F1 – O futuro da Mercedes e de Alonso

quinta-feira, 19 de outubro de 2017 às 18:05

Mercedes

Ontem o Autoracing publicou uma informação do site alemão Auto Motor und Sport que a “Mercedes pode mudar o conceito de carro para 2018“.

Eu digo que a Mercedes não só pode, como tem que mudar o conceito do carro. O carro atual é apenas uma evolução daquele que vem desde 2014 e já deu o que tinha que dar. A dificuldade que eles estão passando esse ano só seria minimizada pela suspensão semi-hidráulica, que foi corretamente proibida pela FIA depois da Ferrari ter feito um “questionamento” logo após a primeira parte da pré-temporada.

Essa proibição, que repito ter sido certa, afetou também a Red Bull, mas afetou mais a Mercedes, cuja suspensão era ainda mais sofisticada do que a da equipe austríaca e o trato com os pneus estava demais baseado nela.

É bastante surpreendente – quase extravagante – que a Mercedes esteja liderando e prestes a vencer tanto o mundial de pilotos quanto o de construtores. A verdade é que a Ferrari deu muito mole, pois ela é quem deveria estar liderando as duas tabelas. Maranello conseguiu finalmente ter um equipamento de primeiríssima linha, o melhor do grid, mas o gerenciamento da equipe e os pilotos vem decepcionando este ano, justamente o oposto da Mercedes, que tem um gerenciamento excelente com a inteligência e mão de ferro de Toto Wolff e Lewis Hamilton provavelmente no ápice de sua carreira.

A Mercedes não pode e não deve contar que isso durará para sempre. Hamilton pode não estar na mesma forma em 2018 e mesmo que esteja, se o carro Ferrari melhorar um pouco mais que o Mercedes, ele torna-se um carro dominante e aí nem Jesus Cristo é capaz de tirar a diferença.

É importante diferenciar o melhor carro de um carro dominante. O melhor carro é um pouco melhor que todos os outros, coisa de 0.2-0.3s mais rápido na maioria das pistas, mas um carro dominante passa do meio segundo por volta em praticamente todas as pistas.

Três exemplos reais e recentes de carros dominantes são a Brawn da primeira metade de 2009, a Red Bull de 2010 a 2013 e a Mercedes de 2014 a 2016.

Atualmente vemos uma situação parecida com 2006, 2007 e 2008, quando a Ferrari era um pouco melhor que a Renault em 2006 e depois que a McLaren em 2007 e 2008.

Eu não acho que a Mercedes vá fazer um carro com muito rake, ou seja, com a traseira muito mais alta que a dianteira. O que eu tenho certeza que vão fazer é uma nova suspensão e encurtar o carro usando a solução da Ferrari, com os sidepods altos simulando um angulo de 90º e os elementos de guia de fluxo de ar incorporados nele. Com isso, os bargebords e o difusor também mudam bastante e isso afeta demais a aerodinâmica. Enfim, será um carro totalmente novo.

Mas isso não quer dizer que a Mercedes vai acertar de cara. Se acertarem a suspensão já será 75% do caminho andado, mas não é fácil. Um carro com as características diferentes do atual pode precisar de uma terceira solução de suspensão e sinceramente não sei se o James Allison é especialista nisso. Aquela Lotus que ele fez para o Raikkonen e o Grosjean era o carro que cuidava melhor dos pneus de todo o grid naquela época, enquanto a Mercedes era o pior. Mas aquele regulamento de 2012-13 não tem nada a ver com o regulamento atual, por isso teremos que esperar a pré-temporada de 2018 para ver.

Alonso e seu futuro

Hoje noticiamos que Fernando Alonso renovou seu contrato com a McLaren. Depois de três anos desastrosos com a Honda, a McLaren fechou com a Renault para os próximos anos e convenceu Alonso a ficar, até porque a saída da Honda era condição sine qua non para Alonso negociar. Se a Honda ficasse, Alonso sairia.

A pergunta que todos se fazem agora é: Quais as condições do contrato? Oficialmente nada foi dito, a não ser que McLaren e Alonso estarão juntos em 2018 e terão de encarar as Red Bulls de Verstappen e Ricciardo com o mesmo motor. Aliás, a equipe Renault, a McLaren e a Red Bull terão exatamente o mesmo motor em 2018. Quando sair uma atualização ela estará disponível para as três equipes. É evidente que uma ou outra pode não querer usar a última atualização imediatamente, pois isso dependerá muito da situação momentânea no campeonato de cada uma, ainda mais que a partir do ano que vem serão apenas três unidades de potência por piloto para a temporada inteira.

Então, mas e o contrato do Alonso? Minhas fontes dizem que ele é de três anos, mas com clausula de saída já a partir de setembro do primeiro ano. Se a equipe não estiver entre as três primeiras colocadas, Alonso poderá sair sem pagar multa, caso ele queira sair. E mesmo que a McLaren fique entre as três primeiras e Alonso queira sair, a multa não é grande.

Alonso não vai participar da Indy 500 de 2018 porque será no mesmo dia do GP de Monaco e dessa vez ele vai priorizar a F1, mas pode participar das 24 horas de Le Mans.

Neste momento temos quatro pilotos de equipes de ponta com contrato se encerrando no final de 2018. Hamilton e Bottas da Mercedes, Raikkonen da Ferrari e Ricciardo da Red Bull. Alonso deixa assim essas quatro possibilidades abertas, caso a McLaren não consiga ser competitiva o suficiente.

Eu digo que a vaga de Raikkonen será ocupada por Daniel Ricciardo para 2019 e então reviveremos a dupla da Red Bull de 2014: Vettel e Ricciardo.

Quanto a Verstappen, ainda não tenho certeza e nem sei quando terei, mas uma de minhas fontes disse que o holandês pode ter uma clausula parecida com essa de Alonso começando a valer também em setembro do ano que vem.

A Mercedes quer Max Verstappen, ainda mais se Hamilton se aposentar no fim de 2018, o que é uma possibilidade real.

Adauto Silva
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