F1 – Honda, o fracasso

sábado, 3 de outubro de 2020 às 14:30

Toro Rosso-Honda

Por: Adauto Silva

O fracasso dos japoneses da Honda não vem de hoje. Estamos no vigésimo ano do século XXI e eles já entraram e saíram da Formula 1 duas vezes, já contando essa próxima saída com o rabo entre as pernas no ano que vem.

A UP atual é cara, complexa “demais” e pesada? Ora, claro que é. Se eu e você já sabíamos disso, a Honda sabia ao quadrado. USD 200 milhões é muita grana para investir por ano? Claro que não. O marketing de qualquer montadora “chinfrim” gasta o quíntuplo disso por ano e atinge muito menos público alvo que a Fórmula 1.

O setor de pesquisa e desenvolvimento de qualquer montadora gasta mais de USD 1 bilhão por ano sem lançar um modelo novo, porque quando lança esse custo mais que dobra e em alguns casos triplica.

Então, como se diz aqui no Brasil, USD 200 milhões é “troco de pinga” para uma montadora do porte da Honda! “Ah, eles estão tendo prejuízo operacional por causa das vendas baixas de 2020!” Qual montadora não está tendo prejuízo num ano totalmente atípico no mundo? Todas, umas mais que as outras e a Honda está entre as que despencaram menos.

Portanto, essa história que a F1 é cara e que a Honda quer uma tecnologia com zero carbono é balela como desculpa para sair, uma vez que eles sempre souberam que iam gastar isso por ano e que a tecnologia desses motores está longe de ser verde.

O caso é que a Honda fracassou de novo. Os três primeiros anos na McLaren foram absolutamente vergonhosos e depois quando foi para a Red Bull melhorou. Mas nunca a ponto de desafiar Mercedes ou Ferrari pelo título, que é o que importa.

Ganhar uma corrida ou outra a Red Bull já ganhava com a Renault e com a Honda ganhou basicamente as mesmas, ou seja, a UP Honda nunca fez qualquer diferença. Pior, esse ano depois da proibição do modo de classificação – que também era usado muitas vezes durante as corridas – a UP Honda parece ter se tornado apenas a terceira força, atrás da Mercedes e da Renault.

E seria agora a pior, caso a Ferrari não tivesse sido pega no “gato” que fez em seu motor em 2019.

Os japoneses da Honda não têm paciência como os franceses da Renault, por exemplo. Querem resultados rápidos, mas não sabem avaliar as dificuldades da Formula 1. Saíram pela última vez em 2008 mesmo com Ross Brawn – chefe da equipe de fábrica deles na época – dizendo a eles que teriam um carro para vencer o título de 2009. Dito e feito, eles saíram mesmo assim e Ross Brawn meteu um motor Mercedes na traseira de seu carro – que nem havia sido projetado para o motor alemão – e foi campeão. Então vendeu sua equipe para a Mercedes e hoje vemos o que ela se tornou.

A Honda se comporta como amadora e a F1 não é para amadores.

Para se ganhar na F1 precisa ter um plano de longo prazo, saber o total que pode investir nesse longo prazo, fazer as parceiras certas, contratar as pessoas certas e ter a estrutura certa para alcançar tudo isso. E, enquanto não ganha, ir capitalizando marketing positivo até lá, já que o público alvo da F1 é exigente, gosta de tecnologia, gosta de carros e motores mega-rápidos e valoriza a continuidade no esporte que ama.

A única coisa certa que a Honda fez foi a parceria com a Red Bull, uma equipe em plenas condições de disputar o título desde 2009, que tem estrutura, gente extremamente capacitada, comprometimento total com a categoria e simplesmente quatro carros no grid. Quem mais tem isso? Quem mais tem um Max Verstappen para extrair tudo e mais um pouco do carro e do motor? Só a Mercedes com Hamilton.

Agora que a Honda está no lugar certo resolvei sair? Péssimo julgamento. A impressão ou a verdade que ela passa nessa decisão é que não se acha capaz de encarar a Mercedes pelo título e vai ficar tomando pau até no mínimo 2025, quando em 2026 a UP vai mudar para carbono zero, que é o que a Honda deu como desculpa esfarrapada para sair. Com isso, vai sair por baixo, definitivamente com o rabo entre as pernas.

“Ah, mas falaram que vão fazer um motor-canhão” no último ano (2021) para ganhar o título e sair por cima”

É? Quem acredita nisso? Se tivessem certeza disso nunca anunciariam a saída antecipada! Quem não quer capitalizar marketing, vendas e prestígio depois de anos de investimento? Amadores.

Sinto pela Red Bull, que tem tudo, menos motor para vencer.

Mas eles darão um jeito. Até porque com todo o investimento e comprometimento que eles mostraram até hoje com a F1, eles simplesmente merecem.

Quem não merece é a Honda. Se quiserem voltar em 2026 e eu fosse dono de equipe, fugiria deles como o diabo foge da cruz.

Adauto Silva
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