F1 – Nostalgia, carros e corridas

quinta-feira, 18 de outubro de 2018 às 12:18
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Juan Manuel Fangio – Mercedes 1955

Colaboração: Antonio Carlos Homem de Mello

João, meu pai, entusiasmado, expressava para nossas visitas, sua admiração por Fangio, olha, dizia ele: O próprio Moss, após triunfar na Inglaterra, declarou que o Argentino, poderia superá-lo, contudo, permitiu que realizasse um grande sonho, vencer em seu país.

Enaltecia além do piloto, o homem. Se o fato narrado é verdadeiro ou não, desconheço, mas outras histórias a respeito do penta campeão eram comuns naqueles tempos, como, segundo meu progenitor, durante um sequestro sofrido em Cuba, enquanto os guerrilheiros dirigiam alucinados rumo ao cativeiro, Fangio, a vítima, tranqüilo, elegante, elogiou o motorista revolucionário pela sua destreza ao volante. Tudo acabou bem, Juan Manoel foi devolvido ileso.

Não era uma corrida válida pelo mundial, mas Fangio veio a Interlagos, com sua Maserati, enfrentar nossos pilotos, entre eles Chico Landi.

Sentado no banco traseiro de um Citroen 1953, veículo, este, até avançado para época, tração dianteira, um sistema novo de suspensão lhe emprestava ótima estabilidade, rumamos para o autódromo. Minha primeira vez numa pista como espectador.

No trajeto para aquele local ermo, descampado, a avenida que nos levava, mais parecia uma estradinha, seu João abusava um pouco da velocidade, manipulando com destreza o câmbio, cuja alavanca parecia sair do painel e numa visível euforia afirmava: “aqui tem chofer, na França se paga um premio, caso alguém consiga capotar esse carro”

O argentino disparou na frente e nos giros iniciais abriu considerável vantagem, porém chegando ao último terço da prova, um brasileiro vinha sistematicamente diminuindo a diferença, três, quatro voltas restante, o público grita, aplaude. A Maserati contorna o pinheirinho, Casini, um carioca e sua Ferrari surgem no laranja, Fangio administrava vantagem, venceu.

Final dos anos 80, dois jornalistas europeus desembarcam em Buenos Aires para entrevistar o campeão. Após algumas fotos, perguntas, seguiram para a cidade de Balcarce, terra natal do argentino, onde existe um museu dedicado ao lendário piloto.

Durante o trajeto, a bordo de uma Mercedes 500 SEL, Fangio ao volante, velocímetro beirando os 190 km por hora, o fotógrafo muito assustado, conduzido a tal velocidade por um senhor quase octogenário, manifesta ao colega, em alemão, seu temor, pedindo que interfira naquela situação.

Mais tarde narrando este episódio, o repórter, relata: Os gestos, ao volante, extremamente calmos, precisos, demonstravam ter o veículo na mão, me sentia seguro, confortável. Pedi para tirar um pouco o pé, em apreço a meu parceiro, Fangio como sempre, educado, cavalheiro, aquiesceu, retomou um ritmo mais prudente, dizendo: Desculpem, mesmo tendo envelhecido, minha paixão pelos carros, motores potentes, continua igual.

A bola jamais desrespeitou Edson Arantes do Nascimento ou fugiu de seu controle, um carro não seria diferente com o mítico argentino.

Os portenhos insistem na tese de que Maradona foi superior a Pelé, segundo meu ponto de vista, tremenda idiotice, todavia se algum deles colocar Fangio como o melhor da história, cara a cara, discordo, vou proclamar Senna, agora, no fundo, bem fundo, acho que lhes dou razão.

Antonio Carlos
São Paulo – SP

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