F1 – Um olhar estrangeiro sobre Felipe Massa

sexta-feira, 25 de outubro de 2013 às 19:20
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Felipe Massa

O texto abaixo foi publicado hoje num jornal de Abu Dhabi por um correspondente da Formula 1, e reflete bem como os estrangeiros veem a situação de Felipe Massa na F1.

“Para quem só assistiu a Formula 1 nos últimos quatro anos, pode ser difícil compreender que uma vez Felipe Massa ficou a 30 segundos de ganhar o campeonato mundial.

Se Lewis Hamilton não tivesse ultrapassado Timo Glock na última curva do GP do Brasil para terminar em quinto lugar, teria sido Massa o vencedor da corrida e campeão do mundo em 2008, e não Hamilton.

Entre 2007 e 2008, ninguém ganhou mais corridas do que Massa, que teve nove vitórias e provou ser devastadoramente rápido em sua Ferrari.

Problemas mecânicos destruíram seu campeonato em 2007, quando o companheiro de equipe Kimi Raikkonen levou o título, mas em 2008, ele foi melhor que o finlandês em grande parte da temporada, tornando-se efetivamente o piloto nº 1 da Ferrari.

Tirando os erros cometidos nas duas primeiras corridas, o que o deixou com zero pontos, Massa foi perfeito nas 16 corridas restantes de 2008, mas mais problemas mecânicos e um mau funcionamento do equipamento de combustível em Cingapura lhe custou caro.

Seis anos depois, ele está lutando para permanecer no grid para a próxima temporada. A Ferrari optou por dispensar os seus serviços, ironicamente contratando Raikkonen de volta à equipe, depois do GP do Brasil do próximo mês.

O que aconteceu?

Em retrospectiva, três questões parecem estar na raiz do declínio de Massa.

A primeira é reconhecidamente subjetiva. É difícil julgar o quanto Massa foi afetado mentalmente e emocionalmente pelos ferimentos graves na cabeça que sofreu quando foi atingido no capacete por detritos que saíram do carro de Rubens Barrichello na Hungria em 2009.

Sua recuperação física é clara. Somente um piloto em plena forma e saudável pode sonhar em entrar num carro de F1, e a saúde de Massa não tem sido um problema desde que ele voltou a competir em 2010.

No entanto, seus resultados não se comparam aos padrões estabelecidos antes do acidente. Ele não ganhou mais corridas ou fez alguma outra pole, e apenas oito vezes terminou no pódio.

A segunda explicação é que a Ferrari não conseguiu fornecer um carro vencedor e consistente, o que significa que Massa não teve mais um equipamento de qualidade que tinha antes de 2009.

Mas a terceira possibilidade é muito mais simples de explicar – o surgimento de Fernando Alonso, seu companheiro de equipe desde 2010.

A velocidade do espanhol e sua natureza cruel para fazer o necessário para ser o melhor, relegou Massa ao papel essencialmente de segundo piloto, aos 32 anos.

Claro, é importante reconhecer – antes de seguir adiante, que Alonso tem sido mais rápido ao lado de Massa.

A Ferrari não foi páreo para as múltiplas conquistas da Red Bull Racing nas últimas quatro temporadas, mas Alonso, no entanto conseguiu ganhar 11 vezes, e quase ganhou o título mundial duas vezes.

As estatísticas não mentem. Em suas 73 corridas juntos antes do GP da Índia neste domingo, Alonso marcou 994 pontos contra 474 de Massa.

O fundo do poço para Massa veio na Alemanha em 2010. Tendo liderado desde o início, Massa foi informado pelo seu engenheiro de corrida, Rob Smedley no rádio da equipe: “Fernando é mais rápido do que você. Você pode confirmar que entendeu a mensagem?”

A frase codificada levou Massa a deliberadamente diminuir a velocidade para permitir que seu companheiro de equipe o ultrapassasse.

No rescaldo dos acontecimentos de Hockenheim, Massa negou que havia se tornado lacaio do Alonso. Ele disse: “No dia que eu disser que sou o piloto nº 2, não vou correr mais.”

A Ferrari raramente teve que fazer Massa desacelerar para seu companheiro de equipe, já que Alonso geralmente esteve na frente de Massa.

Apesar da Ferrari ter se tornado a equipe de Alonso, Massa tem sido tratado com dignidade, raramente reclama e mantém um sorriso no rosto na maior parte do tempo.

Massa e Alonso se dão bem, apesar de tudo. No rescaldo do GP de Abu Dhabi em 2010, onde Alonso perdeu a título, Massa encontrou o espanhol e deu-lhe um tapinha carinhoso no ombro. E isto não é algo que alguém faria se tivesse mágoa.

Em seus dias finais na equipe, Massa finalmente desobedeceu as ordens da Ferrari. Ele continuou à frente de Alonso no Japão há duas semanas, quando Smedley disse no rádio: “Estratégia multi-função A, agora, por favor.”

Em outras palavras, saia da frente e deixe Alonso passar. Mas, ao contrário da Alemanha, Massa se manteve firme e segurou Alonso por um número de voltas antes do espanhol finalmente conseguir ultrapassá-lo por seus próprios meios em Suzuka.

Foi um ato superficial de desafio ao grande esquema das coisas, mas foi gratificante ver alguma atitude de Massa.

Não há vergonha em ser ultrapassado por Alonso no mesmo carro, dada a forte reputação do bicampeão mundial.

O que Massa precisa é de um forte final de temporada. Ele está em negociações com outras equipes, e embora possam ser fatores financeiros que decidam se vai para uma ou outra, ele deve primeiro demonstrar que o Massa pós-2009 ainda merece um lugar na F1.

As conquistas e a experiência de Massa contam muito a seu favor para que ele tenha outra oportunidade de mostrar o que pode fazer longe da sombra de Alonso. Se ele vai recebê-la é outra coisa completamente diferente.”

AS - www.autoracing.com.br

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