F1 – TV, Interlagos, Rio de Janeiro, Futuro Incerto

quinta-feira, 1 de outubro de 2020 às 12:13

GP do Brasil de 2019 de Formula 1

Colaboração: Antonio Carlos Mello Cesar

Meia verdade camuflando a realidade, aqui, ali, escutamos dizer, aumentou audiência da F1, mentirinha, os dados são referentes à TV paga e outras plataformas, Face Book, Twitter, sites, maior visualização de vídeos, porém a categoria, mundo afora, perdeu grande espaço na TV aberta. Portanto, hoje, o número de pessoas efetivamente assistindo uma corrida diminuiu bastante.

Convenhamos, qualquer assunto, política, futebol, variedades, ganhou corpo na internet, múltiplos comentários, acessos, bobagens visualizadas por milhares de indivíduos, ou seja, mérito nenhum ao espetáculo F1, e sim a popularização dos meios digitais.

A rede Globo perdeu 11 pontos de audiência na F1, tomando-se por base 2003 até os dias atuais, isto representa 2.860.000 domicílios (fonte Ibope), mais de 4.100.000 telespectadores. Os custos de transmissão saltaram jan/2015 U$15.000.000, dólar cotado R$2,68, R$40.200.000,00, para U$22.000.000, dólar R$5,66 (29/09/2020), R$124.520.000,00.

Neste ano os cinco patrocinadores pagaram pelo evento, R$500.000.000,00, descontado 35% impostos, valor repassado a Liberty, despesas técnicas para cobertura, viagem de repórteres, cinegrafistas, contratos com narrador, comentarista, representam para Globo um lucro de R$190.000.000,00, nada desprezível.

Porém está cada vez mais difícil fechar as cotas de patrocínio, país em crise, emissora passando por dificuldades financeiras, nenhuma perspectiva de brasileiros na F1 tão cedo, monotonia dos GPs garantida para 2021, devido manutenção do regulamento e a certeza de pontos a menos no IBOPE. Além do que a Globo possui anunciantes regulares nos espaços cedidos para F1.

Enquanto São Paulo negocia, manutenção do GP Brasil, uma companhia denominada Rio Motorsport ofereceu valor três vezes superior, para levar o grande prêmio aos cariocas, onde o autódromo ainda nem existe.

A referida empresa adquiriu junto a Dorna os direitos de transmissão da Moto GP e uma etapa do campeonato na embrionária pista da cidade maravilhosa. Vendeu o benefício televisivo para Fox Sport e não pagou a Dorna. O conglomerado Disney tratou direto com a Moto GP, excluindo os caloteiros, mantendo no canal Fox as corridas de motocicleta.

Dia 24/09/2020 a Rio Motorsport anunciou ter comprado junto a Liberty Media direitos exclusivos da transmissão via TV e outras plataformas para o Brasil da principal categoria do automobilismo, após fracassarem negociações diretas com SBT, Bandeirantes e Cultura.

José Antonio Soares Pereira Junior, conhecido como JR Pereira, sócio da Rio Motorsport, procurou o então presidente da Riotur, Marcelo Alves, hoje fora do cargo, investigado pelo MP, que indicou seu irmão Rafael Alves, tido como chefe do QG da propina na prefeitura carioca. Objetivo, reunião com Marcelo Crivella e a construção do autódromo em Deodoro RJ.

O prefeito contratou a empresa falida Crown processamento de dados, cujo proprietário é JR Pereira, com noventa processos na justiça (fonte-Jus Brasil) e dívida acumulada de R$25.000.000,00 para estudo e elaboração do edital. Cláusulas comuns foram retiradas, experiência em construção, terraplanagem, estudo ambiental e incluso pagamento de R$7.000.000,00 a Crown, o MP suspeita ser valor de propina a agentes públicos.

Única participante e vencedora do concurso, a Motorpark empresa criada onze dias antes do concurso, com sede, à época, em um escritório de contabilidade no centro do Rio, sem site ou telefone fixo. Seu capital R$100.000,00, cifra modesta para uma obra orçada em R$700.000.000,00. O sócio, mais uma vez, JR Pereira.

Duas firmas do mesmo dono, não podem estabelecer normas, direcionar edital e participar do concurso, sem ferir princípios de impessoalidade, moralidade, artigo 03 da lei de licitações. A garantia apresentada um tanto quanto nebulosa, carta de fiança no valor aproximado de 10% do montante da obra, cedida pelo Maxximus Bank, instituição não autorizada pelo Banco Central. Segundo a Fenacor (Fed. empr. corr. de seg. e resseg.) essas empresas normalmente são de fachada, usam nomes internacionais, misturando fiança com seguro, documento extremamente frágil por falta de regulamentação.

Noticiado pelo Estadão, em projeto encaminhado com a F1 o governo estadual prometeu liberar R$340.000.000,00 anuais, entre taxa de promoção e ingressos VIP, fato aprovado pela Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude do Rio, ação intitulada Fórmula 1-Rio de Janeiro 2021-2030. Futuramente espera-se, através de renúncia fiscal, atrair empresas dispostas a colaborar com esse gasto.

Perguntas ficam no ar: Haverá GP Brasil em 2021? E transmissão TV aberta, fechada? O autódromo carioca será mesmo construído, ou tudo vai parar na Justiça?

Antonio Carlos Mello Cesar
São Paulo – SP

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