F1 – Guerra das atualizações começa em Barcelona

quarta-feira, 10 de maio de 2017 às 14:53
Maurizio Arrivabene e Toto Wolff

Maurizio Arrivabene e Toto Wolff

Por: Adauto Silva

A guerra de desenvolvimento dos novos carros da F1 começa de fato neste final de semana na Espanha. Primeira corrida na Europa da temporada, as equipes já sabem quais são os pontos fortes e fracos de seus carros. Além disso as pistas são todas perto das fábricas das equipes, o que proporciona rapidez e quase nenhuma burocracia na transição de peças por causa da União Europeia.

Todas as equipes levam seus caminhões, não apenas para transportar os carros. As grandes equipes tem caminhões-escritório para um batalhão de engenheiros, além de caminhões-laboratório, onde milhares de dados são coletados, decifrados por mega-computadores e até para alguns tipos de testes.

Os alemães vão introduzir a primeira versão realmente atualizada do W08, no que promete ser o início de uma ofensiva pesada de atualizações pelo resto da temporada contra a Ferrari e talvez contra a Red Bull, que vai introduzir um carro praticamente novo – o B-Spec – na Espanha.

A Mercedes passou as primeiras quatro corridas com 7 kg além do limite mínimo de peso, culpa da suspensão – que foram obrigados a trocar depois de um pedido de esclarecimento da Ferrari à FIA – e da caixa de câmbio mais pesada do que estava na pré-temporada por conta de confiabilidade.

Caixa de câmbio e suspensão mais leves serão parte das atualizações para Barcelona, além de outras partes do carro, que emagrecerão e devem permitir que a equipe reverta o problema de peso e passe a poder utilizar lastro para variar a distribuição de peso de uma pista para outra.

Parte do motor também está sendo incrementado, mas ainda não se sabe se dará tempo para ser usado na Espanha. Embora a Ferrari também esteja desenvolvendo seu carro, na história recente a Mercedes tem liderado o ritmo das atualizações. Mas mesmo isso pode não ser o suficiente para os alemães superarem o que pode simplesmente ser um conceito melhor dos italianos.

Como já explicamos anteriormente e Mark Hughes confirmou para a Sky F1 essa semana, os dois carros são completamente diferentes em termos de conceito. A Ferrari é significativamente mais curta em distância entre eixos e comprimento total, parte do por que é mais leve. A Mercedes optou, como a maioria das outras equipes, por um entre eixos muito longo, priorizando ter uma distância longa entre as rodas dianteiras e o começo dos sidepods – uma área aerodinamicamente crucial.

E como o fluxo de ar volta a ligar-se à carroçaria à frente dos sidepods depois de ter sido bloqueado pelos pneus dianteiros, isso determina a eficácia dos vórtices (correntes de circulação de ar) usados para acelerar o fluxo de ar para baixo nas laterais do carro para a traseira em direção do difusor.

Quanto mais rápido esse ar fluir, maior será o downforce. Se não houver distância suficiente entre as rodas dianteiras e os sidepods, pode ser difícil conseguir que o fluxo de ar ao longo das laterais do carro se movam rápido o suficiente.

A Ferrari conseguiu o ideal, ou seja, uma boa distância entre as rodas dianteiras e os sidepods sem aumentar seu entre eixos. Fizeram isso levando os sidepods mais para trás, o que foi crucial para permitir que a Ferrari fizesse um carro mais compacto e leve.

A maior área de carroçaria da Mercedes cria mais downforce de pico, e isso permite que o carro tenha um ângulo de asa traseira menor que o da Ferrari na maioria das pistas, o que ajuda na velocidade em reta. Entretanto, o peso extra bloqueou a distribuição de peso prejudicando o acerto de carro, que precisa andar numa janela de temperatura de pneus mais estreita.

Na pré-temporada o conceito de Maranello se mostrou muito mais eficaz em Barcelona, principalmente por ser uma pista com curvas de raio longo, o que acentua as melhores características da Ferrari, que veio fazendo mais atualizações que a Mercedes e a Red Bull nas quatro primeiras corridas do ano. Por isso, não se espera grandes atualizações da Ferrari neste final de semana, mas sim atualizações menores que vem se provando muito eficazes.

A Red Bull está conseguindo manter todas as grandes atualizações que pretende mostrar em Barcelona sob sigilo, até agora. O principal problema do RB13 é a falta de downforce na parte traseira, que não permite que os pneus trabalhem no seu melhor. Isto significa que a Red Bull nestas quatro primeiras corridas nunca conseguiu levar os pneus até a janela certa de temperatura.

Há boatos que eles podem trocar seu conceito pelo da Ferrari. Mas só teremos certeza disso nos treinos livres de sexta-feira.

Adauto Silva
Leia e comente outras colunas do Adauto Silva

AS - www.autoracing.com.br

Tags
, , , , , ,

ATENÇÃO: Comentários com textos ininteligíveis ou que faltem com respeito ao usuário não serão aprovados pelo moderador.