F1- Uma análise muito particular de talentos

quinta-feira, 4 de julho de 2019 às 1:25

Lewis Hamilton e Max Verstappen

Colaboração: Antonio Carlos Mello Cesar

Um velho tenista, apaixonado pelo esporte, veterano das quadras paulistas, hoje instrutor da modalidade, sustentava que o fator determinante da supremacia de Nadal, Djokovic, Federer sobre os demais, está no poder mental. Os vinte melhores ranqueados possuem a mesma estrutura, treinam igual, donos de técnica assemelhada, mas invariavelmente terminam derrotados por esses três senhores das quadras.

E na F1, o básico, decisivo componente de vitórias, diria eu, sem medo de errar, é o carro. Coloque Lewis Hamilton, badalado, virtuoso penta campeão, na equipe Renault e certamente no próximo GP sua ambição, mais positiva, resumir-se-ia a meros pontinhos entre oitavo e décimo lugares.

Depois do Bahrain 2019, foram realizados testes coletivos no circuito, Russell, piloto Junior Mercedes, durante a prática, dirigiu o carro da estrela prateada e cravou a melhor marca do dia, quase três segundos mais rápido que sua posição de largada, com Williams, neste mesmo autódromo.

Frente o imperativo, uma pergunta: Habilidade, dom natural, coragem, foco, entrega, pilotos estão piramidados num plano inferior? No topo, tecnologia, engenheiros, projetistas, verbas bilionárias?

Refletindo sobre a melhor resposta, posso concluir que o talento, quando nitidamente reconhecido, conduz o jovem aspirante á campeão, rumo ao carro vencedor. Agora, se o talento, apesar de visível, não tiver a devida excelência, mesmo em face de grande oportunidade, ira sucumbir, caso dos brasileiros Rubinho e Massa, ótimos pilotos, porém faltou-lhes a excelência.

Barrichello, nos tempos de Ferrari, poderia ter agregado ao seu histórico mais algumas vitórias e poles. Na Brawn desperdiçou a chance real de tornar-se campeão mundial, batido por Jenson Button, companheiro de equipe. Massa após um pífio desempenho em comparação com Alonso, na equipe de Maranello, praticamente afundou sua carreira, passando de protagonista a mero coadjuvante.

O velho chavão, “lugar certo na hora certa”, pode tranquilamente ser atribuído a Vettel, e lhe valeu inúmeros triunfos, quatro campeonatos, algo exagerado. Sebastian depende de um carro perfeito, rigorosamente acertado ao seu estilo de pilotagem, neste ambiente é deveras eficiente, contudo sem atingir picos de maestria.

Genialidade, destreza, raro dom, predicados de um tetra campeão, desígnio alçado por apenas cinco pilotos, nos quase setenta anos de F1, contestável o alemão fazer parte desta galeria, costado de nomes como Fangio e seu compatriota Schumacher. O galardão de suas vitórias, à época, tem amparo numa ótima matéria-prima, o carro da Red Bull.

Bottas usurpa o cobiçado assento da Mercedes, de nada adiantou o recesso nas montanhas geladas, meditação, rigorosos exercícios físicos sob a neve, objetivando derrotar Hamilton. Aos poucos, após surpreendente início, volta à condição de escudeiro. Aqui posso quebrar a língua, dependendo de como irá terminar a temporada, mas não creio no Valtteri.

Por falar em segundo piloto, Raikkonen notabilizou-se por desempenhar esta função de forma competente, primeiro para Alonso, depois para Vettel. Dizem que está rico, talvez tenha sido a meta, deste também finlandês, após o título de 2007.

Há muito escuto a seguinte frase: Poucos, ao redor do mundo são capacitados para dirigir um F1 de maneira competitiva; dos que alinham no grid, seis, no máximo sete podem vencer corridas e somente três reúnem condições para o troféu de campeão mundial. Todavia, uma equipe, um projeto de carro e motor contraria radicalmente essa regra.

Estabelecido o princípio dos três notáveis, destacaria: VERSTAPPEN magnífico, espetacular, aprumado com Jim Clark, Senna, Villeneuve; LEWIS HAMILTON veloz, técnico, capaz de tirar o máximo do equipamento em qualquer condição, pari passu com Schumacher; RICCIARDO rápido, preciso, sem erros, dono das mais impecáveis ultrapassagens.

Antonio Carlos Mello Cesar
São Paulo – SP

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