F1 – O mal recompensado

sábado, 13 de junho de 2020 às 17:51

Fisichella, Briatore e Alonso

Colaboração: Carlos Alberto Goldani

Flavio Briatore é uma prova contundente que pessoas de escassos escrúpulos podem sobreviver e brilhar no ambiente da Fórmula 1. Briatore foi diretor comercial da Benetton (vestuário) e sua associação com o esporte iniciou com sua indicação para gestor da equipe Benetton de Fórmula 1. Aprendeu os caminhos do esporte com Ross Brawn (tecnologia) e Tom Walkinshaw (administração), dois dos maiores vencedores nos bastidores da F1. Briatore também é ou foi empresário de vários pilotos como o bicampeão mundial Fernando Alonso, Heikki Kovalainen, Mark Webber e Nelsinho Piquet. Estava no comando da equipe Benetton no início da carreira de Michael Schumacher, quando o alemão conseguiu seus dois primeiros títulos mundiais.

Os métodos não convencionais de Briatore começaram a vir a público em 1991, quando em meio à temporada no GP da Itália o dirigente demitiu Roberto Pupo Moreno e colocou em seu lugar o então novato Michael Schumacher. O brasileiro, que era colega de Nelson Piquet na equipe, soube pelos jornais que havia sido substituído. Em 1994 pilotando um Benetton o piloto alemão foi campeão, apesar de ser desqualificado em duas provas e excluído em outras duas. Em toda a história da F1 foi a única vez em que o campeão foi penalizado em 4 GPs.

A conquista do campeonato foi consolidada na última prova quando Schumacher provocou um acidente com o britânico Damon Hill, eliminando da prova o único concorrente com condições de disputar o título. Neste mesmo ano houve outro incidente que ilustra a falta de espirito esportivo da equipe. A categoria voltou a utilizar o reabastecimento obrigatório, Briatore mandou retirar o filtro das máquinas de reposição de combustível utilizadas por sua equipe para tornar o processo mais rápido, pouco se importando com os riscos. A tramoia foi identificada quando o carro de Jos Verstappen incendiou no GP da Alemanha. A Benetton também foi acusada, nunca houve provas, de utilizar ajuda eletrônica ilegal (controle de tração).

Em 2003, administrando a equipe Renault, o dirigente italiano substituiu o campeão do mundo Jenson Button por seu contratado Fernando Alonso. A Renault de Briatore conquistou com Alonso os títulos de 2005 e 2006.

Em 2009 Briatore foi principal responsável pelo final prematuro da carreira de Nelsinho Piquet na F1. Insatisfeito com o desempenho do piloto, o dirigente fazia ameaças cancelar seu contrato minutos antes da largada de diversas corridas, concretizando o desligamento depois do GP da Hungria. Flavio Briatore, por contrato, gerenciava a carreira de Nelsinho. Em represália, o tricampeão Nelson Piquet expos em uma entrevista a um jornal inglês que havia avisado durante a última etapa de 2008, o GP do Brasil, ao diretor de prova Charles Whiting, que o resultado do GP de Cingapura havia sido manipulado. A denúncia não foi feita antes para a Federação Internacional de Automobilismo para não prejudicar Nelsinho.

Não existem pontos de ultrapassagem na pista de Cingapura. Briatore e o engenheiro chefe da Renault, Pat Symonds, criaram uma estratégia para entregar a vitória para Fernando Alonso. A equipe realizou uma troca de pneus prematura no carro do espanhol e orientou o brasileiro a provocar uma entrada do safety car na pista, forçando um acidente. O local do acidente foi escolhido onde não havia como retirar o carro sem a entrada do safety car. Alonso assumiu a liderança enquanto todos os pilotos aproveitavam as voltas com o carro de serviço para efetuar a troca de pneus. Alonso venceu em Singapura, a primeira das duas únicas vitórias da Renault na temporada.

Relembre a saga do crashgate:

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Em setembro de 2009 a Renault anunciou a demissão de Flavio Briatore e Pat Symonds, no final do mesmo mês a FIA anunciou a proscrição de Briatore da Fórmula 1 e do automobilismo mundial, incluindo a possibilidade de agenciar pilotos. O ex-chefe de equipe, Pat Symonds, recebeu uma suspensão de suas atividades de cinco anos e Nelsinho Piquet foi absolvido por colaborar com as investigações. Inexplicavelmente Fernando Alonso foi inocentado.

A história não teve um final feliz, em janeiro de 2010 o Tribunal de Apelação de Paris anulou o apena imposta a Briatore, garantindo que ele possa trabalhar livremente na Fórmula 1. O tribunal decidiu também que o dirigente teria de ser indenizado em quinze mil euros.

Este é o empresário que está negociando o retorno de Fernando Alonso para a F1.

Carlos Alberto Goldani
Porto Alegre – RS

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