Fernando Alonso e Honda voltam para a McLaren

sábado, 13 de dezembro de 2014 às 19:22

Fernando Alonso

Colaboração: Daniel Gimenes

Piloto espanhol retorna para Woking após tumultuada passagem em 2007, enquanto fabricante japonês quer reviver parceria vitoriosa dos tempos de Senna e Prost.

Agora é oficial, no meio da semana a McLaren anunciou a dupla de pilotos para 2015: Fernando Alonso e Jenson Button. O espanhol defenderá as cores da equipe britânica sete anos depois de deixá-la no maior escândalo que a McLaren já protagonizou na categoria, o de espionagem industrial. E ironicamente, um dos pivôs disso tudo foi o próprio Alonso, que inclusive teve e-mails divulgados, no qual chantageava a cúpula da equipe de divulgar o que sabia sobre o escândalo caso não recebesse tratamento de primeiro piloto. A época Lewis Hamilton estreava na equipe, e Alonso, que era o atual bicampeão da categoria, teve de dividir as atenções com um novato, que demonstrou talento e conquistou a equipe. O time espionado pela McLaren foi a Ferrari, que tinha como fonte de informações passadas aos britânicos o chefe dos mecânicos Nigel Stepney, falecido ano passado.

As consequências foram severas para a tradicional equipe inglesa, que perdeu todos os pontos obtidos do mundial de construtores, que por consequência ficou na última posição do campeonato, mesmo tendo disputado o título até a última etapa em Interlagos, quando o azarão Kimi Raikkonen, ironicamente da Ferrari, venceu a corrida e o título no Brasil.

Alonso deixou a equipe, que por pouco não foi suspensa do campeonato seguinte, e declarou para os quatro ventos que para a McLaren jamais voltaria. Aliás, esta era uma certeza de todos que sabiam pelo menos que um F1 possui quatro pneus.

O tempo passou, os dólares e a exigência da Honda falaram mais alto. É claro que a fabricante japonesa impôs um piloto rápido e vencedor para a equipe. Aliás, no anúncio oficial, foi mencionado o fato da equipe inglesa possuir a dupla mais vencedora da categoria atualmente, com dois campeões mundiais que juntos acumulam três títulos, o que não é verdade, pois a Ferrari com Vettel e Raikkonen tem cinco títulos na bagagem, e muito mais recentes quando comparados à dupla da McLaren. Alonso venceu em 2005 e 2006, Button em 2009, enquanto Vettel venceu em 2010, 2011, 2012 e 2013, e Raikkonen em 2007.

McLaren acertou em manter Button

É fato que a equipe McLaren acertou em manter Jenson Button, pois além de experiente, o piloto é rápido e consistente, muito mais que a tal promessa de 2014 Kevin Magnussen, agora rebaixado a piloto de testes. Não acredito no potencial do Kevin e, ao que parece, a McLaren também não. Tendo visto que o garoto, em seu ano de estreia, marcou metade dos pontos de Button. Se fosse um ás do volante teria andado mais. Não tenha dúvidas disso. Lewis Hamilton quase foi campeão em seu primeiro ano, e isto sim faz de um piloto um ás da categoria. Claro, o carro era muito melhor, mas ele peitou Alonso, já Magnussen perdeu para o Botão!

Se a McLaren acertou em manter Button, o mesmo não posso afirmar do piloto inglês, que errou ao permanecer na equipe, e porque não, na categoria. Dono de um título improvável em 2009, o inglês é um piloto que poupa equipamento e chega ao final das provas normalmente com um carro rápido, porém, sem o brilho de outros campeões, ou a agressividade destes. Ele é importante para a equipe, principalmente no desenvolvimento de um novo carro e motor, mas ser companheiro de Alonso não é nada producente. O espanhol destrói os companheiros de equipe, e com Button não será diferente. O endurance seria o melhor caminho para o inglês, que com seu estilo, faria certamente historia em Le Mans.

Chances de fracasso

O motor Honda não rendeu o esperado nos primeiros testes pela McLaren, e este é um indicador forte de que a equipe pode continuar a ter problemas durante a temporada. O domínio deverá mais uma vez ser da Mercedes, e Alonso deverá assistir a Lewis Hamilton vencer o terceiro título e continuar “apenas” com o bicampeonato de 2005/2006. O que para Alonso deve ser um chute bem dado nos colhões. Isso se Hamilton não for tetra em 2016. Com os motores congelados e a Mercedes andando tudo o que anda, essa é uma forte possibilidade. Rosberg? Não é e nunca será páreo para Lewis (em condições normais).

Caso a McLaren não vença corridas e o título nas próximas temporadas, Alonso sairá mais uma vez brigado de lá, como em todos as outras equipes pelas quais passou e não venceu. Ficará marcado como possivelmente o maior piloto de uma geração e um dos que menos títulos conquistou dentre os que venceram o campeonato. É fato que desde que trocou a Renault pela McLaren em 2007 o espanhol nunca mais esteve em um carro francamente favorito ao título. E isto se deve exclusivamente às suas confusões e escolhas.

Honda engata a quinta

A Honda entra na categoria pela quinta vez, onde esteve na década de 1960, vencendo uma corrida com equipe própria através de Ritchie Ginther, no México em 1965. Retornou na década de 1980 onde conquistou dezenas de vitórias e cinco títulos mundiais. Na segunda metade da década de 1990 retornou de forma indireta com a parceria com a Mugen, onde venceu quatro provas, sendo uma vitória de Olivier Panis em Mônaco 1996, uma de Damon Hill na Bélgica em 1998 e duas de Frentzen na França e na Itália em 1999.

Em 2000 ela voltou de forma oficial, fornecendo motores para a BAR e para a Jordan. Em 2006 comprou a BAR e formou a própria equipe novamente, e venceu apenas o GP da Hungria de 2004 com Jenson Button. Para 2009 a equipe se retirou da categoria em meio à crise mundial e após se arrastar com uma “carroça” nos dois anos anteriores. A equipe e o carro de 2009 foram literalmente dados para Ross Brawn, assim como os pilotos. Resultado, a Brawn foi campeã com Button e emplacou um terceiro lugar com Barrichello, porém, o carro era equipado com motor Mercedes, que com um ótimo chassi, andou a frente da McLaren, a equipe oficial da marca alemã na época. É esperar para ver. Que venha 2015.

Gasolina na veia galera!

Daniel Gimenes
São Paulo – SP

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