Fernando Alonso: uma estrela em ascensão 26/09/05

segunda-feira, 22 de novembro de 2010 às 23:04
Fernando Alonso

No início, o pequeno “Nanín” herdou um kart que originalmente foi construído pelo pai para a irmã mais velha. Com o abandono das pistas por parte de Lorena, o garoto teve sua chance. Após anos de aprendizado e apoio familiar constante, Fernando Alonso chamou a atenção da Renault, que voltava à Fórmula 1. Hoje, a equipe e o piloto espanhol formam uma das mais sinérgicas parcerias da categoria. Leia a seguir a trajetória meteórica do garoto que, aos três anos de idade, antes mesmo de conhecer bem o próprio idioma, já acelerava um kart.

O que dizer de alguém que, já aos três anos de idade, disputou sua primeira corrida de kart? Precoce parece ser a palavra que melhor define Fernando Alonso, piloto da equipe Renault F1 Team. Afinal, em todas as categorias que competiu em mais de 15 anos de carreira, este piloto de 24 anos sempre foi o mais jovem. Mas não é só isso o que caracteriza sua precocidade.

As corridas eram a paixão de seu pai, José Luis Alonso, um engenheiro que resolveu construir um kart para que a filha, Lorena, começasse a competir aos oito anos de idade. Mas logo se percebeu que a garota tinha outras predileções, e o bólido familiar foi herdado por “Nanín” – apelido familiar de Fernando – que começou a usá-lo imediatamente, apesar de nem bem conhecer direito o próprio idioma.

O primeiro grande problema foi justamente o tamanho de menino, fato que obrigou a uma adaptação dos pedais do kart da família para que Fernando pudesse alcançar os controles de seu novo brinquedo. O jovem Alonso logo mostrou grande aptidão e as aspirações de José Luis e do restante da família, que também abraçou o sonho paterno, começaram a ser recompensadas. “No início, era como uma brincadeira”, conta o pai orgulhoso. “Mas logo percebemos que Fernando tinha algo a mais em relação aos pilotos de sua idade”, continua José Luis, que foi o mecânico e preparador de Alonso até 1988.

Fernando Alonso

Fernando “brincou” com seu kart até 1988. Naquele ano foi realizado na Espanha o primeiro torneio mirim de kart e a família Alonso achou que já era hora do garoto levar o hobby mais a sério. Mostrando estar em um nível impensável para seus jovens rivais, Alonso conquistou seu primeiro título vencendo todas as oito corridas da competição. A partir daí, o jovem Nanín passou a construir a fama que o tornou um grande nome do kartismo internacional, conquistando títulos todos os anos, sem parar.

Mas, à medida que o tempo passava e Fernando aumentava seu status dentro do esporte, os custos também ascendiam. A certa altura, estava claro que Alonso não poderia seguir sua carreira sem apoio externo. Foi quando, em 1993, ele fez uma corrida a convite de Genis Marcó, dono da empresa Genikart, que importava equipamentos e participava de competições na Espanha. Fernando sabia que este era o seu momento de tudo ou nada em termos de carreira, e não deu chances a ninguém, vencendo a prova inapelavelmente.

Marcó então levou Alonso para disputar o Campeonato Espanhol, e a partir daí José Luis deixou de ser o mecânico e preparador do kart de Fernando. Genis Marcó passou a fornecer equipamentos para o piloto. No final de 1995, o espanhol também passou a contar com o auxílio da IAME, a Ferrari do kartismo, que bancava as custas de viagem. Mesmo assim, à medida em que seu nível de competição ficava mais sofisticado, faltava dinheiro. Por isso, aos 13 anos, Fernando começou a trabalhar como mecânico para os garotos mais jovens, algo que também lhe ensinou muito sobre a dinâmica dos bólidos de competição. Mas, aos 14 anos, o piloto já contava com apoio financeiro integral.

Fernando Alonso

Paralelamente, a família Alonso fazia questão de não relaxar a educação do jovem prodígio. De fato, não tivesse Fernando sempre boas notas na escola, sua mãe teria encerrado o sonho acalentado por pai e filho. Mas até na escola o jovem asturiano contava com ajuda. Seus colegas lhe passavam as lições das aulas que ele perdia e os professores compreendiam as necessidades do jovem desportista, marcando datas especiais para suas provas e entrega de trabalhos.

“Meus pais sempre me incutiram os valores mais nobres”, lembra Fernando. “Eu sabia que praticar meu esporte significava sacrifícios por parte deles. Ambos trabalhavam duro, e eu estava ciente que boa parte do que ganhavam era gasto no kartismo. Por isso, a melhor recompensa que eu poderia ter era ver a expressão no rosto de meu pai depois de uma vitória. Isso não tinha preço”. Mas não era só dinheiro: para disputar (e vencer) o Campeonato Italiano, pai e filho viajavam rotineiramente 2.000 quilômetros no carro da família: “Saíamos na quinta-feira após a aula”, lembra José Luís. “Eu dirigia e Fernando ia dormindo no banco de trás. Voltávamos no domingo, depois da corrida. Eram mais 18 a 20 horas de estrada sem parar…”

Depois do kart, Fernando competiu em 1999 na Fórmula Nissan, com a equipe do ex-piloto de F-1 Adrián Campos, que ficou fascinado com um teste realizado por Alonso pouco antes. Fernando conquistou nove pole positions, oito melhores voltas e seis vitórias. O título foi ganho logo na primeira temporada, em uma final dramática na qual precisava vencer e fazer a volta mais rápida. Sua vitória nesta categoria lhe proporcionou um teste pela equipe Minardi de F-1, em Jerez de La Frontera (Espanha), sob intensa chuva. Novamente, Alonso impressionou.

Fernando Alonso

O ano seguinte foi difícil, pois a direção da equipe de Fórmula 3000 Astromega não confiava na maturidade e capacidade técnica do jovem de 17 anos, que já estava às portas da F1. Depois de um começo conturbado, os resultados começaram a surgir quando o time passou a dar mais atenção às informações passadas por Fernando. O primeiro pódio – um segundo lugar – aconteceu na Hungria, e a primeira vitória foi obtida na Bélgica, onde Alonso também foi o pole position.

Em janeiro de 2001 Fernando foi contratado pela Renault F1 Team, que preparava seu retorno à categoria máxima do esporte. Assim, para que ganhasse experiência, ele foi inscrito em 2001 como piloto da equipe Minardi, que já conhecia seu talento do teste que lhe havia sido oferecido como prêmio pelo título da F-Nissan.

Fernando Alonso

Alonso estreou na Fórmula 1 no dia quatro de março de 2001, na Austrália, tornando-se, aos 19 anos, o segundo piloto mais jovem a correr na categoria máxima do automobilismo em toda a história – o mais jovem foi o mexicano Ricardo Rodríguez, que competiu na década de 1960. A temporada, no entanto, foi frustrante pelas limitações do equipamento, embora tenha sido proveitosa em termos de aprendizado – e este era o objetivo da Renault para seu pupilo. No ano seguinte, Alonso passou por outra fase de adaptação, desta vez dedicando-se inteiramente à tarefa de piloto de testes da Renault F1 Team.

A estréia pela equipe francesa finalmente aconteceu em 2003. Logo na segunda etapa, Malásia, o espanhol conquistou sua primeira pole – o mais jovem da história a fazê-lo – e terminou em terceiro lugar. Foi neste ano ainda que aconteceu a primeira vitória de Alonso na F1, que também foi a primeira da Renault após seu retorno à categoria, no GP húngaro. Tornava-se, assim, o mais jovem vencedor da Fórmula 1 – com 22 anos e 16 dias de idade, superando Bruce McLaren, vencedor do GP dos Estados Unidos de 1959 com 22 anos e 104 dias. Estes episódios, tão precoces quanto o próprio autor, deram origem ao fenômeno “Alonsomania”, verdadeira febre entre os torcedores espanhóis.

Fernando Alonso

Em 2004 Alonso teve novamente Jarno Trulli como companheiro. Desta vez, com a Renault oficialmente em sua terceira temporada, a equipe francesa já se impôs entre as grandes. Fernando terminou em quarto, com Trulli em sexto. Foi uma espécie de ano de transição, no qual a Renault preparou-se para o grande salto, que ocorreu em 2005. Nesta temporada, até as vésperas do GP do Brasil (17ª e antepenúltima etapa), a bordo do R25, Fernando havia vencido seis vezes (Malásia, Bahrain, San Marino, Europa, França e Alemanha) e conquistado cinco segundos lugares (Espanha, Inglaterra, Canadá, Itália e Bélgica), assumindo a liderança do campeonato já na segunda prova. Entre os construtores, a Renault também liderou toda a competição até o GP do Brasil.

O ano de 2005 coroou uma parceria impressionante entre Fernando Alonso e a Renault F1 Team, time no qual o espanhol encontrou a estrutura ideal para atingir sua plenitude. Hoje, o nome de Alonso está presente em todas as listas que apontam os pilotos mais completos da Fórmula 1. E a Renault é referência obrigatória quando se fala em equipes de ponta. É expressão máxima do automobilismo moderno: homem, equipe e máquina em total sinergia.

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