F1 – Mercedes mostra que não é à prova de balas, mas…

terça-feira, 10 de junho de 2014 às 20:49
Rosberg e Hamilton em Montreal 2014

Rosberg e Hamilton em Montreal 2014

O GP do Canadá finalmente nos deu um novo vencedor, muitas surpresas e um ótimo espetáculo. Pela primeira vez nesta temporada a Mercedes não venceu a corrida e provou que mesmo o W05 não é perfeito. Atrás deles apareceram Red Bull, Force India e Williams com nível parecido de performance, enquanto a Ferrari decepcionou mais uma vez. A pista canadense tem estilo antigo, composta por retas muito rápidas, quebradas apenas por chicanes e um grampo. Essas características destacam as principais qualidades da unidade de potência Mercedes. Então não foi uma surpresa ver as Mercedes voando e ditando um ritmo insustentável para os outros, seguidos de Williams e Force India, equipes cujos carros têm baixo downforce e muita velocidade final, exatamente o que pede o desenho da pista.

Mercedes ainda à frente

O GP do Canadá estava sendo muito aguardado tanto pela Ferrari quanto pela Renault, já que ambas falaram muito sobre a introdução de atualizações de software importantes, além de novos mapeamentos de motor em suas respectivas unidades de potência, numa tentativa de dar uma guinada em termos de forças dominantes. Embora seja verdade que a Red Bull e a Renault fizeram melhorias muito significativas (basta lembrar onde eles estavam em fevereiro), por enquanto isso só foi o bastante para colocar o RB10 como o “melhor do resto”.

É inegável que a Mercedes ainda tem uma vantagem importante, o que ficou ainda mais claro pelo fato de Rosberg ter ficado sem o ERS, que segundo a simulação feita pela Magneti Marelli teria assegurado uma vantagem de dois segundos por volta. Mesmo assim ele ainda foi capaz de marcar tempos de volta similares aos daqueles que estavam atrás dele. Portanto, se por um lado a Mercedes revelou que não é à prova de balas, por outro, é claro que nós estamos vendo um carro que é quase perfeito em cada área: motor, chassis e eficiência aerodinâmica.

Clique no gráfico acima para ampliá-lo.

Apenas a aderência mecânica e o tremendo nível de tração (como pode ser visto pelos tempos estabelecidos no segundo setor) assemelham o W05 da Mercedes ao RB10 da Red Bull, que não é capaz de chegar entre as velocidades mais altas nas retas, mas usou sua tração e aderência para manter suas posições durante a corrida e construir seus tempos de volta.

A equipe Red Bull tem trabalhado muito duro para recuperar a competitividade perdida, não só do lado da unidade de potência com a Renault, mas também introduzindo em cada corrida novas peças aerodinâmicas, que foram capazes de restaurar o equilíbrio necessário para o carro. No Canadá, Newey & Co. sacrificaram uma parte da carga aerodinâmica, a fim de dar ao carro uma velocidade máxima superior nas retas. Isto ficou evidenciado pela enorme quantidade de trabalho realizado na sexta-feira, quando os dois pilotos passaram muito tempo no box à procura do acerto ideal. Em Montreal vimos um novo bico no RB10, agora sem a protuberância em sua parte inferior, numa tentativa de reduzir a pressão aerodinâmica e aumentar a velocidade máxima.

Novo bico do RB10

Novo bico do RB10

Assim como o novo bico, o RB10 também teve uma nova asa traseira de baixo arrasto com apenas 3 slots e uma longa janela nas extremidades.

Nova asa traseira RB10

Nova asa traseira RB10

Force India e Williams mais fortes

Williams e Force India confirmaram suas expectativas. Ao contrário do que aconteceu no Bahrain, tanto o FW36 quanto o VJM07 provaram estar em melhor forma. Na verdade, apenas o erro no pitstop e a batida no final com Perez impediram Massa de conquistar sua primeira vitória com sua nova equipe. O FW36 mostrou mais uma vez ser um dos carros mais rápidos nas retas (se não o mais rápido ) graças ao seu baixo nível de arrasto, que aqui combinado com a sua capacidade de queimar menos combustível do que qualquer outro, colocou Massa e Bottas logo atrás dos carros da Mercedes.

Também muito boa foi a performance mostrada por Perez e Hulkenberg. O VJM07 como a Williams, é um carro com baixo arrasto que os ajudou a subir no grid de Montreal. Perez também provou o quão bom o VJM07 é na gestão dos pneus, ao fazer 35 voltas com o composto super macio, o que foi muito além das expectativas mais selvagens, enquanto todas as outras equipes sofreram granulação nos pneus traseiros depois de apenas algumas voltas.

Mas agora que a Formula 1 volta para uma pista mais normal, a Force India e a Williams terão que encontrar mais downforce se realmente quiserem deixar suas marcas nesta temporada. Em Montreal ambas não tiveram atualizações significativas em seus carros, um sinal de que o desempenho tem de ser encontrado em outros tipos de pistas, embora a Force India tenha testado duas novas asas traseiras na sexta-feira.

Asas traseiras novas da Force India

Asas traseiras novas da Force India

Os pontos fracos do F14-T

A Ferrari chegou a Montreal cheia de otimismo, graças ao novo pacote anunciado há um mês por Montezemolo, no Bahrain. O tão aclamado retorno não ocorreu, com a Ferrari aparentemente dando um passo para trás, embora, na realidade, foram os adversários que evoluíram mais rapidamente.

Aerodinâmica, chassis e unidade de potência são os pontos mais fracos do F14-T. Um projeto que foi mal desenvolvido e vai continuar com muita dificuldade para conquistar uma posição de liderança nesta temporada. As atualizações trazidas no Canadá mostraram-se inadequadas para as necessidades de refrigeração de sua unidade de potência, chamada de 059/3. Este é um erro monumental que ocorreu durante o projeto do 059/3, que mostra claramente como os especialistas de motores da Ferrari e os engenheiros de chassi não trabalharam bem juntos durante o inverno europeu.

Nova carroceria - sidepods redesenhados

Nova carroceria - sidepods redesenhados

Isso está afetando não apenas a performance do motor, mas do carro inteiro. Na verdade, a nova carroceria e o novo assoalho pareceram dar ao F14-T um nível de desempenho aceitável, mas colocaram em risco a confiabilidade da unidade de potência, uma vez que as temperaturas se elevaram. O gráfico por setor acima mostra claramente a baixa tração (tempos no setor 3). Essa falta de tração se reflete em tempos de volta, má gestão dos pneus e incapacidade para ultrapassar (impressionante a diferença de tração entre a Red Bull a e Ferrari durante a corrida na saída do grampo). É inútil sugerir que a pista não era ideal para a Ferrari. A Red Bull provou o contrário ao vencer a corrida com Ricciardo e Vettel terminar em terceiro lugar, ambos com um carro com baixa velocidade máxima.

O que esperar da Áustria

A próxima corrida será realizada em Zeltweg, ex-A1-Ring e agora chamado Red Bull Ring, uma pista totalmente diferente da de Montreal. Se você for apostar, coloque 99% de suas fichas na Mercedes, que deve conquistar mais uma vitória dominante, mas preste atenção na Red Bull, que pode aparecer com uma versão B de seu RB10.

A Ferrari vai tentar voltar com uma resposta melhor após o desempenho pífio no Canadá, que viu o cavalinho rampante não só bem atrás da Mercedes e da Red Bull, mas também atrás de Williams e Force India.

AS - www.autoracing.com.br

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