F1 – Qual seria a tática da Mercedes amanhã?

Ferrari e Mercedes

Se o GP de Cingapura serviu para nos lembrar alguma coisa, é que a estratégia de corrida na era atual tem tudo a ver com ‘undercut’.

Faça sua troca de pneus cedo e ganhe o benefício de ser o primeiro a andar rápido com pneus novos. Esse é o caminho mais fácil para a vitória; foi assim que Sebastian Vettel venceu na semana passada.

Então, por que a Mercedes aparentemente desistiu da oportunidade de usar o ‘undercut’ antes mesmo da corrida começar? Colocar Lewis Hamilton e Valtteri Bottas com compostos médios para a corrida, quando a Ferrari largará com pneus macios, parece um convite para a Ferrari a fazer a mesma coisa que fez em Cingapura.

Portanto, isso parece uma decisão duplamente ruim, à luz de Hamilton estar em P2 no grid entre as duas Ferraris. Ter pneus mais duros que Vettel tornará mais difícil manter a Ferrari atrás.

O piloto da pole, Charles Leclerc, tem certeza de que a Ferrari seguiu o caminho certo. “Acho que o começo é muito importante aqui e pensamos que os benefícios de começar com os macios são grandes”, disse ele. “E então não houve muita diferença, em termos de degradação, do macio para o médio. Por isso, pensamos que valia a pena fazer dele o nosso pneu de largada.”

Depois da classificação, Toto Wolff fez uma observação que deu uma pista para o pensamento de Mercedes. Ele espera que a longa reta de quase 900 metros até a primeira zona de frenagem depois da largada torne inevitável que os Ferraris estejam em P1 e P2 no final da primeira volta. A Mercedes calculou que, mesmo que eles tenham podido dividir os Ferraris no grid, isso só vai durar até o final da primeira reta.

Então, como vencê-los? Como desbloquear o ritmo de corrida geralmente superior da Mercedes contra um carro que larga na frente e provavelmente será muito difícil de passar nas retas?

Claramente, a Ferrari não pode contar com as mesmas táticas que venceu em Cingapura, de desacelerar o ritmo vários segundos para limitar a oportunidade de seus rivais. As longas retas de Sochi certamente arriscam muito, mesmo com a velocidade superior em linha reta.

Portanto, a Mercedes provavelmente pretende fazer uma combinação de “undercut” e “overcut”. Qualquer que seja a Mercedes que esteja à frente no final da primeira volta, fará um pit stop agressivo e forçará pelo menos uma das Ferraris a reagir. A outra vai demorar muito – mais tempo do que qualquer uma das Ferraris puder com seus pneus macios – talvez até longe o suficiente para que a mudança para pneus macios se torne uma possibilidade. Eles podem até ter sorte e poder fazer pit durante um período de safety-car.

No que diz respeito à escolha de pneus de Hamilton, ele disse que “só queria estar em algo diferente” das Ferraris. Não copiar a estratégia deles é uma jogada inteligente, mas depois de sua frustração pela Mercedes não ter feito o ‘undercut’ que ele pediu em Cingapura, ele certamente pressionará a Mercedes com força para não perder a chance de “minar” a Ferrari em Sochi.

Outra oportunidade para a Mercedes poderia estar no uso de combustível. Sochi é uma das pistas mais difíceis para controlar o consumo de combustível, e anteriormente isso era uma fraqueza da UP Ferrari. No Circuito Gilles Villeneuve, um circuio de acelera-freia semelhante, Vettel estava sendo aconselhado a economizar combustível quando escapou da pista sob pressão de Hamilton.

O Red Bulls poderiam jogar como um curinga nas estratégias dos primeiros colocados. Ambos largarão fora de posição devido a punições e, se um deles planejar fazer um longo primeiro stint, isso pode acabar interferindo nas janelas dos líderes.

Sochi não produziu muitas corridas emocionantes em sua curta história na F1 até agora. Mas a corrida de amanhã pode no mínimo nos dar uma batalha tática pela vitória.