F1 – Rio quarenta graus
quarta-feira, 8 de janeiro de 2020 às 17:32
Nelson Piquet – GP Brasil 1982
Colaboração: Antonio Carlos Mello Cesar
1982… Estreia o filme “007 Somente para seus olhos” com Roger Moore, a música perdia Elis Regina por over dose, Leonel Brizola eleito governador do Rio, usina hidroelétrica de Itaipu abre suas primeiras comportas. Na economia, caderneta de poupança rende 115% ao ano, o PIB, após queda de 4,25% (1981), cresceu modestos 0.83%, em terras espanholas, Itália elimina Brasil na Copa do Mundo, GM lança o bem sucedido Chevrolet Monza.
Autódromo de Jacarepaguá abarrotado, entre tanta gente, destaque para uma torcida organizada com camisetas brancas e o número estampado de Raul Boesel da equipe March, Chico Serra, piloto da equipe Fittipaldi, está resignado, dificilmente terminará a corrida, o carro é péssimo.
Antes da prova, circulam rumores de que Bernie Ecclestone levaria o GP Brasil para Goiânia ou Brasília, até mesmo um revezamento entre as duas cidades. Emerson Fittipaldi, aposentado da F1, opina sobre as novas asas, responsáveis pela maior velocidade em curvas e freadas mais eficientes, segundo ele, facilitando muito o trabalho dos pilotos.
Ênfase para o duelo entre motores turbo V6 e tradicionais V8 aspirados. Os primeiros tem-se mostrado decisivos em conquistar poles, produzir excelente desempenho nas regiões mais altas e clima ameno, ao mesmo tempo que fracassam perto ao nível do mar, sob calor. Entre os representantes do turbo, Ferrari e Renault.
A Brabham. Piquet e o engenheiro Gordon Murray são cheios de truques. Colocaram no monoposto alguns recipientes com água, fazendo a máquina, bastante leve, atingir o peso mínimo exigido pelo regulamento, aval da pesagem obtido, o líquido é descartado. Parece coisa do Dick Vigarista, personagem de desenho animado.
Fora a malandragem, existe o gênio, Nelson técnico, competente, usou as práticas classificatórias, objetivando a corrida, o acerto perfeito. Nem mesmo o modesto P7 no grid de largada incomodou, queria o Brabham numero 1 pronto para vencer.
Quando a luz verde apagou, o alarido da multidão foi engolido pelo barulho atroador dos motores, Gilles Villeneuve, larga bem, toma a liderança. Ao cabo da primeira volta Piquet está em oitavo lugar, na sétima, quarto colocado, torcedores vibram, aplaudem cada ultrapassagem. Nono giro, um duelo fantástico com Rosberg, o brasileiro é segundo, parte em busca da Ferrari, ainda com a Williams embutida na traseira.
Villeneuve suporta por três voltas à pressão dantesca, insuportável que o campeão de 1981 impõe ao canadense, fecha porta, frita pneu, muda trajetória. Vigésima passagem, a Ferrari sucumbe, roda, sai da pista, está fora, o público explode numa comemoração digna de gol rubro-negro em pleno Maracanã. Rumo à vitória, Piquet, só faz aumentar a vantagem para Rosberg, evolui de dois para mais de dez segundos, Prost ocupa um longínquo terceiro posto.
No pódio, ocupando a base alta destinada ao vencedor, Nelson Piquet acena para os fãs, comemora com champanhe e desmaia, diante milhares de pessoas, naquele março de 1982 no sol do Rio quarenta graus, aquém uma corrida brilhante.

Rosberg, Piquet e Prost – GP Brasil 1982
Sylvia, modelo holandesa, tenta romper o cordão de isolamento, a polícia carioca com sua tradicional delicadeza contém com violência a bela jovem, desesperada falando em inglês procura se explicar, preciso ajudar o Nelson. Tumulto formado evolui para empurrões e agressão, até que alguém da organização interfere, liberando a passagem da moça, namorada de Piquet.
Diagnosticado com astenia, excessiva perda de líquido e falta de suporte orgânico, ocasionado pela alta temperatura, além do enorme esforço físico. São necessárias duas horas, no centro médico, para recuperar o campeão, após o que foi conceder a entrevista coletiva.
Rosto pálido, fraco, respirando com vagar, disse estar relativamente bem dentro do carro, capaz de resistir mais sessenta minutos de prova, porém ao descer sentiu-se muito mal. Sobre a corrida, considerou este, seu melhor desempenho, as primeiras quarenta voltas foram perfeitas, no limite extremo, sem nenhum erro.
Indagada pelos jornalistas, Sylvia, bem humorada, garantiu ter esquecido o incidente, externando muita alegria em função da conquista do namorado.
Tanto Piquet quanto Keke Rosberg, dias depois, foram desclassificados por irregularidade nos carros, a vitória caiu no colo de Prost, terceiro colocado com Renault Turbo, lhe foram outorgados os pontos, também o registro oficial, que dá ao francês, ao longo da carreira, seis triunfos no Brasil.
Antonio Carlos Mello Cesar
São Paulo – SP
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