F1 – Mudanças que podem fazer diferença são invisíveis

quinta-feira, 10 de maio de 2018 às 18:58

Mercedes e Ferrari

Por: Adauto Silva

Muita gente está se perguntando se a Mercedes virá com muitas mudanças no carro para o GP da Espanha, que começa amanhã com o primeiro e segundo treino livre.

Geralmente as equipes costumam levar muitas atualizações para a Espanha, já que além de ser a primeira corrida na Europa em quase todas as temporadas mais recentes, os engenheiros e pilotos já conhecem melhor os problemas dos carros, uma vez que treinaram, se classificaram e correram com esses carros quatro vezes no ano.

Atualmente a Ferrari tem vantagem sobre a Mercedes, que é inversa ao ano passado. Em 2017 a Ferrari tinha muito ritmo de corrida, mas perdia na classificação. Por isso e por alguns erros de seus pilotos, largava quase sempre atrás e depois tinha grande dificuldade em reverter esse resultado na corrida, mesmo tendo um ritmo melhor até a nona corrida de 2017.

Baseados nisso, os italianos concentraram todos os esforços em melhorar o carro de 2018 justamente na classificação. Nós vimos isso na pré-temporada, quando a Ferrari foi a equipe que mais treinou, desenvolveu seu carro para voltas lançadas e usou muito mais os pneus mais macios da Pirelli do que a Mercedes e a Red Bull.

A Mercedes na minha visão – e na visão de alguns lá dentro – errou e resolveu fazer alterações na suspensão e vir esse ano com um carro basicamente igual ao de 2017. O mesmíssimo conceito com algumas “atualizações”, digamos assim.

Na Austrália a coisa pareceu certa. Hamilton detonou na classificação – 0.7s no P2 Raikkonen – e venceria a corrida, caso não houvesse safety-car. O carro foi 1 segundo mais rápido do que na classificação de 2017, enquanto a Ferrari foi apenas 0.7s mais rápida do que tinha sido em 2017. Isso teoricamente mostrava que o carro da Mercedes de 2018 tinha melhorado 0.3s a mais do que a Ferrari de 2018.

Só teoricamente.

A verdade é que a Ferrari errou no acerto do carro na Austrália e por isso a Mercedes ia ganhar. Na corrida seguinte – Bahrain – a Ferrari mostrou sua verdadeira face. Em 2017 Vettel havia largado em P3 com 1’29.247. Em 2018 ele fez a pole com 1’27.958, ou seja, 1.3 segundos mais rápido que em 2017. A Mercedes em 2017 havia feito a pole com Bottas em 1’28.769 e em 2018 o mesmo Bottas foi a melhor Mercedes com 1’28.124, apenas 0.6s mais rápido que no ano anterior.

Vamos para a China? Em 2017 a pole foi de Hamilton com 1’31.678. Sabe quanto fez a melhor Mercedes esse ano na classificação da China? 1’31.625, ou seja, praticamente o mesmo tempo do ano anterior. E a Ferrari? Em 2017 a melhor Ferrari cravou 1’31.864. Este ano? 1’31.095, uma melhora de mais de 7 décimos.

A terceira corrida do ano é mais complicado comparar, uma vez que em 2017 ela foi na Rússia e este ano no Azerbaijão. De qualquer maneira, em 2017 a Mercedes dominou a primeira fila, que neste ano seria completamente dominada pela Ferrari, caso Raikkonen não tivesse cometido aquele erro enorme na curva 16, que lhe tirou 1 segundo do tempo que ele vinha fazendo!

A conclusão é óbvia. A Ferrari mudou o conceito de seu carro e conseguiu eliminar sua “fraqueza” de 2017 (classificação) sem prejudicar sua melhor qualidade, que era o ritmo de corrida. Os italianos fizeram mais que isso. Depois do susto na Austrália este ano, eles mudaram o conceito de acerto – em relação aos pneus – e adiantaram os planos de atualizações, as trazendo para todas as corridas.

Enquanto isso, a Mercedes achou que o erro deste ano no Bahrain foi de acerto (em 2017 eles também perderam a corrida) e não adiantou seus planos de atualização para o carro. Foram para a China basicamente com o mesmo carro e tomaram uma surra da Ferrari numa pista onde a Mercedes só vencia desde 2014. Mas Adauto, não foi o Ricciardo que venceu este ano? Sim, mas a pole foi do Vettel e a vitória fácil também seria. O alemão teve azar no SC e ainda foi abalroado pelo Verstappen.

E Barcelona?

Um mistério. Minha fonte diz que o que pode fazer diferença para a Mercedes é invisível. Como assim? “Simples”, disse ele. “Resolveram arriscar liberar um pouco mais de potência e fazer mais alterações na suspensão, coisas que ninguém consegue ver. O resto, as coisas visíveis, são pouco mais que maquiagem. Devem surtir muito pouco efeito”.

“Você está otimista?”, perguntei.
“Definitivamente não sei. Se até o TL3 a gente não acertar, vamos precisar de uma corrida louca como as duas últimas.”

A ordem mostrada antes de Barcelona é essa: Ferrari, depois Mercedes 0.2 atrás, Red Bull 0.4, Renault 1.3, Force India 1.7, Haas 1.8, McLaren 2.2, Toro Rosso 2.4, Williams 2.7 e finalmente Sauber 2.9 atrás.

Da Austrália para Baku quem avançou mais foi a Force India. Haas e Mercedes foram as que mais perderam.

Precisam se recuperar. Conseguirão?

Não está fácil saber… que bom!

Adauto Silva
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