F1 – GP da Espanha foi uma corridaça!

terça-feira, 16 de maio de 2017 às 15:18
GP da Espanha 2017

GP da Espanha 2017

Por Adauto Silva

O GP da Espanha deste final de semana foi o melhor em muitos anos. A classificação já foi emocionante com os quatro primeiros separados por apenas três décimos de segundo, entretanto como a pista de Barcelona é quase impossível conseguir ultrapassar – com carros demais dependentes da aero como esses – , eu esperava uma espécie de “trenzinho” no domingo.

Mas Felipe Massa deu a ideia de aumentarem em 100 metros a área de DRS no retão e tudo mudou. O que era quase impossível tornou-se ainda difícil, mas viável, ainda mais mais para pilotos de F1, habilidosos e confiantes o suficiente para sempre aproveitarem qualquer centímetro de pista. Alguns conseguem aproveitar milímetros, mas esse é um assunto para outro dia…

Quando foi dada a largada e Vettel largou melhor que Hamilton fazendo a primeira curva em P1, achei que provavelmente a vitória teria sido decidida naquele momento. Sim, a Mercedes melhorou muito com as várias atualizações levadas para a Espanha, mas quanto? Seria o suficiente para Hamilton conseguir acompanhar Vettel e ainda conseguir ultrapassá-lo? Ninguém sabia, nem a Mercedes. O teste seria naquele momento, naquela corrida.

Hamilton até que conseguiu acompanhar Vettel razoavelmente de perto, mas Bottas foi ficando para trás, muito para trás. Cheguei a pensar que Hamilton estava destruindo seus pneus para tentar acompanhar Vettel, enquanto Bottas economizava os seus para talvez fazer uma estratégia diferente daquela que os computadores da Pirelli disseram ser a mais rápida, ou seja, três paradas ao invés de duas.

Quando Hamilton e Vettel pararam pela primeira vez e colocaram compostos diferentes, entendi que a Mercedes só faria duas paradas com Hamilton e esta poderia ser sua chance, ainda mais que ele parou seis voltas depois de Vettel. O problema é que o pneu médio tinha se mostrado cerca de 1.7s mais lento por volta do que o macio. Mesmo com 6 voltas a menos no pneu, Hamilton conseguiria impedir que Vettel abrisse demais? Parecia ser a chave da corrida.

No entanto Vettel voltou atrás de Bottas e o finlandês fez o que tinha que fazer. Segurou o alemão limpamente atrás dele e o fez perder cerca de cinco segundos, antes de Vettel realizar a mais bonita ultrapassagem do ano até agora. O drible por trás que Vettel deu em Bottas foi sensacional e me lembrou um que o Piquet tomou do Mansell em Silverstone. Veja no vídeo abaixo aos 3:40

Agora veja a ultrapassagem de Vettel sobre Bottas e repare como o motor Ferrari está parelho com o Mercedes:

A partir daí achei que talvez a corrida não tivesse sido decidida na largada, mas mesmo assim ainda me restava pouca esperança de finalmente ver um duelo roda a roda entre Hamilton e Vettel.

Então aconteceu um safety-car virtual e a Mercedes fez a jogada de mestre. Esperou o final do SCV para trocar os pneus novamente de Hamilton, algo que ninguém esperava, já que aqueles pneus médios em teoria durariam ainda mais umas vinte voltas no mínimo e os pneus macios não. Isso confundiu todo mundo, inclusive a Ferrari, o Luciano Burti – que salva a transmissão da Globo da completa mediocridade – e eu.

A Ferrari respondeu em seguida, mas com muita perda de tempo. Parando ainda sob o SCV, Hamilton perdeu cerca de 12 segundos na parada, enquanto uma parada sob bandeira verde tira cerca de 21 segundos dos pilotos. Vettel voltou à pista junto com Hamilton e dividiu a curva 1 com o inglês como deve ser, jogando duro, mas de maneira leal. O toque foi coisa de corrida e os comissários fizeram muito bem em sequer colocar o incidente sob observação.

Essa jogada de mestre da Mercedes deixou Hamilton junto de Vettel na pista com pneus mais rápidos. Mas o inglês tinha que ultrapassar e ao mesmo tempo não destruir seus pneus macios para não precisar fazer outra parada, parada essa que daria a vitória a Vettel. Hamilton foi pra cima, mas Vettel defendeu por dentro. Mais duas voltas se passaram e Hamilton não conseguia chegar na reta em condições de ultrapassar.

Então o engenheiro de Hamilton quis dar uma ideia ao inglês, que recusou: “Sei o que estou fazendo”, disse ele. E sabia mesmo. Na volta seguinte Hamilton faz a chicane antes da reta de forma sublime, entra muito perto de Vettel na reta e descarrega toda a energia acumulada pelo MGU-K e MGU-H de uma vez. Com isso e ainda aproveitando a maior área de DRS, o alemão não conseguiu segurar Hamilton no final da reta.

Mas o vencedor estava definido naquele momento? Não! Hamilton tinha muitas voltas ainda para dar com aqueles pneus macios, que em teoria ficariam em frangalhos seis ou sete voltas antes do final. A Ferrari chegou a dizer no rádio para Vettel que os pneus de Hamilton iriam superaquecer até o final. Mesmo o inglês não tinha certeza como proceder a partir dali e perguntou para a equipe se devia tentar abrir ou segurar para não destruir os pneus.

O engraçado é que nem a Mercedes sabia o que fazer, pois não respondeu. Mas Hamilton segurou, andou somente o bastante para manter Vettel fora de sua zona de DRS e levou a corrida até o fim, inclusive fazendo a melhor volta na penúltima da corrida. Como disse Toto Wolff, foi uma vitória realmente em equipe, onde todos deram seu máximo tanto na pista quanto fora dela para conquistá-la.

Mas vamos a dois assuntos rápidos e importantes que merecem destaque.

Motor Renault. Decepção total em Barcelona, Chegou a tomar ultrapassagem da Sauber que utiliza motor Ferrari do ano passado! Assim fica realmente difícil para a Red Bull entrar na briga. Verstappen teve azar na largada e Ricciardo quase tomou 1 volta. O próximo motor Renault foi o de Hulk, que efetivamente tomou 1 volta e mais um pouco! Não me recordo quem agora, mas teve um carro com motor Renault que chegou a ser ultrapassado por uma McLaren-Honda no final da reta. Surreal! A Renault precisa melhorar bastante, ou a coisa vai ficar feia pra eles!

Pascal Wehrlein. O alemão está fazendo com Ericsson o que Felipe Nasr não fez. Três corridas, 3 x 0 em disputas de grid e 2 x 1 em chegadas em corrida. Isso porque Wehrlein estava contundido desde o começo do ano e só entrou no carro na terceira corrida da temporada! O alemão ainda tem muito a melhorar e a tendência é que tenha aplicado uma surra em Ericsson no final da temporada, o que vai lhe garantir um lugar na categoria sem precisar de padrinho ou patrocinador.

Adauto Silva
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