F1 – Regras, e não detalhes, serão a chave para o julgamento da Mercedes

quarta-feira, 19 de junho de 2013 às 10:16

Mercedes em Barcelona

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Desde que a notícia do teste secreto de pneus da Mercedes surgiu pela primeira vez na manhã do GP de Mônaco, a Fórmula 1 está obcecada com os detalhes do caso.

Porém, o debate questionando se foi privado ou secreto, quantos quilômetros a equipe fez com a borracha de 2013 e por que seus pilotos utilizaram capacetes sem pintura serão amplamente irrelevantes na quinta-feira.

Ao invés disso, quando o Tribunal Internacional da FIA abrir sessão às 9:30 do horário local em Paris, o chefe da Mercedes, Ross Brawn, e o diretor de competição da Pirelli, Paul Hembery, serão interrogados para descobrir simplesmente se as regras foram violadas.

O QUE AS REGRAS DIZEM

O caso gira em torno de um teste de pneus de três dias e 1000 quilômetros que a Mercedes fez para a Pirelli com seu carro de 2013 na semana posterior ao GP da Espanha. O Regulamento Esportivo da Fórmula 1 parece ser bastante claro ao definir que algo assim não é permitido.

O Artigo 22.1 afirma: “Qualquer tempo de pista que não fizer parte de um evento disputado por uma competidora inscrita no campeonato será considerado um teste, usando carros que estiverem substancialmente de acordo com o atual Regulamento Técnico da Fórmula 1, além daquele do ano anterior ou subsequente”.

Ele também esclarece que nenhum teste pode ocorrer em um período que vai de 10 dias antes do início da primeira corrida da temporada até 31 de dezembro.

As únicas exceções são o teste para jovens pilotos, quatro testes aerodinâmicos de um dia em linha reta ou locais de raio constante ou casos onde um piloto substituto precisar de uma quilometragem de emergência para se adaptar.

Apesar de parecer que o teste da Mercedes com seu W04 é uma violação clara das regras, o caso é complicado por cláusulas no contrato de fornecimento que a Pirelli tem com a FIA. Nele, a Pirelli tem direito a conduzir testes de 1000 quilômetros com as equipes atuais usando um carro “representativo”.

Apesar de se acreditar que não há uma definição estrita do que é um carro representativo, também não há nada que afirme que um carro representativo não pode ser o da campanha atual.

Portanto, o cerne da defesa da Mercedes vai girar ao redor de o direito da Pirelli utilizar um carro representativo em seu contrato de três anos estar acima ou não do que está no Regulamento Esportivo atual.

A Mercedes certamente pediu permissão à FIA para testar um carro de 2013 – e não seria descarada o suficiente para correr o risco de cometer um violação tão óbvia das regras se não acreditasse que teve permissão para isso.

Mas acreditar que você está dentro das regras e realmente estar dentro delas são duas coisas completamente diferentes. Mesmo se você não pretende quebrar as regras, isso não impede que seja punido se for considerado culpado por quebrá-las.

O QUE O TRIBUNAL VAI ANALISAR

O Tribunal Internacional já recebeu relatos escritos da Mercedes, Pirelli e FIA a respeito do caso. Sua obrigação de julgar se as regras foram violadas ou não vai girar ao redor da correspondência entre as três partes interessadas – e no questionamento das partes principais na audiência de Paris.

O que aconteceu no teste tem poucas consequências, pois é o simples uso do carro de 2013 – e não o que isso proporcionou – que realmente importa.

Prever o quão profundamente a investigação precisa ir nas linhas de comunicação entre Mercedes, Pirelli e FIA dependerá de quanto debate houve a respeito do uso do carro de 2013 e da clareza de cada parte em relação às intenções das outras.

Por exemplo, qualquer aprovação da FIA foi baseada no fato de que todas as outras equipes foram convidadas para tal teste, teoricamente indicando um apoio unânime para uma futura mudança da regra? Ou foi explícito que a interpretação legal da FIA é de que o contrato da Pirelli está acima das regras, portanto não havia dúvida de que utilizar um carro de 2013 era permitido?

Então, assim que a postura da FIA for esclarecida, o tribunal terá de analisar se o uso do carro de 2013 por parte da Mercedes foi uma tentativa óbvia de trapacear – como algumas de suas rivais sugeriram – ou simplesmente uma transgressão involuntária. Só assim pode ser determinado se alguma punição deve ser aplicada.

 

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