F1 – Ferrari detona na primeira semana da pré-temporada

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019 às 19:23

Ferrari – Leclerc e Vettel

Por: Adauto Silva

Não importa o quanto as equipes tentem esconder seus tempos de volta em testes de pré-temporada, é sempre possível fazer uma análise bem próxima da realidade para quem acompanha os treinos prestando atenção nos detalhes.

E é isso que tentamos fazer aqui no Autoracing há muitos anos com muito sucesso.

Não é por ter uma bola de cristal que eu sempre acerto a ordem hierárquica das equipes nas primeiras corridas do ano. É baseado nos treinos e na capacidade que sei que cada uma tem para desenvolver chassis, aero, suspensão e motor rapidamente. Além dos pilotos, é claro!

Todas as equipes começam os treinos de pré-temporada praticamente com o mesmíssimo programa. Então essa história de que uma não sabe o que a outra está fazendo é balela, é querer esconder seu próprio fracasso ou sucesso. Ninguém quer mostrar claramente seu real potencial, mas atenção nos detalhes de voltas voadoras, stints curtos e longos, equilíbrio do carro em freadas, contornos, saídas de curva, carga aero e paradas no box trocando ou não os pneus. Isso entrega todas elas.

A Ferrari foi claramente a campeã da primeira semana de pré-temporada. Mostrou um carro muito rápido, equilibrado e confiável. Fez as melhores voltas nos pneus que usou e os melhores stints, tanto curtos quanto longos. Seu carro passa pelas zebras com suavidade, há pouca ou nenhuma correção de trajetória na maioria das curvas, senão em todas.

O SF90, que é uma evolução do carro de 2018, provou-se um carro fácil de guiar até aqui. Leclerc, que não tem um pingo da experiência que Vettel tinha com o carro anterior, andou no ritmo do alemão imediatamente. E isso só é possível se Leclerc for um fenômeno – o que eu não acredito – ou se o carro for dócil em ritmo forte.

Logo de cara, Toto Wolff descreveu a Ferrari como “ultra forte”, com Lewis Hamilton afirmando no dia seguinte que o carro da Scuderia parecia “muito, muito forte” e dois dias depois que “este ano será provavelmente o mais difícil desde que chegou na Mercedes em 2013”.

E vai ser mesmo, pelo menos no começo. A Ferrari neste momento é cerca de 0,5s mais rápida que a Mercedes. Isso pode mudar na segunda parte da pré-temporada semana que vem? Pode, lógico que sim. A Mercedes tem tudo o que uma equipe de F1 precisa para melhorar sempre. Mas a Ferrari também tem, assim como a Red Bull.

Hoje a Ferrari tem o melhor chefe de equipe da F1 em termos técnicos, um cara chamado Mattia Binotto que só se compara a Ross Brawn. Binotto sabe exatamente o que fazer para melhorar o SF90 ainda mais. Wolff e Horner são excelentes – pessoalmente prefiro Wolff -, mas em termos técnicos eles não se comparam a Binotto.

Essa troca de chefe de equipe na Ferrari, Binotto por Arrivabene, já está fazendo o efeito esperado. Um dos pontos fracos da Scuderia em 2017 e 2018 foi justamente o desenvolvimento do carro durante a temporada. Com Binotto é certo que o carro vai melhorar muito mais do que antes. Já melhorou. Binotto não quis uma revolução do carro de 2018 e sabe por que? Porque ele já sabia onde mexer para aquela base melhorar muito.

A Mercedes também não fez uma revolução. O carro não mudou de conceito. O que mudou realmente foi a UP. O resto do carro é uma evolução do W9. Nem a suspensão foi muito mexida, já que os pneus Pirelli deste ano tem a banda de rodagem mais fina e ao mesmo tempo mais resistente ao calor, como aqueles pneus que ela utilizou em algumas corridas de 2018 onde a Mercedes praticamente não teve problemas.

E por incrível que pareça a Red Bull nessa primeira semana foi muito parelha com a Mercedes. Estão quase iguais. A Mercedes é um pouco mais rápida em volta voadora, mas e Red Bull é um pouco melhor nos stints. Estou falando de coisa de 0,1 a 0,2s de diferença, que pode ser anulado de acordo com a temperatura do momento em que fizeram suas voltas, tanto as rápidas quanto as de ritmo de corrida.

O motor Honda, se ainda deve potência – e deve cerca de 65 hp – mostrou-se confiável como nunca antes. A Red Bull não teve problemas óbvios com o motor. Houve um boato sobre vibrações em demasia, mas não consegui comprovar isso. O problema óbvio que a Red Bull tem é na traseira do carro, que está arisca demais, o que torna o carro muito difícil de ser conduzido no limite. Se eles conseguirem acertar isso – e tanto faz se for vibração do motor ou erro de Newey (!!) – vem tempo, tanto em volta voadora quanto em stints longos – e isso é uma preocupação para todos, especialmente para a Mercedes neste momento.

Atrás das três grandes as coisas estão muito parelhas. Eu esperava mais da equipe Renault. Seu motor claramente melhorou a ponto de deixar Ricciardo impressionado, mas o carro tem muito trabalho a fazer, apesar da melhor volta da semana ter sido dada por Hulk hoje com os pneus mais macios da Pirelli, o C5. Toro Rosso, Alfa Romeo e McLaren ficaram todas bem próximas da Renault e vamos precisar esperar a semana que vem para entender melhor esse segundo pelotão.

A Haas e a Racing Point tiveram uma primeira semana ruim. Deram poucas voltas e tiveram uma série de pequenos problemas quase todos os dias. Isso pode mudar, já que a diferença para o segundo pelotão é pequena e são equipes bem estruturadas. Vamos ver…

Fiquei muito emocionado ao ver o neto do meu primeiro grande ídolo no automobilismo, Emerson Fittipaldi, guiando um F1 num teste intenso e importante como esses da pré-temporada. Pietro, com sua quase nenhuma experiência na F1, não fez feio e até foi elogiado pelo chefe da Haas, Guenther Steiner. Vou torcer demais para que ele possa se desenvolver na equipe e que em 2020 ou 2021 seja piloto titular na maior categoria do automobilismo!

Aliás, falando em “maior categoria do automobilismo”, todos os especialistas previram que os carros seriam pelo menos 1,5s mais lentos que os do ano passado devido ao regulamento novo. Vettel foi 2 segundos mais rápido logo no primeiro dia de testes. Depois todas as equipes mostraram que não, os carros não estão mais lentos.

Os engenheiros da F1 conseguiram repor o downforce perdido imediatamente.

Isso é Formula 1, o máximo!

Adauto Silva
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