando o carro alemão nas saídas de curva, na Lambo eu tive que trocar as marchas muito antes do limite e por isso perdia quase 30 km/h de final só na reta principal!

Aí fiquei bravo, mas falando com meu amigo, ele me deu uma dica valiosa: “Fala para o instrutor que você não gosta de trocar marcha e vai no automático,” disse ele. “Indo no automático o carro troca as marchas sempre no redline.” Nunca imaginei isso. Pra mim andar no automático é coisa de tio. Eu queria mesmo era carro manual, fazer punta-taco e etc. Mas ele tinha razão e vi isso na quinta-feira, quando voltamos na Exotics para mais um dia de pura alegria.

Na Exotics eles tem duas Ferraris 458 Italia, mas naquele dia uma delas estava parada. Então havia uma fila para andar na única disponível. Comecei a ficar ansioso, já que aquela turma que estava andando ia destruir os “meus” pneus e freios. Eu olhava o pessoal andando e ficava torcendo para que fossem devagar, não acabassem com o “meu” carro!! A ansiedade só aumentava…

Enfim chegou a minha vez. Ao chegar perto da 458 e andar ao redor dela fiquei absolutamente hipnotizado. Ela é completamente linda, perfeita, curvas harmoniosas, tem um certo ar misterioso, convidativo. É um pouco baixinha, é verdade, mas como dizem que os maiores venenos estão nos menores frascos…

Resolvi que ao entrar nela eu ia conversar com o instrutor para ganhar algum tempo e ver se os freios esfriavam um pouco. Contei a ele aquela história que eu não gostava de trocar marchas e por isso queria ir no automático. Ele concordou. Passamos menos de 10 minutos conversando e fomos à pista.

Logo de cara ao entrar na pista, aquele ronco sublime invadiu a cabine e já cravei o pé no fundo na entrada da reta. O controle de tração imediatamente segurou o carro e o instrutor disse que não podia fazer aquilo porque segura o carro e tal… mal sabia ele que fiz a mesma coisa com a Porsche e a Lambo. Mas vamos lá, primeira volta e achei que a Ferrari estava escorregando demais nas curvas. Imaginei que fosse por causa dos pneus frios e que a segunda volta fosse melhor. Foi mesmo, mas não muito.

A 458 é um carro quase 200 kg mais leve que a Aventador, por isso ela é tão rápida quanto, mas pede uma tocada mais suave. Não me toquei disso na hora e quis guiá-la como guiei a Lambo. E não estava dando muito certo, pois eu estava escorregando muito nas entradas, apex e saídas de curva. Até que num determinado momento eu quis fazer o “S” que antecede a reta de pé cravado. Dava para fazer e fiz, mas o instrutor ficou bravo, disse que não podia fazer aquilo, que se fosse com a Aventador eu ia passar reto (eu tinha feito e não passei reto) e etc.

Bem, pelo menos a “bronca” do cara serviu para refrear um pouco meu animo, tirei a faca dos dentes e passei a guiar mais redondo nas 2 voltas que ainda tinha pela frente. Lógico, o tempo melhorou bastante e fui quase 2s mais rápido com a 458 do que tinha sido com Porsche e Aventador!

Adorei a Ferrari, mas não minhas voltas nela. Difícil explicar? Não, é fácil. O carro é maravilhoso, mas tem que guiar mais redondo, senão ela escorrega demais e o CT atua em quase todas as saídas de curva, até porque ela tem tração apenas na traseira, enquanto o Porsche e a Lambo Aventador tem nas quatro. Guiar com o CT desligado deve ser muito melhor, mas não pode, faz parte das regras e é perfeitamente razoável que seja assim!

De qualquer maneira eu ainda vou voltar lá para guiar essa Ferrari novamente. E tratarei melhor essa belissima ragazza italiana!

Veja os vídeos. A velocidade aparece em milhas por hora.

PORSCHE TURBO S

LAMBORGHINI AVENTADOR

FERRARI 458 ITALIA

AS - www.autoracing.com.br

Tags
, , , , , ,

ATENÇÃO: Comentários com textos ininteligíveis ou que faltem com respeito ao usuário não serão aprovados pelo moderador.