F1 – Tecnologia ou nem tanto

terça-feira, 23 de abril de 2019 às 18:44

Ferdinand Porsche guiando um Lohner-Porsche Mixte

Colaboração: Antonio Carlos H. Mello Cesar

Jeremy Clarkson, apresentador do Top Gear, certa feita, afirmou que você nunca ira comprar um carro melhor que o Golf, pois os mais criativos e brilhantes engenheiros são designados para este projeto, afinal é o produto mais vendido mundialmente pela Volkswagen, num seguimento de enorme concorrência, budget apertado, obrigando a fábrica colocar nas ruas um automóvel econômico, de ótimo desempenho, confortável, seguro, resistente, que atenda satisfatoriamente diversos anseios de consumidores. Modelos top de linha, caros, destinados a um seleto público, grandes margens de lucro, nos quais se gasta o que for preciso para suplantar rivais, não necessita uma equipe de gênios em sua produção.

Usando a reflexão do Jeremy, podemos fazer uma analogia entre a F1 do passado, onde engenhosos construtores encontravam soluções, dentro de um orçamento razoável, evoluíam em desempenho, competitividade e ainda nos brindavam com ótimos espetáculos.

Em contra partida o atual momento da categoria, assumindo ares futuristas, custos imorais, onde uma ou duas equipes, amparadas por milionárias montadoras, esmagam concorrentes através do poder econômico. Willians está na UTI, McLaren apresenta sinais de enfermidade, morreram, entre dezenas, Lotus, Tyrrel, Brabham, grandes campeãs, somadas as cinco, nada menos que 31 títulos mundiais.

Quando anunciam um super esportivo, usando tecnologia da F1, materiais como fibra de carbono, alumínio especial, titânio, míseros 2,5 seg. para atingir 100 km/h, todo tipo de controle eletrônico imaginável e inimaginável, cheio de ostentação, preço pra lá do milhão, belo como toda obra de arte e inútil, afinal será observado apenas estacionado a porta de sofisticados restaurantes ou exposto como jóia na sala de visitas do seu excêntrico proprietário. Jamais o veremos voando numa rodovia a 340 km/h, enfim, fazendo aquilo para o qual foi projetado, esta é, nos dias presentes, a cara da categoria (F1) e de tudo que brota do seu meio.

Alguém poderá retrucar, mas e os motores híbridos que antecipam o futuro, econômicos, carregam no dorso enorme cavalaria e poluem menos. Pois bem, vou lhes contar uma historinha.

Finalzinho do século dezenove, o jovem Ferdinand Porsche associou-se a Ludwig Lohner, um especialista em eletricidade, e estas duas mentes brilhantes criaram o primeiro carro hibrido da história. O veículo usava dois motores de combustão, acoplados a dois geradores, toda energia obtida ao passar pelos motores elétricos, no cubo das rodas, era revertida para carregar as baterias. No ano de 1901(sic) foram produzidas e vendidas cinco unidades do Lohner-Porsche Mixte. Por desconhecidas razões o plano adormeceu, após quase um século, a montadora japonesa Toyota, em 1997, lançou o hibrido Toyota Prius.

Sempre associamos a F1, o cambio de dupla embreagem, cujas marchas são manipuladas através de borboletas no volante, porém o sistema, já em 1985, vinha sendo arduamente testado nas provas de Rali pela Audi com o Sport Quattro S1, no campeonato de Endurance a partir de 1986, protótipo Porsche 962, na F1 sua utilização iniciou-se em 1989. Adolphe Kégresse, ex-funcionário da Citroen foi quem idealizou a transmissão de dupla embreagem no ano de 1938.

Agora, apenas como curiosidade, o cambio CVT, comum nos carros japoneses, Honda, Nissan, Subaru, inventado por Leonardo da Vinci no intuito de aprimorar veículos de tração animal, apareceu pela primeira vez num automóvel em 1958, o Daf 600. Acho que poucos sabem, mas a transmissão automática com fluido hidráulico tem assinatura de dois brasileiros, José Araripe e Fernando Lemos, o sistema acabou vendido para GM, instalado no Oldsmobile 1940.

Os verdadeiros laboratórios da indústria veicular estão em seus próprios departamentos, engenharia, pesquisa, criação e nas competições de Rali e Endurance. Provas como o Paris-Dakar, ajudaram em muito no desenvolvimento de SUVs, seguimento responsável por 30% do mercado mundial. Carros híbridos competem nas provas de longa duração, desde 2008, em Le Mans tiveram inscrição regular a partir de 2010. Na F1, 2014 marca o início da era hibrida.

Nada será mais eficiente para se chegar à perfeição de determinada configuração automotiva, que um carro rodando há vinte e dois anos nas variadas condições de clima, piso, existentes em nosso planeta. Caso do hibrido Toyota Prius.

Apesar de todo relato acima, espero com ansiedade o próximo GP, assistirei treinos, corrida, comentários pós-evento, como também, adoraria ter uma Ferrari na garagem de casa, o que me faz lembrar aquela velha piada: “Um sujeito chega ao médico bastante apreensivo, doutor meu irmão pensa que é uma galinha, o psiquiatra diz: então, traga ele imediatamente, precisamos interná-lo. Resposta do homem: puxa vida, diabos, se o colocarmos num hospício, eu vou ficar sem os ovos”.

Antonio Carlos H. Mello Cesar
São Paulo – SP

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