F1, um tema para discutir

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019 às 18:28

Fórmula 1

Colaboração: Antonio Carlos Mello Cesar

A F1 anda pródiga em produzir coisas que a tornam cada vez mais distantes dos seus verdadeiros objetivos, uma competição esportiva, tendo a velocidade, disputa, habilidade de seus protagonistas, como principal fator. Em outro plano, algum tipo de evolução tecnológica, testada nas pistas, que venha emprestar melhor desempenho, segurança, economia aos veículos de rua.

O mundo mudou, no trânsito, limites de velocidade cada vez mais baixos, incentivo a modelos alternativos para deslocamento urbano, bicicletas, transporte público etc. Busca por energia limpa, proteção a pedestres e provavelmente, com o advento do 5G, onde tudo estará conectado, os carros auto dirigíveis serão uma realidade próxima. Como fator importante, no desenvolvimento veicular, a Fórmula E parece incorporar-se melhor aos novos tempos.

Sem a fobia de ícone tecnológico, deveria a categoria (F1), concentrar esforços em ser apenas um grande evento esportivo, dotada de regulamentos e estrutura que possibilitasse maior igualdade de força entre os participantes, custos muito menores, atraindo, novas equipes, melhorando as que la estão.

Absoluta falta de competitividade tem gerado corridas monótonas, uma ou duas equipes dominantes, impõe aportes financeiros estratosféricos, matando rivais. Com 30% do valor dos atuais motores, seria possível gerar um engenho menos sofisticado com a mesma potência, irreal, um bico dianteiro, desses que são trocados em tudo que é corrida, custar, segundo Luciano Burti, (U$120.000) R$450.000,00, ao passo que um Toyota Corolla é vendido nos EUA a R$66.000,00, ou seja, quase sete carros = um bico.

Esta disparidade de poder produz campeões com dados estatísticos exagerados e os colocam como verdadeiros deuses da velocidade. Michael Schumacher, talento inquestionável, porém na Ferrari, seus triunfos foram corroborados por companheiros de equipe submissos, pela falta, no grid, de mais carros velozes o suficiente para enfrentar o bólido vermelho.

Seguindo a mesma esteira, Vettel e Hamilton engordam seus currículos, até pelo maior número de provas ao longo do ano e ausência de adversários.

Para bem exemplificar, tomemos por base 1985, cinco equipes fortíssimas na disputa, oito pilotos, dependendo de alguns fatores, brigavam pelo título. Das 16 etapas, vitórias de Prost cinco, Senna duas, Keke Rosberg duas, Alboreto duas, Mansell duas, Lauda uma, Elio de Angelis uma, Piquet uma.

O que falar, então, de 1982, 16 etapas, onze diferentes vencedores. Assim vai: 1975 14 provas – 09 vencedores/ 1968,12 provas – 07 vencedores, não vale, aqui, ficar enumerando temporada após temporada, mas garanto que até 1990, com raras exceções o equilíbrio era constante.

Fazendo uma inversão de números, poderíamos dizer que Jackie Stewart, apesar de “apenas” 27 vitórias, perdeu 72 corridas durante sua carreira, enquanto Michael Schumacher foi derrotado por 217 vezes. Clark, 33 poles, deixou de largar nesta posição em 40 oportunidades, já o alemão, amargou 240 tentativas frustradas de partir a frente do grid.

Câmeras digitais de última geração, nas transmissões via TV, deixam clara sensação que os atuais monopostos da F1 estão bem mais rápidos, mera ilusão, em termos de verdadeira performance, não evoluíram tanto assim. Se tirássemos do museu, a Ferrari 2002, pole no GP belga daquele ano, 1.43.721, largaria em nono lugar na edição 2018, uma McLaren de 27 anos atrás, 1991, na pista de SPA, seria dois segundos e meio mais lenta, nos treinos, que o modelo atual, pilotada por Vandoorne.

Ano passado, Monza, Raikkonen estabeleceu a volta mais rápida da história, média de 263,587 km, tempo, 1.19.119, parece grande coisa? Montoya, ha uma década e meia, 2004, registrou 1.19.525, no mesmo circuito italiano. Diferença; 406 milésimos.

Não serão as mídias eletrônicas, negligenciadas na gestão Ecclestone, o principal mote para resgatar índices de popularidade, como a Liberty quer acreditar. Afinal os maiores torneios esportivos, copa do mundo de futebol, tênis, boxe, olimpíada, ainda tem a TV como fundamental para o sucesso.

Antonio Carlos Mello Cesar
São Paulo – SP

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