F1 – McLaren e Ricciardo tem tudo para dar mais certo do que se imagina

quinta-feira, 14 de maio de 2020 às 19:19

Lando Norris e Daniel Ricciardo

A notícia que Sebastian Vettel não renovaria seu contrato com a Ferrari depois de 2020 pareceu cair do céu para Daniel Ricciardo, que era a alternativa mais lógica para a Ferrari substituir o tetracampeão, que ganhou todos o seus 4 títulos com os Touros, nenhum com os Vermelhos.

Vencedor comprovado de corridas, muito rápido, popular e com herança italiana, Ricciardo tem tudo que a Ferrari procuraria no próximo companheiro de equipe de Charles Leclerc.

Mas essa oportunidade foi para Carlos Sainz, com Ricciardo assumindo o lugar do espanhol na outrora excelente equipe McLaren, que não vence uma corrida há 8 anos, desde o GP do Brasil de 2012.

Então, por que ele deu o que parece ser mais um passo lateral em um estágio crucial de sua carreira?

Não parece ser um passo lateral, mas sim em frente.
Quando Ricciardo decidiu deixar a Red Bull em 2018 e assinar um contrato de dois anos com a Renault, a ligação que ele fez para seu próximo contrato sempre seria aquela que decidiria se ele teria a chance de ganhar um título nesta década numa equipe de fábrica. Juntar-se à Renault permitiu que ele assumisse um contrato muitíssimo lucrativo em uma equipe do segundo pelotão e esperasse que Lewis Hamilton ou Vettel deixassem seus respectivos acordos com Mercedes e Ferrari, que durariam até a mesma data final da dele. E depois roubasse o melhor assento.

Então, com Vettel saindo, o que mudou?
Lendo a declaração no comunicado de imprensa confirmando a recusa de Vettel em assinar um novo acordo muito inferior ao atual, não somente na parte financeira, como tempo de duração e perdendo o status de primeiro piloto, duas coisas ficaram claras. A primeira é que a pandemia de coronavírus deu a Vettel a chance de reavaliar suas prioridades na vida e contemplar passar um tempo em casa com sua jovem família. Com essa nova mentalidade e entrando em negociações com uma equipe claramente construindo em torno de Leclerc, algo evidenciado pelo novo contrato de cinco anos do nativo de Mônaco, permanecer além de 2020 provavelmente não parecia valer a pena nesses termos.

O papel de Leclerc na equipe não pode ser subestimado. Ricciardo já experimentou essa dinâmica antes – a maneira como ele viu a Red Bull se mobilizando em torno de Max Verstappen nos primeiros meses de 2018 foi um dos fatores que ele considerou antes de sair, disseram várias fontes próximas ao australiano.

Embora externamente as notícias de Vettel possam parecer seu grande momento, Ricciardo ignorou frequentemente o consenso comum – seu capacete de 2019 exibia a mensagem “Pare de ser eles”. Na verdade, a Ferrari parecia menos provável nesta ocasião do que em 2016, ou até um feitiço no início de 2018. Sempre havia um medo de que seu papel na Ferrari fosse provavelmente mais semelhante ao que o australiano Mark Webber tinha na Red Bull ao lado de Vettel no início dos anos 2010.

Assim como Hamilton, Ricciardo não exige tratamento preferencial ao assinar seus contratos, mas não ter igualdade é um rompimento de acordo. Na McLaren, ele não apenas conseguirá isso, mas também pode ter uma equipe que vai construir em torno dele, dependendo de seu desempenho, é lógico.

Ricciardo não estava convencido de que a McLaren estava no caminho certo em 2018, então optou por assinar com a Renault, mas a McLaren mostrou na última temporada que está numa trajetória absolutamente certa. O novo chefe da equipe, Andreas Seidl, deu vida à equipe e parece ser a pessoa perfeita para levá-la de volta à frente. Ricciardo pode esperar o uso dos motores Mercedes a partir de 2021 e uma enorme mudança de regra em 2022. A McLaren também se comprometeu a construir um novo túnel de vento de última geração, e a assinatura iminente de um limite de orçamento de USD 145 milhões, que ajuda a estreitar as 10 equipes da F1 em termos de competitividade geral.

Por outro lado, Ricciardo rapidamente se frustrou com a Renault em 2019, com uma série de problemas de confiabilidade ao longo do ano e nenhum sinal de uma grande melhoria. A demora para a temporada de 2020 também atrapalhou ainda mais as coisas, com o compromisso de longo prazo da Renault com a F1 parecendo duvidoso, antes mesmo de o mundo mudar tão drasticamente este ano.

Enquanto a McLaren ainda esteja saindo de anos sombrios, também vale lembrar que a Ferrari não vence um campeonato de pilotos desde 2007 e de construtores desde 2008 e parece improvável que o faça nos próximos dois anos contra Mercedes e Red Bull, com regras de grandes desenvolvimentos efetivamente congeladas até que o regulamento mude. O anúncio da Ferrari assinando com Sainz incluiu o reconhecimento de que os Vermelhos vão enfrentar uma longa jornada de volta a um título.

Por que faz muito sentido para a McLaren?
Esta é mais fácil de entender. Ricciardo é uma enorme declaração de intenções de uma equipe como a McLaren, que está numa óbvia trajetória ascendente, mas ainda está muito longe de suas antigas glórias. Claramente, o descontraído australiano será um sonho para o departamento de marketing, tendo sido um ponto focal da série Netflix da F1 “Drive to Survive”. Também lhes dá o calibre do piloto perdido quando Fernando Alonso se retirou em 2018.

Lando Norris, que fará parceria com Ricciardo em 2021, é uma excelente perspectiva de longo prazo para a McLaren; o inglês é prodigiosamente talentoso e é indiscutivelmente o maior nome no e-sports do automobilismo, um setor que parece estar crescendo comercialmente e em visibilidade a cada dia durante a atual pandemia. No entanto, o jovem de 20 anos ainda é um talento jovem e cru, sem um pódio ou vitória em sua curtíssima carreira. Em sua impressionante temporada de estreante, ele disputou bem algumas vezes contra Sainz, mas a questão de quão bom era esse ponto de referência vai permanecer, até que o espanhol concorra com um vencedor de corrida em carros vencedores.

Sainz e Norris juntos eram uma formação popular dentro da equipe, mas essa dúvida, por menor que fosse, estava lá. Ricciardo chega para eliminar qualquer dúvida sobre sua condição de vencer corridas ou um um campeonato durante seus cinco anos na Red Bull. Ele venceu corridas e consolidou a reputação de melhor ultrapassador do grid da F1.

Sua abordagem de freadas tardias e precisas, que ele chamava de “lamber o carimbo e enviá-lo”, foi a base por trás de várias de suas vitórias mais memoráveis, incluindo Canadá e Hungria em 2014 e sua sensacional luta escalando o grid para vencer GP da China de 2018. Essa característica combina perfeitamente com a McLaren, dada a localização atual no grid.

O comportamento descontraído de Ricciardo muitas vezes mascara sua determinação de se tornar o primeiro campeão mundial da Austrália desde Alan Jones em 1980. Sua capacidade em corrida o torna o homem perfeito para liderar a próxima etapa do ressurgimento da McLaren. E deve dar a essa equipe mais motivos para se sentir otimista em relação a adicionar alguns novos triunfos à sede da empresa em Woking nesta década.

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