F1- Um escocês, a Arrows e o príncipe africano

quinta-feira, 23 de julho de 2020 às 11:49

Tom Walkinshaw e o Príncipe…

Colaboração: Antonio Carlos Mello Cesar

Como todo jovem piloto, Tom Walkinshaw sonhava um dia estar na F1, campeão da Formula Ford escocesa 1969, aventurou-se, ano seguinte, no torneio inglês de F3. Pós-fracassada estação, foi procurar sorte maior na F2, ideia pouco sensata, pois iria enfrentar corredores fantásticos, reunidos num mesmo período: Niki Lauda, Ronnie Peterson, Carlos Reutemann, François Cevert, Jean Pierre Jarier, John Watson, José Carlos Pace, entre outros.

Convenhamos destacar-se no meio dessa turma só com muito predicado, certamente não era o caso de Tom Walkinshaw, terminou 1971, ainda mais distante da F1. Contudo, sua fobia, obstinação, pelos monopostos não o fazia desistir, tentou F5000, Atlantic, nesta última, como recordação, um terceiro lugar em Oulton Park e nada mais.

Junto às frustradas tentativas em carros de Fórmula, nas categorias Turismo ia bem, venceu o Tourist Trophy 1972 dirigindo um Scort RS1600, com o Ford Capri três litros, apoiado pela fábrica, levantou o campeonato Britânico 1974.

Certa vez, Walkinshaw incansável, dividindo uma BMW CSL coupê nas seis horas de Silverstone 1976, deixou John Fitzpatric, seu parceiro, recebendo os troféus pelo primeiro lugar, voou para Thruxton, onde, no mesmo dia conquistou outra vitória.

Perto de Oxford, na vila Kindligton fundou sua própria equipe, nesta fase, estabeleceu parceria com a fábrica Jaguar, e pode, assim, investir trabalho, alta tecnologia em um protótipo baseado no modelo XJR, 5.3 litros, doze cilindros, com o qual a TWR (Tom Walkinshaw Racing) venceu mundial de carros esportivos 1987.

Um grande feito viria no ano posterior, êxito marcante nas 24 Horas de Le Mans. Pilotado por Jan Lammers, Jonny Dumfries, Andy Wallace, tendo como chefe de equipe Ross Brawn, o Jaguar XJR-9LM, derrotou os imbatíveis, até então, Porsches Rothmans 962C.

Na esteira do sucesso da TWR, vieram outras empresas: HSV-Special Vehicles; Walkinshaw Performace, ambas especializadas na construção, preparação de veículos para corrida. Os negócios prosperavam, em 1991, a TWR adquiriu 35% da Benetton F1, Walkinshaw como diretor de engenharia, levando Ross Brawn consigo.

Tom, ambicioso, deixa a equipe comandada por Flavio Briatore e compra a equipe Arrows. Substitui o motor Hart pelo Yamaha, num gesto, tanto ousado quanto dispendioso, contrata Damon Hill campeão mundial vigente. Para compensar, Pedro Paulo Diniz, piloto pagante, rico herdeiro do grupo Pão de Açúcar.

Abertura da temporada, Austrália 1997. Damon larga na vigésima posição, abandona antes da volta vinte, Diniz não se classifica, ficou 107% aquém do melhor tempo, como à época, determinava o regulamento. Prenúncio desalentador de uma temporada.

1988 sai Hill, entra Mika Salo, volta o propulsor Hart, Pedro Paulo Diniz continua aportando muito dinheiro para a equipe, mas tudo que conseguem são três pontos cada um. Novo ciclo, 1999, dois pilotos pagantes Toranosuke Takagi e o novato espanhol Pedro de La Rosa com os dólares da petrolífera Repsol, resultado: apenas um ponto no campeonato.

Nesse tempo, apareceu no paddock o enigmático nigeriano Príncipe Malik Ado Ibrahim, título nobiliárquico de difícil comprovação, afinal existem quase cem famílias reais na Nigéria, seus motivos, bem como, suas intenções, bastante nebulosas.

Oriundo da estirpe “Igbo”, povo disperso de norte a sul do país, maioria concentrada na região sudeste, dividem-se em grupos, subgrupos e múltiplos dialetos. Estigmatizados por alguns costumes arcaicos, vestes coloridas, dança típica, foi à população, no passado, mais afetada pelo comercio escravo.

Malik aproximou-se da Arrows, acenando com investimentos na ordem de cento e vinte milhões de dólares, fato que mudaria totalmente o patamar do grupo. Walkinshaw abraçou aquela ideia, como se estivesse frente um príncipe encantado, capaz de salvar a equipe adormecida.

A marca T-Minus, do nigeriano, surgiu na lateral do F1 negro e laranja no GP San Marino, 1999, empresa da qual ninguém jamais ouviu falar, mas que segundo ele, estavam prestes a lançar uma bebida energética e renomear produtos existentes, roupas, eletrônicos, motos, etc.

O príncipe astuto convenceu a instituição financeira Morgan Grenfell a apoia-lo nos acordos com Tom Walkinshaw, assim sendo, tornou-se proprietário de ações da Arrows, algo entre 20% e 30%. Desfrutava como ninguém o universo glamoroso da F1, concedia entrevistas, era fotografado com celebridades, assistiu à corrida de Mônaco na tribuna real da Casa Grimaldi, tinha assessoria de imprensa, curtia a notoriedade.

Setembro chegou. Término do prazo para pagamento das ações, hora de efetivar novos aportes pecuniários, Malik Ibrahim simplesmente sumiu, escafedeu-se. Nenhuma pessoa soube do seu paradeiro, até 2008, quando reapareceu nos tribunais texanos, acusado pelo sumiço de U$D 750.000, que lhe foram confiados por um jovem piloto para alavancar sua carreira na Stock-Car americana.

Meio da temporada 2002 a equipe Arrows fechou as portas, assimilada pela pobre Minardi, comprada pela Red Bull virou Toro Rosso, depois Alpha Tauri. As empresas de Tom Walkinshaw, antes milionárias, sofreram um duro e irrecuperável baque. Tom morreu oito anos mais tarde.

Dias atuais, a CFA Media, plataforma digital africana, envolvendo mídia eletrônica, canal de televisão, publicou extensa matéria sobre energia alternativa. O entrevistado, Sr. Malik Ado Ibrahim fundador e presidente da Companhia Bicenercy, Rua Ahmed Musa Crescert Jabi 33, Nigéria.

Antonio Carlos Mello Cesar
São Paulo – SP

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