F1 – Próximos anos. Qual sua opinião?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020 às 12:22

Max Verstappen – Red Bull RB 16

Colaboração: Antonio Carlos Mello Cesar

Quem já viveu bastante há de sempre apontar coisas boas extraviadas no passado, reconhecer meritório avanço do presente, mesma forma em que arquitetemos o tempo subsequente. Hoje pessoas usam bicicletas para vencer trajetos congestionados, telefones para chamar veículos e caminhadas, uma prática quase obrigatória nas pequenas até média distância, progressivamente o carro perde espaço no mundo moderno.

Inglaterra, França, Alemanha, estudam data para impedir circulação de veículos movidos a diesel ou gasolina, outras nações impuseram prazos, visando cambiar frota por automóveis elétricos; Noruega 2025, Holanda 2030. Neste contexto qual o futuro da F1?

Custos elevados, na categoria, são necessários, materiais empregados, tais como, fibra de carbono, titânio, alumínio da indústria aeronáutica, dizem respeito a peso, robustez e segurança. Já os motores híbridos, configuram única opção viável em contrapartida aos propulsores elétricos.

Diversos problemas decorrem do abastecimento de automóveis elétricos, por exemplo: A matriz energética francesa não suportaria, e somente uma central nuclear para alimentar sua frota, caso substituída na integralidade. Parte da eletricidade produzida no mundo, principalmente em território chinês, vem de usinas térmicas ativadas por carvão, poluentes por si só, uma vez obrigadas à considerável aumento de produção, mostrar-se-iam bastante nocivas ao meio ambiente. Além do que, fabricação de baterias emite elevados níveis de CO2.

Segundo meu entendimento, a F1 está certa ao apostar nos motores híbridos, contudo, erra e feio adotando sistema bastante complexo e oneroso. Os primeiros carros fabricados e vendidos com essa tecnologia têm como data início do século passado, 1901, o Lohner-Porsche Mixte, motor combustão acoplado a gerador, cuja energia ao passar pelos motores elétricos instalados no cubo das rodas era revertida para as baterias. Quase cem anos depois a Toyota reativou o projeto, lançando em 1997 o hibrido Toyota Prius.

Na F1 criaram um monstro indecifrável chamado UP, envolvendo motor a combustão, energia elétrica captada nos gases de escapamento, energia cinética (massa e velocidade de um corpo) dissipada nas frenagens, intrincado sistema hidráulico agindo em conformidade com central eletrônica, propulsores elétricos e baterias. Um custo avaliado em 18 milhões de euros representa 90% do valor total da máquina.

De acordo com porta voz da Honda, a unidade de potência possui tecnologia tão complicada, onerosa, que jamais poderemos usar na fabricação de nossos carros, um dos motivos para abandonar a F1.

Parte do charme, apelo da categoria, capaz de atrair significativa verba publicitária direcionada às equipes, perdeu-se no passado. McLaren, este ano, penhorou junto à instituição financeira seu histórico acervo, incluindo carros de corrida construídos e dirigidos pelo próprio Bruce McLaren, valor inestimável. Fica cada vez mais difícil conseguir patrocinadores.

Caso seja confirmado teto de gastos (U$D 145 milhões), certamente irá propiciar penosa reviravolta às equipes cujos aportes monetários excedem duas a três vezes orçamento das demais escuderias. Red Bull, Ferrari, Mercedes, destituídas do poder econômico, coagidas a reduzir número de funcionários, enxugar despesas em todo e qualquer setor, talvez enfrentem verdade distinta no confronto face equipes, de muito, adaptada a valores menores. Medida correta.

O aparato burlesco nos boxes, durante corrida, quase duas dezenas de engenheiros interagindo com mais de cem sensores instalados no carro, confere protagonismo excedente ao estafe técnico. Donos da estratégia, configurações, instrutores do melhor desempenho, acabam por lapidar performances, bons resultados e relevar pilotos a posição suplementar, não acho legal esta faceta da F1 moderna.

Inúmeros comandos no volante, apesar de sua complexidade, factua auxilio a pilotagem, permite o motorista revolver normatizações de chassi, potência, torque, equilíbrio dos freios, ajuste na tração para entrada, meio e saída de curvas. Regular diferencial à medida que os pneus desgastam e tanque esvazia, até mesmo resetar uma falha, estimulando outro sensor e controlar rendimento.

Partidário dos que avalizam o velho braço a compensar mudanças comportamentais no carro, me coloco em desacordo com tantos botões e sua praticabilidade, contra, também, copiosa comunicação via rádio, alertando para isso, aquilo; que fazer ou não fazer. Recursos eletrônicos, todos, possíveis e imaginários, deveriam ater-se a preparação, acerto pré-competição. No decurso da prova é por conta do piloto, nenhum beneplácito que altere vigor mecânico, estabilize deficiência ou desgaste.

Lei da física: Quanto maior for à massa de um corpo, maior será sua inércia. Beirando os 750 kg os monopostos atuais excedem em 200 kg a Ferrari campeã de 2004 que até hoje detém alguns recordes. Além da obesidade o F1 ganhou incrível dimensão, comprimento 5,70 mts, 1 metro superior a McLaren 2007, ultrapassando em 13 cm um Bentley, automóvel grande, espaço para cinco pessoas. Absurda distância entre-eixos, 3,70 mts, sobrepuja, nesse quesito, a popular Van Sprinter 10 lugares.

Carro acima do peso e medidas, adjunto uma enorme pressão aerodinâmica, requer pilotagem cautelosa, operando junto à cuidadosa poupança de pneus, abaixo do verdadeiro potencial da máquina. Inadequada extensão entre-eixos permite a traseira escapar de vez, na menor escorregadela, sem chance de correção.

Ao que tudo indica continuaremos a assistir graúdo avanço na dinastia pneumática, influenciando dinamismo e pouca reviravolta na classificação final. Se isto é bom ou ruim, confere maior emoção a corrida? Não sei dizer, apenas considero bastante ilógico uma máquina avaliada em 20 milhões (euros) estar refém de um jogo de pneus (2.700 euros).

Certo é que minha opinião não serve para nada, muito menos agrega conhecimento técnico sobre assunto deveras complexo, mas posso afirmar que as informações contidas no texto são verídicas. Desta forma teria muito apreço em conhecer o juízo dos leitores acerca do relatado.

Á todos vocês sempre generosos nos elogios sobre meus escritos, coerentes ao criticar, desejo FELIZ NATAL, extensivo a equipe Autoracing responsável pela produção do melhor site de automobilismo. Quero, também, parabenizar o Sr. Adauto pelos furos de reportagem, excelência no trabalho jornalístico e Bruno Aleixo, seu texto é ótimo, acima da média, quer seja em conteúdo, construção e desenvolvimento do assunto.

Antonio Carlos Mello Cesar
São Paulo SP

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