F1 – Stefano Domenicali abre o jogo

terça-feira, 2 de setembro de 2014 às 15:08
Stefano Domenicali

Stefano Domenicali

Talvez seja um sinal dos tempos que, no século 21, cavalheiros como Martin Whitmarsh e Stefano Domenicali tenham “renunciado” a seus respectivos cargos nas duas grandes equipes de Formula 1. Até agora, nenhuma palavra foi proferida quanto às razões por trás da partida de Whitmarsh, embora Ron Dennis queira nos fazer crer que eles ainda são amigos. No que diz respeito a Domenicali, ele teve uma conversa com o respeitado jornalista italiano Leo Turrini, que por muitos anos tem sido a “voz” do esquadrão Ferrari.

Há um momento no filme “O Poderoso Chefão 2”, quando Frank Pentangeli – prestes a testemunhar contra Michael Corleone – vê o seu irmão na sala do tribunal trazido de avião da Sicília. A comunicação silenciosa é inconfundível. Mais tarde – quando o “Conselheiro” da família, Tom Hagen, visita-o na prisão – a oferta de cuidar de sua família leva Pentangeli a tirar sua própria vida. De muitas maneiras, Domenicali se comporta de forma semelhante nunca criticando a Scuderia – concentrando-se apenas nos pilotos.

“Assumi a culpa pelo fracasso, as coisas não saíam como o esperado, mas não faz sentido pontuá-las agora. Da Ferrari eu digo só isso: pelo amor de equipe e também por uma questão de autocrítica, ela precisa redescobrir a serenidade lá dentro, porque vimos pessoas inteligentes (Costa?) em outro lugar onde tiveram a oportunidade de mostrar seu talento.”

“Com os pilotos, o melhor relacionamento que eu tive foi com Michael Schumacher. Seu talento era formidável, mas sua contribuição não era apenas atrás do volante. Quando as coisas não estavam funcionando na pista, em particular ele era muito severo, até mesmo cruel, mas para o mundo exterior, ele era o primeiro a defender a equipe.”

“Quanto a Alonso, não é verdade que tivemos um relacionamento difícil. Ele é uma boa pessoa e em comparação com Schumi ele é mais aberto em sua comunicação; há momentos em suas palavras são mal traduzidas, mas ele nunca foi negativo em relação à equipe. Fernando e a equipe não tiveram a sorte ainda de ganhar um campeonato, mas se tivessem ninguém teria chamado de sorte.”

“Eu não acho que Ricciardo esteja na disputa pelo título deste ano. Vai ser Rosberg ou Hamilton, mas Lewis tem que ter cuidado com sua síndrome de ‘Pato Donald’. Se você ceder à tentação de ser considerado o parente pobre da família, você pode entrar em apuros. Apesar de, após o que aconteceu recentemente em Spa, Nico terá de suportar uma pressão enorme em Monza.”

“Quanto à forma como gostaria de gerenciá-los? Eu aprendi com Todt e Montezemolo que o interesse da equipe sempre prevalece, sempre. Há muitas maneiras de lidar com o que acontece na pista e eu sempre tentei esclarecer as coisas com antecedência. As pessoas escreveram coisas horríveis sobre o GP da Alemanha de 2010 e a ordem dada a Felipe Massa, mas havia uma hierarquia desde a noite de sábado, não foi uma decisão de última hora”.

“É por isso que eu gostava de Eddie Irvine. Ele era um número dois que entendia o jogo e como se comportar. Em 1999, ele teve a oportunidade de se tornar campeão e é ridículo sugerir a Ferrari optou por evitar a vitória. A verdade é que em Suzuka, se ele estivesse em sua melhor forma, e ele tinha habilidade, ele teria ganhado o título. Mas, pela primeira vez em sua vida ele foi inundado pela pressão, não dormiu no sábado e não havia nenhuma mulher em seu quarto também!”

“Eu moro a poucos quilômetros de Monza. Por quase 25 anos foi a minha corrida em casa, literalmente. Eles me convidaram, mas desta vez eu acho que vou ficar em casa. Se sinto falta da Fórmula 1? Sim, um pouco, com alguns arrependimentos, mas eu dei tudo que tinha.”

AS - www.autoracing.com.br

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