F1 – Tentando desvendar o assoalho ondulado da Mercedes e Aston Martin

terça-feira, 23 de março de 2021 às 14:43

Assoalho Mercedes W12

Em uma reportagem do site oficial da F1 com ilustração de Giorgio Piola, a Mercedes revelou seu novo assoalho secreto no W12 nos testes de pré-temporada no Bahrain, com a Aston Martin sendo a outra equipe a adotar um efeito ‘ondulado’ semelhante naquela parte do carro. Então, qual o efeito disso? E por que essas duas equipes optaram por esse desenho?

Os pontos de interrogação dos testes em torno do desempenho do Mercedes W12 e do Aston Martin DBR21 devem ser respondidos neste fim de semana, quando a temporada finalmente começar no Bahrain.

Cada uma dessas equipes sofreu seus problemas durante os três dias de pré-temporada, não apenas confinados à caixa de câmbio igual e menor que a de 2020. A Aston teve uma série de outros problemas mecânicos que impediram Sebastian Vettel de estabelecer um tempo representativo quando a pista estava em seu nível mais rápido, no final do dia final, enquanto a Mercedes estava sofrendo de pobre estabilidade em que a equipe tem trabalhado arduamente tentando entender antes deste fim de semana.

Os dois carros são produto dos mesmos princípios de desenho, mas como as duas equipes continuaram seus próprios caminhos de desenvolvimento durante o ano passado, foram gradualmente divergindo em seus detalhes, mas dentro da mesma ampla filosofia aerodinâmica.

O assoalho do Mercedes W12 chamou muita atenção quando o carro apareceu pela primeira vez no teste do Bahrein, particularmente as ondas na borda externa logo atrás da área do bargeboard, substituindo os maiores recortes de redução de pressão que eram comuns antes desta temporada.

O Aston Martin usa recortes semelhantes ao Mercedes na borda do assoalho, mas é menos ondulado. Eles estão fazendo praticamente o mesmo trabalho em ambos os casos, mas o fato de que esse recurso de múltiplas “ondas” apareceu simultaneamente nos únicos dois carros de rake baixo é provavelmente significativo.

A ideia geral dessas ondulações na borda do assoalho é criar vórtices de ar no sentido horário que percorrerão o comprimento da borda externa do assoalho, ajudando a vedá-lo e, assim, aumentando a diferença de pressão do ar entre o ambiente e o assoalho, que por sua vez aumenta o downforce criado por esse assoalho.

Resumindo, essas ondulações têm como objetivo aumentar a diferença da zona de pressão acima e abaixo do assoalho.

Em velocidades baixas do carro, à medida que a velocidade do fluxo de ar sob o assoalho diminui, torna-se mais difícil vedar o assoalho em relação à pista.

Em carros de baixo rake, como o Mercedes e Aston Martin, a velocidade do fluxo de ar tende a diminuir mais do que em um carro de alto rake (como o Red Bull),  que pode manter o fluxo do assoalho energizado pelo maior ângulo de expansão do próprio. Parece que os carros de baixo rake, de acordo com as novas regras que cortaram uma área importante do assoalho, precisam energiza-lo mais por meio desses vórtices de vedação.

Outra característica aerodinâmica que pode ser mais problemática para carros de baixo rake do que alto é o fenômeno da vibração, em que o fluxo de ar sob o assoalho pode reverberar nos obstáculos de uma forma cíclica, criando um efeito de interrupção inútil para a criação de downforce pelo assoalho. Aí, o tiro dos Prateados e da Aston teria saído pela culatra…

Pode ser que a forma revisada do assoalho para este ano tenha induzido essa característica mais prontamente e que os vórtices dos recortes sejam mais capazes de quebrar esse ciclo.

De qualquer forma, finalmente descobrir o verdadeiro potencial de desempenho de cada um desses carros será um dos aspectos mais fascinantes deste fim de semana.

AS - www.autoracing.com.br

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