F1 – Jean Todt terá que encarar seu primeiro grande teste

terça-feira, 30 de novembro de 2010 às 13:57

Nos nove meses desde a sua eleição como presidente da FIA, temos visto pouco Jean Todt. Mas tudo está prestes a mudar, agora que o francês enfrentará seu primeiro grande teste.

Até agora, a percepção geral no paddock é que Todt tem gerido a FIA utilizando a persuasão e não a força, como Max Mosley era acusado de fazer. Mas no próximo mês ele vai encontrar-se sob intensa vigilância aos olhos do mundo quando se sentar no julgamento de sua ex-equipe.

Entre 1993 e 2007 ele levou a Ferrari a seis títulos de pilotos e oito de construtores. Durante aquelas quinze temporadas, a Ferrari ganhou a impressionante quantidade de noventa e oito corridas.

No entanto, o sucesso não veio fácil, as vitórias tiveram um preço, com a equipe italiana muitas vezes sendo acusada de violar o regulamento. Seja pelos métodos de Schumacher na pista ou na legalidade dos componentes do carro, a lendária equipe se viu inúmeras vezes nas manchetes por razões erradas.

Havia um sentimento que raramente a Ferrari era punida, levando a entidade que comanda o esporte a ser apelidada de “#F+errari #I+nternational #A+ssistance” pela mídia mundial.

No próximo mês, Todt vai liderar o Conselho Mundial de Automobilismo quando começar julgamento da Ferrari em relação à alegação de que ela manipulou o resultado do GP da Alemanha, mediante a ordem de equipe dada a Felipe Massa via rádio.

As ordens de equipe foram proibidas pela FIA em 2002, na sequência do escândalo sobre a manipulação da Ferrari no resultado do Grande Prêmio da Áustria, quando Rubens Barrichello foi condenado a doar sua vitória ao companheiro de equipe Michael Schumacher, o que o brasileiro fez perto da linha de chegada da volta final.

Veja o que aconteceu em 2002, quando Barrichello deixou Schumacher vencer. Repare na indignação da dupla inglesa de narrador e comentarista

Enquanto as ordens de equipe foram posteriormente proibidas, vale lembrar que a multa de U$ 1 milhão que a Ferrari levou na época, não foi pela manipulação do resultado, mas pelo fato de que a equipe foi contra o protocolo do pódio, quando um Schumacher claramente constrangido convidou seu companheiro para o degrau mais alto do mesmo.

O chefe da equipe naquele dia, o homem que foi para a Place de la Concorde para discutir o caso da equipe de Maranello, o homem que também havia insistentemente dado a ordem para Barrichello era Jean Todt. Em pouco mais de quatro semanas ele vai estar sentado do outro lado da mesa, fazendo o julgamento.

Para complicar ainda mais, o filho de Todt, Nicolas, é o empresário de Felipe Massa, um dos dois pilotos no centro do escândalo.

O primeiro teste público de Todt é possivelmente o pior cenário possível para ele, pois terá que julgar ações de uma equipe com a qual ele obteve sucesso incalculável, mas que também parecia desfrutar de uma “simpatia” muito além do aceitável do órgão diretivo.

De qualquer maneira, o fato hoje é que a Ferrari é acusada de usar ordens de equipe a fim de manipular o resultado da corrida, o que atualmente é considerado ilegal. Enquanto fãs, jornalistas e executivos do paddock dizem que equipes rivais também manipularam corridas nos últimos anos – e talvez mesmo nesta temporada – a Ferrari está no centro das atenções, talvez não tanto pelo que fizeram, mas como fizeram.

GP da Alemanha 2010. A Ferrari faz com Felipe Massa a mesma coisa que fez em 2002 com Barrichello

Será um teste dos mais importantes para Jean Todt. Espera-se que a Ferrari seja punida no mínimo com a perda dos pontos do GP da Alemanha. Se isso não acontecer, o futuro de Todt, da FOTA (Formula One Teams Association ) e da própria Formula 1 ficará bastante incerto.

Adauto Silva – 12/08/10
www.autoracing.com.br

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