F1 – Hamilton ameaçou sair da Mercedes depois do acidente no GP da Espanha?

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016 às 16:36
Hamilton e Wolff tensos após GP da Espanha de 2016

Hamilton e Wolff tensos após GP da Espanha de 2016

De acordo com a Sky Sports, Lewis Hamilton ameaçou abandonar a Mercedes no meio da temporada de 2016.

A notícia surgiu no dia da corrida em Abu Dhabi e especulou-se se isso pode ter sido tanto de um ponto na reviravolta no campeonato deste ano, como foi seu motor ter explodido na Malásia.

Enquanto rumores sobre a ameaça de Hamilton durou meses, domingo foi a primeira vez que ele foi especificamente questionado sobre isso. E quando perguntado pela Sky F1 se era verdade, Hamilton afinal recusou-se a negar a história.

“Depois do acidente na Espanha, houve uma história que você disse: ‘Vou parar, vou desistir’. Existe alguma verdade nisso?” – perguntou Martin Brundle, da Sky F1.

“Isso é tudo coisa privada que está no passado”, respondeu Hamilton.

Então não é uma negação.

A Sky Sports entende que Hamilton disse à equipe que ele não queria mais guiar novamente em 2016 após o GP de Espanha em 15 de maio.

Hamilton e Rosberg haviam batido na primeira volta da corrida e Hamilton teria ficado furioso com a recusa da equipe em aceitar – em particular, se não publicamente – que Rosberg tinha sido o culpado pela colisão.

Hamilton sentiu que Rosberg foi 100% culpado. A Mercedes não.

Naquele ponto, acredita-se, Hamilton disse que não queria mais participar do resto do ano e ir embora. E ele foi levado a sério.

Hamilton é um personagem emocional que usa seu coração nas luvas. No entanto, poucos no paddock acreditavam que Hamilton teria feito tal ameaça antes da não negá-la no domingo.

Relembre o acidente na Espanha:

O Regulamento da FIA diz que o piloto da frente deve deixar no mínimo o espaço de um carro para o de trás quando alguma parte dos carros já estão lado a lado, especificamente nas retas.

Mas volte a meados de maio e lembre-se da posição no campeonato que Hamilton estava naquela fase da campanha. Depois de dois motores terem explodido em classificações, ele já estava 43 pontos atrás de Rosberg, no que era certo ser uma luta de dois pilotos pelo campeonato. E agora aqui ele estava no cascalho de Barcelona e não recebendo o apoio que acreditava ser devido da equipe Mercedes.

Ele estava, em outras palavras, no fundo do poço.

Em uma entrevista em julho, Hamilton descreveu Barcelona como uma “enorme decepção para mim” e, em seguida, acrescentou: “Há coisas que você não vai saber até que eu me aposente. Acordei no dia seguinte e fui correr (a pé), esse é o meu processo, correndo eu fico pensando em muitas coisas diferentes.”

Hamilton passou a dizer que “na época” seu déficit de 43 pontos “parecia impossível – eu sou apenas humano, então naqueles dias eu sentia que parecia impossível”.

O que aconteceu depois?
Visto em retrospectiva, há uma abundância de evidências de apoio para indicar que algo estava em andamento na Mercedes nos dias após a colisão de seus pilotos no GP da Espanha e que eles poderiam precisar de outro piloto.

Na terça-feira e na quarta-feira seguintes à corrida, as equipes permaneceram no Circuito da Catalunha para um teste de dois dias. Rosberg correu no primeiro dia e devia entregar o carro a Esteban Ocon. Exceto que os planos da Mercedes mudaram de repente e foi Pascal Wehrlein quem estava atrás do volante do W07 quando surgiu na manhã de quarta-feira.

Tinha sido uma mudança muito rápida de plano: o piloto da Manor só foi comunicado às 8 horas da noite anterior. E estava longe de ser ideal: como as regras da F1 afirmam que uma equipe deve usar um piloto com participação em menos de três GPs – como Ocon na época – em dois de seus quatro dias de testes na temporada, a chamada de Wehrlein automaticamente alijou Hamilton de participar do teste de julho em Silverstone.

A Mercedes disse que a mudança era uma conseqüência da equipe querer um piloto mais experiente para testar algumas peças novas do desenvolvimento que tiveram no W07. Não, na verdade, não é verdade.

Mas poderia também ter sido o caso que a equipe precisava familiarizar Wehrlein com o W07 pré-Mônaco, no caso de Hamilton cumprir sua ameaça de ficar fora do resto do ano?

É certamente viável.

Por que a história não vazou?
Vazou – basta colocar ‘Hamilton pode ficar fora do GP de Mônaco‘ no Google e dar uma olhada. Mas assim que a história surgiu, a Mercedes desmentiu.

Mas é possível que a história fosse verdadeira. Hamilton ameaçou ficar fora em Mônaco, mas no momento em que a história vazou ele mudou de ideia. Daí a resposta desdenhosa de Mercedes.

E se isso foi o que aconteceu, a grande questão é por que Hamilton mudou de ideia e decidiu continuar.

Foi simplesmente um caso de Hamilton tendo uma reação emocional feita no calor do momento? Toto Wolff ou Niki Lauda exerceram seus poderes de persuasão? Ou, por mais fantástico que possa parecer, uma conversa casual na piscina do complexo de apartamentos em Le Rocabella, Mônaco, entre Lewis e Nico, a pessoa que mais teria a ganhar com a saída de Hamilton, provocou a reviravolta?

O que sabemos com certeza é que os eventos pós-Espanha foram uma reviravolta que viu um Hamilton re-energizado e de volta em grande estilo, vencendo seis das sete corridas seguintes para assumir a liderança do campeonato em direção às férias de verão.

“Eu fico animado com a ideia de que, um dia, eu poderei falar sobre este ano”, disse Hamilton na semana passada. “Há tantos pensamentos na minha mente, mas não posso compartilhar com você ainda.”

Enquanto ele espera para ver se haverá sanções depois de desafiar as ordens da equipe em Abu Dhabi, talvez tenhamos que esperar pelo livro de Hamilton para descobrir a verdade por trás de mais um dos muitos mistérios da Formula 1.

AS - www.autoracing.com.br

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