F1 – Sem Alonso nas pistas em 2018?

sexta-feira, 8 de setembro de 2017 às 15:37
Fernando Alonso

Fernando Alonso

Por: Adauto Silva

Fernando Alonso é um dos melhores pilotos que vi até hoje em ação. Sim, o talento e a personalidade guerreira do espanhol exigiam que ele estivesse num carro melhor, um carro que lhe proporcionasse brigar por vitórias e títulos na maior e mais difícil categoria do planeta.

Outros pilotos inferiores a ele, no mínimo três, estão em carros com condições de vencer títulos desde que Alonso saiu da Ferrari. Aliás, saiu porque brigou lá. E é aí que mora o problema. Alonso é um gênio dentro do cockpit. Poucos pilotos tem ou tiveram a habilidade, leitura de corrida e espírito guerreiro que ele demonstra dentro do carro. Mas poucos cometeram tantas besteiras fora do carro contra suas equipes como o espanhol.

Hoje Alonso paga por isso e não tem para onde ir, infelizmente. Eu gostaria demais de ver Alonso ao lado de Hamilton novamente, ou voltar à Ferrari para encarar Vettel. Mas isso simplesmente não vai acontecer, já que Ferrari e Mercedes fecharam suas portas para ele. A Red Bull nunca as abriu.

Resta ficar na McLaren – com qualquer motor que seja – ou ir para uma equipe média que não vai fazê-lo vencer.

Se ele ficar na McLaren, mesmo que seja com o motor Renault, ele não vai brigar por vitórias em 2018. Vai no máximo brigar por pódios eventuais. E não há nenhuma outra equipe fora as três grandes [e olha que estou forçando a barra em relação à Red Bull] que tenha a mínima condição de brigar por título, pelo menos em 2018.

Nesta temporada, o duas vezes campeão de F1, Fernando Alonso, terminou exatamente três corridas das 12 em que largou. Na verdade, ele abandonou mais de 20 corridas durante seu período de três anos na McLaren. E isso é uma temporada completa de abandonos.

Desde 2015, Alonso abandonou 22 corridas no total, o que é mais do que todos os abandonos de 2004 a 2013. Se você está espantado, a temporada de F1 do ano passado teve 21 corridas. Muitos desses abandonos foram por problemas mecânicos decorrentes da unidade de potência híbrida V6 não confiável da Honda.

Dos 22 abandonos, 16 foram devido a uma questão relacionada à força motriz, como uma falha do motor, problema da unidade de potência ou mau funcionamento do escape. Os outros seis foram causados ​​por colisões ou danos na suspensão. Alonso não largou em Mônaco este ano porque ele correu na Indy500 onde – você adivinhou – ele abandonou devido a problemas… no motor Honda!

Alonso ainda não revelou se ele vai ficar na McLaren para a próxima temporada ou se mudar para outra equipe ou categoria, mas a julgar por essas estatísticas e pelo fato de Alonso ter tirado tudo que se refere à McLaren e/ou Honda das suas redes sociais, talvez Alonso apenas faça de 2018 um ano sabático.

Para Alonso, qual é a diferença de brigar por P12 ou P6 na F1? Eu digo que nenhuma. Ele quer brigar por vitórias, pelo título. E nem é uma questão de dinheiro. Alonso tem dinheiro suficiente para três gerações viverem nababescamente sem precisar trabalhar um dia sequer.

Então, alguns sugerem – inclusive jornalistas (?) – que Alonso vá para a Indy. O que é a Indy atualmente para Alonso? Eu acho que nada.

Não se engane. Eu gosto da Indy. Fora alguns circuitos ridículos, principalmente alguns ovais sem a menor graça e público, eu acho uma categoria excitante. Os carros são rápidos, alguns pilotos muito bons – dois ou três -, a competitividade é grande com muitas disputas roda a roda, mas é um outro mundo.

A Indy já foi uma categoria que rivalizou com a F1. Mas isso foi em alguns anos do século passado. Bernie Ecclestone viu que isso estava acontecendo e armou uma arapuca para o ex-dono do circuito de Indianapolis, Tony George, que caiu como um pato e destruiu a ascensão da antiga CART dividindo a categoria em duas. Ali acabou e a F1 voltou a reinar absoluta no mundo inteiro.

Hoje a Indy é uma categoria amadora quando comparada à Formula 1. Seus carros são caminhões quando comparados aos da F1. Suas pistas – com raríssimas exceções – são pistas de kart indoor quando novamente comparadas as da F1. O nível dos pilotos, fora aqueles dois ou três que me referi anteriormente, fariam feio na GP2, hoje batizada de F2.

Por isso, eu não me surpreenderia nem um pouco se Alonso simplesmente tirasse um ano sabático em 2018, o que é uma enorme perda para a F1.

Um contrato bem feito e um chefe de equipe de pulso firme resolveriam o problema.

Mas Mercedes e Ferrari decepcionaram muito nessa questão. Uma pena.

Adauto Silva
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